Engenheiro agrônomo, Cristophe de Lannoy apoia o desenvolvimento de polo de produção de queijos diferenciados no sudoeste paranaense

Ivanir José Bortot

Um dos principais produtores de grãos do Brasil, o Paraná também é destaque na pecuária leiteira, ocupando a segunda posição no ranking nacional, atrás apenas de Minas Gerais. Com produção anual de cerca de 4 bilhões de litros/ano, os paranaenses buscam agora se tornar em um polo de referência na fabricação de queijos de alta qualidade.

Segundo a Embrapa Gado de Leite, o Paraná tem 87,1 mil pecuaristas leiteiros, representando 7,4% do total de produtores da cadeia produtiva do país. Além disso, o município que mais produz a matéria-prima no Brasil fica no estado. É a cidade de Castro, considerada a capital nacional do leite e sede da Castrolanda, maior cooperativa brasileira do setor.

Os bons resultados incentivam novas iniciativas na cadeia produtiva leiteira paranaense. No sudoeste do estado, por exemplo, pequenos produtores de leite decidiram investir em tecnologia, produção orgânica e sanidade animal para   produzir um tipo queijo com o mesmo padrão daquele que é feito na região de Vêneto, na Itália, terra de origem dos seus antepassados que migraram para o Brasil.

Um dos envolvidos no esforço de ampliar a produção paranaense de queijos de alta qualidade é o engenheiro agrônomo Cristophe de Lannoy, que há décadas dá assistência aos agricultores familiares da região de Francisco Beltrão. “Temos experiências notáveis aqui, como os queijos Venetto, no município de Marmeleiro, e os queijos Bach, de Santa Izabel do Oeste.”

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Laboratório de controle de qualidade

“A primeira queijaria produz queijos de alta qualidade, dos tipos parmesão, gouda e asiago, entre outros. A loja da fábrica Venetto fica à beira da rodovia, a poucos quilômetros do laticínio. O empreendimento é de pequeno porte, mas é modelo em equipamentos para elaboração de queijos e em laboratório de controle de qualidade”, diz Lannoy.

Ainda de acordo com ele, a queijaria Vennetto tem como fornecedores dois seletos produtores de leite. “Eles trabalham com alimentação animal controlada das vacas, o que garante à produção de matéria-prima de máxima qualidade para a elaboração de queijos de excelência.”

A marca Venetto faz referência à região norte da Itália, que inspirou a iniciativa. Os envolvidos no projeto da queijaria também fizeram intercâmbio com produtores de Vêneto para trocar experiências com laticínios e laticinistas daquela região, origem de grande parte dos colonos do sudoeste paranaense.

Outro empreendimento destacado por Lannoy é o da família Bach. Na sua pequena propriedade, os agricultores familiares ousaram construir um laticínio geminado à estrebaria, mas adequado às exigências sanitárias do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA), do Ministério da Agricultura. Com isso, eles conseguiram autorização para transformar a produção de 800 litros de leite/dia em queijos, que podem ser comercializados em todo o país.

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Caso único na região

“Esse é um caso único na região, que deveria se multiplicar entre um maior número de produtores, para que eles possam ter mais opção de comercialização, com reconhecimento pelo valor da qualidade do leite e dos queijos que produzem”, pontua Lannoy.

O laticínio Bach produz o popular queijo colonial, mas com um diferencial: a qualidade excepcional. Tanto que o produto tem sido reconhecido pelos consumidores. O empreendimento também tem outra singularidade: a alta competitividade. Isso porque o leite passa diretamente da sala de ordenha para a indústria, economizando custos de transporte e assegurando mais qualidade à matéria-prima.

“São experiências como essas, da Venetto e da família Bach, que podem fazer com que o sudoeste venha a ser a primeira bacia leiteira do Paraná na produção de queijos de qualidade, visando atender um mercado cada vez mais exigente”, reforça o engenheiro agrônomo.

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Região metropolitana de Curitiba

Além do sudoeste, outras regiões do Paraná também apostam na produção de queijos de qualidade para oferecer um produto diferenciado aos consumidores e impulsionar a geração de emprego e renda na cadeia leiteira.

Em Piraquara, município próximo a Curitiba, o queijeiro e jornalista Cesar Setti está produzindo o queijo “Vó Vidinha”, que já é um sucesso entre os consumidores.

Para conquistar os paladares, Setti usou como base para fabricar o “Vó Vidinha” um tipo de queijo que sua mãe fazia em Pato Branco, incorporando novas tecnologias de produção.

Uma mistura de leite de diversas raças de vacas faz do “Vó Vidinha” um queijo diferenciado. A matéria-prima é originária de animais tratados com todos os cuidados sanitários e alimentados somente com pastagens.

Por enquanto, o “Vó Vidinha” é comercializado apenas em estabelecimentos de Curitiba que oferecem produtos diferenciados, a exemplo dos queijos da Serra da Canastra. Setti acredita, entretanto, que poderá levar seu queijo para outras cidades nos próximos anos. Os consumidores aguardam.

*Jornalista formado pela UFRGS, com pós-graduação em jornalismo econômico pela Faculdade de Economia e Administração (FAE/PR), ex-editor-chefe Agência Brasil, ex-repórter e editor sênior da Gazeta Mercantil e ex-repórter da Folha de S.Paulo

A Nova Zelândia deu início à temporada de laticínios com um impulso impressionante, provavelmente contribuindo com uma quantidade substancial de oferta para o mercado, de acordo com a Westpac NZ.

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