ESPMEXENGBRAIND
29 dez 2025
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📉 Depois da euforia de 2024, o setor lácteo encerrou 2025 pressionado e começa 2026 esperando reação gradual dos preços.
📊 Com preços em queda e custos ainda relevantes, o setor lácteo entra em 2026 focado em eficiência e gestão.
📊 Com preços em queda e custos ainda relevantes, o setor lácteo entra em 2026 focado em eficiência e gestão.

O setor lácteo inicia 2026 em postura defensiva, após atravessar um ano de forte correção marcado por excesso de oferta, pressão das importações e deterioração das margens tanto no campo quanto na indústria.

O movimento contrasta com o otimismo observado no fechamento de 2024 e reforça um cenário de cautela enquanto o mercado busca um novo ponto de equilíbrio.

Dados compilados por centros de pesquisa e consultorias especializadas indicam que 2025 começou de forma positiva, mas perdeu tração a partir do segundo trimestre. O avanço da produção doméstica, somado ao elevado volume de leite e derivados importados, pressionou os preços ao produtor e limitou a recuperação das cotações ao longo do ano. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), esse conjunto de fatores colocou o setor em “modo defensivo”.

Na média nacional, o preço do leite pago ao produtor acumulou queda de 3,5% entre janeiro e outubro de 2025. No entanto, o ritmo de retração se intensificou ao longo do ano. No terceiro trimestre, a baixa chegou a 11,4%, e as projeções apontam que o recuo pode alcançar 19,2% no quarto trimestre, refletindo o desequilíbrio entre oferta e demanda.

A Scot Consultoria avalia que o comportamento dos preços em 2025 foi atípico. Em relatório, a empresa destaca que a remuneração no campo caiu, na comparação mensal, em oito dos 11 meses analisados. O ponto que mais chama a atenção é que essa retração ocorreu inclusive durante a entressafra, entre maio e agosto, período em que tradicionalmente os preços costumam reagir de forma positiva.

Do lado da oferta, a explicação passa pela expansão da produção estimulada pelas margens favoráveis no fim de 2024 e no início de 2025. Segundo a Scot, esse ambiente incentivou investimentos em tecnologia, nutrição e manejo, resultando em aumento da produtividade. Além disso, as condições climáticas mais regulares ao longo do ano contribuíram para volumes elevados de leite.

As projeções do Cepea confirmam esse avanço. A produção brasileira de leite cru deve atingir um recorde de 37 bilhões de litros em 2025, crescimento de 3,5% em relação ao ano anterior. No mercado formal, a captação industrial também alcançou patamar histórico, com 27,14 bilhões de litros, alta de 7% na comparação anual.

O problema, segundo analistas, é que a demanda não acompanhou esse ritmo. As importações, embora levemente inferiores às de 2024, permaneceram em níveis elevados. Entraram no País cerca de 2,27 bilhões de litros em equivalente leite, enquanto as exportações recuaram 31%, limitando o escoamento do excedente interno e ampliando a pressão sobre os preços domésticos.

Com a combinação de preços mais baixos e custos ainda relevantes, as margens do setor se estreitaram rapidamente. A Scot calcula que a diferença entre o preço do leite ao produtor e o índice de custo de produção recuou 10,3 pontos percentuais em relação a 2024. Já o Cepea aponta que o poder de compra do pecuarista frente ao milho caiu 13,7%, sinalizando perda de capacidade de investimento e maior cautela nas decisões produtivas.

A indústria também enfrentou dificuldades, especialmente no segundo semestre. De acordo com o Cepea, o desempenho foi mais fraco no terceiro e quarto trimestres, com aumento médio de 9% no spread entre o preço do leite cru e os valores de produtos como leite UHT e muçarela, evidenciando margens mais apertadas ao longo da cadeia.

Para 2026, o consenso entre analistas é de prudência. A Scot avalia que a produção não deve crescer no mesmo ritmo observado em 2025, justamente em função dos preços mais baixos e das margens comprimidas. O Cepea projeta expansão entre 2% e 2,5% na oferta de leite cru, em um ambiente de menor volatilidade de preços e crescimento do PIB próximo de 2%.

Segundo os pesquisadores, os valores iniciam o ano em patamares inferiores aos de anos anteriores e só devem apresentar recuperação sazonal entre abril e agosto. A expectativa é de alguma reação a partir do segundo bimestre, quando a oferta começa a recuar na região Sul. Até lá, a produção ainda superior à demanda tende a manter a pressão sobre as cotações.

Se, por um lado, os preços não animam, os custos podem oferecer algum alívio. A tendência de maior estabilidade nos grãos pode ajudar a conter a erosão das margens. Para a Scot, esse cenário pode contribuir para um reequilíbrio gradual, embora em níveis inferiores aos observados em 2024 e no início de 2025.

Nesse contexto, o setor lácteo entra em 2026 mais seletivo, menos disposto a expandir e mais atento à eficiência operacional. As oportunidades, segundo os analistas, continuam existindo, mas exigirão disciplina, gestão rigorosa e foco em produtividade.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Agro Estadão

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