A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) disse nesta terça-feira (15) que a suspensão da vacinação contra a febre aftosa no estado do Paraná abre a perspectiva de novos mercados

A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) disse nesta terça-feira (15) que a suspensão da vacinação contra a febre aftosa no estado do Paraná abre a perspectiva de novos mercados para a carne bovina brasileira.

“O Brasil têm uma oportunidade gigante de ser um grande exportador não só para a China como para outros países. Então, o Paraná dá um passo importante, mas as coisas não acontecem de uma hora para outra. Tudo tem um passo-a-passo, e o Paraná começou com pé direito”, afirmou.

Em cerimônia no Palácio do Iguaçu, em Curitiba, a ministra assinou a Instrução Normativa que autoriza a suspensão da vacinação contra a febre aftosa no estado. Com isso, a partir de novembro, o rebanho de 9,2 milhões de bovinos e bubalinos do estado não será mais vacinado contra a febre aftosa. A retirada da vacina significa que não há registro de casos da doença na área.

Ministra assina IN que suspende vacinação contra febre aftosa no Paraná

Ministra assina Instrução Normativa que suspende a vacinação contra febre aftosa no Paraná – Guilherme Martimon/Mapa

A ministra lembrou que trata deste assunto com o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior, desde o início do ano, quando ambos assumiram seus cargos. Para Tereza Cristina, o Paraná está preparado para esta nova etapa de prevenção da febre aftosa. “O Paraná fez todo o dever de casa. Esse é o início, é o primeiro passo. Ainda temos outros passos para dar, mas o Paraná inaugura uma nova era de sanidade e sustentabilidade, trazendo a qualidade para o seus produtos”, disse.

Tereza Cristina destacou que a sanidade animal no Brasil é de qualidade e para continuar evoluindo o produtor rural deve cumprir seu papel, o estado deve fiscalizar e educar, as federações devem promover o empreendedorismo e o Mapa deve trabalhar na abertura de mercados para equilibrar a produção. “Estamos fazendo harmonização entre setor público, setor privado e produtivo, agroindústria e produtor rural. Temos que trabalhar juntos. Temos oportunidades enormes passando”.

Em discurso, o governador Carlos Massa Ratinho Júnior destacou o trabalho conjunto com o Ministério e que a medida significará um “salto qualitativo” na produção agropecuária estadual e de alimentos. “O problema da humanidade hoje é comida”, disse. O governador ainda ressaltou que o Brasil será “o maior protagonista em 20 anos” na produção de alimento para o mundo.

O secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara, ressaltou que os próximos passos são ampliar os mecanismos de vigilância, com georreferenciamento e inteligência estratégica, para impedir qualquer reintrodução do vírus. “Nada de receber visitas de outra parte do mundo sem o protocolo adequado. Tudo visando o fortalecimento da economia do agricultor, da economia do estado do Paraná  e da chance de trazer mais dinheiro para o Brasil”.

Já o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, Ágide Meneguette, disse que a medida credencia o Paraná “como um fornecedor de alimentos seguros”. “A partir de agora, esse importante passo na busca do reconhecimento internacional é o coroamento desse trabalho e o enfrentamento dessa enfermidade que é emblemática”.

Instrução normativa

O Ministério fará o monitoramento do Paraná para avaliar a atuação dos postos de fiscalização nas divisas e, posteriormente, irá reconhecer nacionalmente o estado como área livre da febre aftosa sem vacinação. Essa etapa está dentro do objetivo brasileiro de ampliar gradualmente as áreas sem vacinação contra a doença no país, previsto no plano estratégico 2017-2026 do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA 2017/2026)

Segundo o chefe da Divisão de Febre Aftosa do Ministério, Diego Viali dos Santos, as doses de vacinas contra a febre aftosa estocadas no Paraná serão remanejadas pela iniciativa privada para os estados que ainda irão aplicar o produto. “Sem a vacinação, o produtor paranaense vai economizar cerca de R$ 20 milhões por ano, valor equivalente a aquisição apenas da vacina, sem incluir os demais custos associados ao manejo dos animais”, disse.

O estado está caminhando para finalizar, até o final do ano, as ações pendentes para se tornar área livre sem vacinação, com a contratação de médicos veterinários e técnicos para atuação na vigilância para a febre aftosa e a construção de um posto de fiscalização agropecuária, na divisa com São Paulo.

Não haverá modificações no trânsito de animais e produtos e subprodutos de origem animal provenientes ou destinados ao Paraná até 31 de dezembro deste ano. A partir de 2020, será proibido o ingresso de animais vacinados, bovinos e bubalinos, no Estado do Paraná. Posteriormente, quando houver o reconhecimento nacional do estado como livre de febre aftosa sem vacinação, assim como já ocorre em Santa Catarina, as demais regras de trânsito de animais suscetíveis à febre aftosa e seus produtos passará a vigorar conforme legislação vigente.

Por fim, seguindo os trâmites da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em setembro de 2020, o Brasil vai pleitear o reconhecimento internacional do Paraná como área livre de aftosa sem vacinação, que deverá ser oficializado pela OIE, em maio de 2021.

A partir de segunda-feira, 18 de novembro, agricultores se mobilizam contra o acordo de livre-comércio entre a Europa e cinco países da América Latina, rejeitado pela França. François-Xavier Huard, CEO da Federação Nacional da Indústria de Laticínios (FNIL), explica a Capital as razões pelas quais o projeto enfrenta obstáculos.

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