A Associação Europeia de Produtos Lácteos (EDA) vê de forma positiva o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os países do Mercosul, considerando-o uma oportunidade importante para fortalecer as exportações de laticínios do continente europeu.
O acordo, que envolve mais de 780 milhões de pessoas, reflete o compromisso da UE em fomentar um comércio internacional robusto e promover o crescimento econômico mútuo.
De acordo com Alejandro Antón, secretário-geral da EDA, o Mercosul representa um mercado estratégico com grande potencial de expansão para os produtos lácteos da UE.
Oportunidade Promissora para o Mercado Lácteo
Embora o acordo ainda não tenha sido finalizado e precise ser ratificado pelos países do Mercosul e da União Europeia, há um clima de otimismo entre os europeus.
Antón destaca que o Mercosul possui uma sólida cultura de produção de leite, com uma taxa de autossuficiência que varia de 98% a 281%, dependendo do país.
Atualmente, o comércio de laticínios no Mercosul é predominantemente intra-regional, com pouca presença de produtos europeus como o queijo e o leite em pó.
Isso abre uma janela de oportunidade para os produtos da UE, especialmente considerando que o volume de importação desses itens do Mercosul ainda é modesto.
Proteção à Qualidade Europeia
Por outro lado, o acordo também garante a proteção de mais de 350 produtos alimentícios e bebidas de alta qualidade da Europa, como o Fromage de Hervé (da Bélgica) e o Comté (da França), contra tentativas de imitação.
A EDA afirma que isso ajudará a preservar e fortalecer a reputação de qualidade superior dos produtos lácteos da União Europeia no mercado global.
Um Acordo Histórico
A EDA comemorou o avanço nas negociações e, em um comunicado oficial, a instituição destacou a importância histórica do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Segundo a EDA, o acordo representa “um marco significativo após duas décadas de negociações”, refletindo os princípios modernos que estabelecem uma base sólida para o progresso nas áreas essenciais para o crescimento e prosperidade de ambos os blocos.
O acordo não só facilita o acesso aos mercados, diversifica as cadeias de suprimento e incentiva investimentos, mas também fortalece a cooperação em desenvolvimento sustentável.
Questões globais como mudanças climáticas e preservação das florestas são prioridades no tratado, garantindo benefícios mútuos baseados em responsabilidade e parceria.
O Mercado Brasileiro e as Expectativas
No Brasil, um dos principais players do Mercosul, o setor de laticínios segue sendo um dos pilares da economia agropecuária. Em 2024, o Brasil foi responsável por mais de 30 bilhões de litros de leite produzidos, mantendo-se como o maior produtor e consumidor de laticínios na América Latina.
Esse cenário coloca o país como um mercado estratégico para os laticínios europeus, especialmente considerando o aumento da demanda por produtos premium.
A abertura do mercado brasileiro para o leite em pó e queijos europeus poderia beneficiar tanto o consumidor final quanto a indústria nacional, que passaria a contar com uma oferta mais diversificada e produtos de maior qualidade.
Próximos Passos
Embora o acordo ainda precise ser ratificado, a expectativa é de que os próximos meses tragam uma maior clareza sobre as condições de mercado e as oportunidades que surgirão para as exportações europeias.
Com o apoio da EDA e de outras entidades do setor, é provável que as negociações se intensifiquem para garantir que o Mercosul se torne um mercado cada vez mais relevante para os laticínios da União Europeia.
O acordo entre a União Europeia e o Mercosul representa uma grande oportunidade para a indústria de laticínios, com potencial para expandir a presença de produtos lácteos de alta qualidade no mercado latino-americano, incluindo o Brasil.
Para o setor europeu, é uma chance de consolidar uma posição mais forte no Mercosul, enquanto os produtores brasileiros podem se beneficiar de uma oferta mais ampla e diversificada.
No entanto, o êxito dependerá da rápida ratificação do acordo e da adaptação das políticas comerciais para atender às necessidades de ambos os blocos.