O leite é uma das principais fontes de alimento do brasileiro.
De acordo com dados do Ministério da Agricultura, o Brasil tem mais de um milhão de propriedades que são produtoras de leite e é o terceiro maior produtor mundial, com mais de 35 bilhões de litros por ano, sendo a grande maioria pequenos e médios produtores. De acordo com o IBGE, o maior produtor é o estado de Minas Gerais.
Atualmente o leite retirado dos animais no campo é testado através de uma mistura de álcool e o próprio leite, são dois mililitros de cada um para saber se o produto tem ou não qualidade.
Então se o leite, em contato com o álcool, “talhar”, automaticamente é descartado por ser considerado ruim, mas não é o que mostra a tecnologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apresentada durante a Agrishow em Ribeirão Preto (SP).
O Sonda Leite é um equipamento que foi desenvolvido pela Embrapa e utiliza feixes de luz para constatar em 25 segundos qual é a real condição do leite que acabou de ser retirado do animal, se está normal, Lina (Leite Instável Não Ácido) ou ácido.
O Lina é apenas uma condição em que o leite é apresentado, geralmente em razão do manejo do animal.
“Pode acontecer do produtor tirar o leite do animal num dia e ser um produto normal, e no outro dia o mesmo animal apresentar o leite Lina, isso pode acontecer por diversos fatores, ele pode não ter bebido muita água no dia ou ter ficado muito tempo no sol, enfim, são fatores que fazem o leite ser Lina, mas não é ácido, ele é bom”, afirma o pesquisador.
O equipamento desenvolvido tem como objetivo reduzir o descarte de leite e pode ser utilizado em qualquer animal, seja bovino, búfalo ou qualquer outra espécie.
O projeto está em fase experimental de validação e possui um sistema digital que permite acesso aos dados da análise através de uma conexão wi-fi sem fio, instalado no próprio equipamento, sem a necessidade do sinal de internet. Melo diz que essa é uma tecnologia que veio para ajudar principalmente o pequeno produtor.
Instrução do produtor em SP
Também com o objetivo de melhorias para o produtor de leite o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Bovinos Leiteiros do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, desenvolveu a Caravana do Leite.
Desde 2012 os pesquisadores fazem um trabalho em Ribeirão Preto para atender produtores que levam os gargalos e os problemas da produção em busca de soluções. Mas o grupo percebeu que estava abordando poucos produtores.
“O estado tem muitos pequenos produtores, ficamos muito tempo parados em razão da pandemia, fizemos cerca de 180 atendimentos, é muito pouco, por isso pensamos no projeto Caravana do Leite, que é dividido em seis macro regiões e vamos visitar essas regiões a partir do segundo semestre, por um ano. O objetivo é atender 1,2 mil produtores”, afirma o pesquisador do IZ, Weber Soares.
Segundo ele, o principal problema que eles percebem é a mastite, uma inflamação que ocorre na glândula mamária do animal e que causa redução da produção de leite.
Diante do problema já identificado, a caravana quer levar tecnologia para a região que vai ser visitada.
“Levamos um laboratório móvel e fazemos a análise ali mesmo, entregamos o laudo para o produtor e também a sugestão de solução para o problema dele. O nosso objetivo é aumentar a produção de leite desse agricultor e também melhorar a qualidade do produto”, diz Soares.
O projeto atende produtores de leite bovinos e bubalinos. Soares conta que já atendeu um caso em que o produtor praticamente dobrou a produção dele em razão da tecnologia que foi levada até ele.
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