O momento atual do mercado leiteiro foi amplamente discutido na Assembleia Geral do Sindicato da Indústria de Laticínios de Minas Gerais (Silemg), na última quinta, 31 de outubro, realizado no auditório da Fiemg.
O evento, tradicional no calendário do setor, fez um balanço do ano vigente e traçou perspectivas para o próximo ano, baseado em dados do mercado e na experiência de cada produtor.
O ponto alto foi a mesa de debates – composta por Paulo do Carmo Martins (professor de economia e chefe geral da Embrapa Gado de Leite); Alessandro Rios Carvalho (fundador da Laticínios Verde Campo); Alexandre Moreira de Almeida (CEO da Itambé Alimentos); Cesar Helou (Superintendente da Laticínios Bela Vista Ltda); Cícero de Alencar Hegg (Sócio diretor da Laticínios Tirolez) e o diretor presidente do Silemg e CEO do Laticínios Porto Alegre, João Lúcio Barreto Carneiro.
Durante a discussão, foram apresentados dados importantes do setor e levantadas questões para reflexão e aprimoramento da cadeia produtiva.
Paulo Martins falou sobre o momento do setor hoje no país. Segundo ele, a produção leiteira no Brasil vem crescendo consideravelmente. O Brasil está em terceiro lugar – ao lado de Alemanha e China – na produção mundial de leite.
Outro tema abordado foi a exportação. Segundo Cícero Hegg, já era hora de decidir o que o país quer em relação a isso. “Seremos exportadores? Vamos ter incentivo para isso? Está passando da hora de conversar a respeito”, comentou.
Paulo Martins acredita que o Brasil não será um mega exportador de leite, mas é um mercado a ser explorado com cautela. “Essa é uma conversa que vem ganhando volume no governo agora e há muito a ser discutido. Acho complicado fazer previsões num setor como o nosso”, explicou.
César Helou questionou o futuro dos pequenos produtores. “Vocês acreditam que eles serão engolidos pelo mercado?”, perguntou. Paulo respondeu que sim, que essa seria a tendência. “O pequeno está exposto a uma enorme competitividade. O grande produtor investe muito, é difícil competir dessa forma. Acredito que haverá, sim, um número razoável de baixas para os que não buscarem crescimento, por isso, é preciso abraçar esses pequenos e ajuda-los a crescer”, comentou.
Alexandre Moreira e João Lúcio Barreto fizeram um balanço positivo de suas empresas – Itambé e Porto Alegre respectivamente -, apesar do momento ruim que o mercado vive. “Foi um ano muito difícil para a nossa empresa, mas mesmo assim, conseguimos crescer. Acho que em 2020 teremos menos oferta, mas a demanda vai crescer, então, pode ser um bom sinal”, contou Alexandre.
João Lúcio explicou que a desorganização do setor e a diminuição do consumo contribuíram muito para os resultados ruins do mercado. “Crescemos menos do que esperávamos, mas crescemos. Acho que o setor aprendeu um pouco com o que passamos neste ano e, por isso, 2020 será melhor”.
Paulo ressaltou a melhora pela qual o cenário começa a passar. “Estamos vivendo um período agora de inflação baixa, juros baixos e começaremos a ver os primeiros resultados que as reformas do governo vão trazer. Tudo isso vai contribuir para o setor leiteiro ano que vem”.
O debate apontou, ainda, alguns riscos que o mercado pode correr em 2020. “A discussão da reforma tributária pode impactar nosso setor diretamente porque coloca em risco as conquistas que tivemos ao longo dos últimos anos”, comentou Paulo Martins.
“Para o setor lácteo, o ideal era não ter reforma tributária. Ou, caso aconteça, que sejamos preservados, mantendo-se as regras tributárias da forma que são hoje”, disse Cícero. O industrial contou que fizeram uma reunião com o secretário executivo da Casa Civil, José Vicente Santini, para apontar os gargalos do setor.
“Propusemos a criação de um comitê composto pela Casa Civil, setor privado, academia e o Ministério da Agricultura para que possamos garantir alguns direitos para o nosso mercado. Acreditamos que temos muito o que avançar e o governo é parte importante nesses avanços”, apontou Cícero.
Além do debate, o evento promoveu palestras com nomes como Dra. Janaina Goston, nutricionista especialista em esportes; Paulo Victor Bicalho, gerente comercial da TOTVS; Arthur Campos, da Tetra Pak; e Leila Ferreira, jornalista, comunicadora e escritora.
Assim como nos outros anos, a Assembleia entregou também os prêmios aos estudantes vencedores do Concurso Desenho e Redação 2019.
Sobre o SILEMG
Com mais de 150 associados espalhados por Minas Gerais, o Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado é uma instituição que trabalha com o objetivo de representar, valorizar e defender o setor de laticínios no âmbito institucional.