Estruturada em cinco anos com a compra de quatro empresas, a UltraCheese, plataforma de lácteos controlada pelo fundo de investimentos Aqua Capital, está investindo R$ 80 milhões (entre aportes realizados em 2023 e previstos para 2024) em centros de distribuição para expandir o alcance de suas marcas.
A estratégia é uma parte importante do plano da empresa para repetir o crescimento de 20% do ano passado, quando ultrapassou R$ 1 bilhão em receita.
No ano passado, a empresa captou 145 milhões de litros de leite, volume que a coloca entre as 15 maiores do setor, mostram dados de 2022 compilados pela Associação Brasileira de Produtores de Leite (Abraleite).
De acordo com Martins, a companhia deve expandir seus negócios nas brechas deixadas por laticínios menores, que ficaram pelo caminho em 2023, quando o setor enfrentou uma dura crise devido à competição com lácteos importados. Parte dos produtores que fornecia a essas empresas pode se juntar ao quadro da UltraCheese.
“Começamos em 2018 com R$ 200 milhões em faturamento. O setor teve um ano bom e quatro ruins, e mesmo assim nós crescemos ano a ano. O setor lácteo ainda tem muitas oportunidades”, diz, em entrevista a Globo Rural.
— Edson Martins, CEO da UltraCheese
Um número considerável de pecuaristas ainda peca no básico do manejo do rebanho e tem pouco — ou nenhum — controle sobre as finanças, ele observa. “Coloca o leite, a casa, a parcela do trator e a do carro tudo no mesmo bolo. Se sobra dinheiro, diz que o leite foi bom. Nosso segmento é pouco profissionalizado e no fim todo mundo sofre o tempo inteiro”.
A principal estratégia da UltraCheese para garantir a oferta futura é o Projeto de Originação, que oferece tecnologia e assistência técnica para melhorar os indicadores das fazendas. Atualmente, 610 propriedades fornecem leite para as marcas da companhia e são monitoradas pelo programa. Nelas, a produtividade média diária é de cerca de 20 litros por vaca, mais que o triplo do rendimento médio no país, ao redor de seis litros.
Todo produtor que fornece à empresa recebe a visita de um técnico que avalia o rebanho e o manejo empregado, sugerindo melhorias e adequações. O foco é garantir que o leite recebido será de qualidade. No caso da UltraCheese, além da parte sanitária e de ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança), o que importa é a quantidade de sólidos, que permitem produzir um volume maior de lácteos por litro de leite.
Mesmo dentro do programa, há diferentes níveis de adoção dessas tecnologias. Uma prova é que algumas fazendas têm produtividade média acima de 40 litros por animal, o que é plenamente possível de ser alcançado nas demais. “A diferença é realmente acreditar nesse sistema”, reforça.
Do lado de dentro da companhia, a estratégia é investir em centros de distribuição para permitir que as marcas cheguem a novos mercados no país. A Ultracheese dobrou o tamanho da estrutura em São Paulo recentemente e planeja fazer o mesmo com a unidade em Gaspar (SC). Além disso, espera inaugurar centros no Nordeste, interior de São Paulo e Goiânia (GO) nos próximos meses.
“Estamos melhorando a nossa geografia para estar mais próximos aos consumidores. Será um ano bastante intenso. Não temos nenhuma aquisição no radar. Mas temos capacidade de processamento para faturar R$ 2 bilhões. É um espaço absurdo dentro da indústria e das marcas que já temos”, afirma Martins.
No portfólio, a empresa tem queijos, manteigas e cremes de queijo para o dia a dia, além de queijos finos e derivados premium de leite de búfala. O Aqua Capital também é investidor na SoluBio e na Biotrop, ambas de bioinsumos, e na AgroGalaxy, varejista de insumos, entre outras.
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