ESPMEXENGBRAIND
4 jul 2025
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No Uruguai, trabalhadores e sindicatos alertam para demissões, fechamentos e uso indevido de fundos públicos, em meio a um cenário de tensão.
Uruguai. Diante da complexidade do cenário, a FTIL exige que o governo adote ações concretas e não se limite à observação.
Diante da complexidade do cenário, a FTIL exige que o governo adote ações concretas e não se limite à observação.

A indústria láctea uruguaia vive um momento delicado, com o fechamento de plantas, conflitos trabalhistas e crescentes questionamentos sobre a gestão de recursos públicos.

A Federação de Trabalhadores da Indústria Láctea (FTIL) declarou estado de alerta e mobilização permanente diante do que classifica como decisões empresariais que comprometem a sustentabilidade do setor e o futuro de centenas de empregos.

Entre os principais pontos de tensão estão os casos envolvendo as empresas Conaprole, Lactalis e Calcar. Todas enfrentam desafios distintos, mas com um denominador comum: a instabilidade e a insegurança sobre a manutenção dos postos de trabalho e a continuidade produtiva.

Conaprole avalia encerrar planta no norte

A cooperativa Conaprole, a maior do setor no país, avalia encerrar sua unidade na cidade de Rivera, justificando a decisão pela queda na demanda por leite fresco na região norte. Segundo o presidente da empresa, Gabriel Fernández, a operação teria se tornado economicamente inviável.

No entanto, a FTIL alerta que uma medida desse porte deve considerar também o impacto social, em especial numa região historicamente afetada pelo desemprego. A diretora nacional de Trabalho, Marcela Barrios, afirmou que o governo monitora a situação e aguarda uma definição oficial da empresa.

Lactalis quer reabrir planta com novas condições

Já o grupo francês Lactalis, presente no Uruguai com marcas como Parmalat e Président, anunciou intenção de reativar sua planta em Cardona, no departamento de Soriano. A proposta, porém, prevê um regime zafral e alterações nas condições de trabalho, incluindo cortes salariais — ponto que acendeu o sinal de alerta entre os sindicatos.

Uma reunião decisiva com o Ministério do Trabalho está agendada para esta quinta-feira, com participação da Associação de Funcionários de Conaprole (AOEC). O sindicato busca garantir que qualquer retomada produtiva preserve direitos e ofereça estabilidade real aos trabalhadores.

Calcar: autogestão sob risco

Outro caso emblemático é o da Calcar, em Tarariras, que após suspender atividades passou a operar sob autogestão de cerca de 50 funcionários. A planta segue processando matéria-prima à espera de uma solução definitiva, mas enfrenta um obstáculo crítico: um leilão judicial que pode selar seu destino.

A FTIL acompanha o caso com atenção e defende que qualquer desfecho preserve os empregos e a continuidade da produção. A experiência de autogestão, embora positiva em alguns casos, demanda apoio institucional para se manter viável a longo prazo.

Fundo de reconversão sob questionamento

Um dos pontos mais sensíveis levantados pelos trabalhadores diz respeito ao uso do Fundo de Reconversão da Indústria Láctea (FRIL), criado para modernizar e fortalecer o setor. A FTIL denuncia que parte dos recursos teria sido usada de forma indevida por empresas, contrariando o objetivo do fundo.

O sindicato pede uma auditoria transparente e punições a quem utilizou os recursos de forma oportunista. Segundo a FTIL, é essencial garantir que os investimentos públicos beneficiem de fato o setor e a manutenção do emprego.

Pressão por políticas estruturais

Diante da complexidade do cenário, a FTIL exige que o governo adote ações concretas e não se limite à observação. A entidade pede um plano nacional de reestruturação que una incentivos, fiscalização rigorosa e apoio direto às empresas em crise.

O setor lácteo uruguaio, tradicional motor das exportações agroindustriais do país, enfrenta ainda os efeitos da volatilidade dos preços internacionais, altos custos logísticos, concorrência global e mudanças nos hábitos de consumo.

A atual conjuntura evidencia a fragilidade da cadeia láctea e a necessidade de uma resposta rápida e coordenada entre governo, sindicatos e empresas. A sustentabilidade do setor não é apenas um desafio econômico, mas também social, produtivo e territorial.

 

*Adaptado para eDairyNews, com informações de AmericaMalls & Retail

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