O sol já anunciava o meio do dia quando Mark Lyons, CEO da Alltech, empresa global de biotecnologia voltada para a nutrição animal, vegetal e saúde humana, desembarcava em São Paulo.
Seu primeiro compromisso? Um encontro com a Forbes Agro nesta quinta-feira (24). Sem tempo para descanso, Lyons nem precisou se preparar. Para ele, estar em um constante “pra lá e pra cá” se tornou mais comum do que estar em casa.
Entre seus inúmeros compromissos, nos últimos anos, ele encontrou uma maneira de tentar mudar a visão da população global sobre o papel das vacas — sem tirar ninguém do conforto do sofá. Com o documentário World Without Cows (em tradução livre, Um Mundo Sem Vacas), Lyons questiona: como seria um mundo sem vacas?
“A ideia surgiu de uma inquietação minha, há uns seis anos. Meu pai dizia ‘o nosso setor não comunica direito’ e é verdade. Enquanto isso, as empresas de carnes cultivadas em laboratório se comunicavam bem e para quem precisava ouvir”, diz Lyons.
O objetivo era mostrar o verdadeiro impacto do gado nas discussões sobre mudanças climáticas, futuro da alimentação global e as potenciais consequências de sua remoção.
O longa é um projeto da Planet of Plenty, uma plataforma da Alltech dedicada a promover iniciativas educacionais lideradas pela ciência, criar consciência e contar histórias que ampliam o papel da agropecuária na criação de um futuro sustentável.
Lyons acredita que a Planet of Plenty é um caminho para solucionar a velha e antiga dor do pai sobre a comunicação do setor. “As histórias mais poderosas da agropecuária são contadas por aqueles que estão na linha de frente. Por meio dessa iniciativa, podemos levar os espectadores a uma jornada de compreensão e conversas mais amplas”.
Para o executivo, o documentário não é apenas a materialização do que ele, como CEO da Alltech, acredita, mas um prenúncio do futuro da agropecuária global. “Fazer o filme não mudou muito do que eu pensava para o futuro do setor, mas me deixou mais otimista”, diz.
“Acho que subestimamos as mudanças que podem acontecer a médio e longo prazo. Há seis anos, quando tive a ideia do documentário, não tínhamos tanta tecnologia que ajudasse a reduzir o impacto ambiental da atividade”.
Em relação ao Brasil, ele crava que não vai levar muito tempo para o país se tornar ator dessa transformação, como um grande provedor de proteína animal que já é. É por isso que a Alltech está desenvolvendo projetos para serem aplicados no país. “O Brasil é especial.
Vamos crescer aqui e temos muitas ideias para o futuro”. Afinal, vacas suficientes o país já tem, mas com ajuda da tecnologia e da sustentabilidade, o mundo pode até pausar o documentário e voltar sua atenção para a pecuária brasileira.
Uma parte do documentário World Without Cows foi gravado no país, com o participação do pecuarista Victor Campanelli, diretor executivo da Agro-Pastoril Paschoal Campanelli S/A, uma das empresas agropecuárias mais inovadoras e tecnificadas do Brasil, com sede em Bebedouro, interior de São Paulo.
A ideia era mostrar como o Brasil pode crescer ao intensificar práticas como de confinamento e de sistemas integrados, que Campanelli aplica, e que podem tornar a produção altamente sustentável e eficiente. A Campanelli é um dos confinamentos mais modernos, em uso intensivo de pecuária de precisão.
“Essa ambição (de mostrar o que está ocorrendo) também faz parte do propósito da Alltech”, diz Lyons. Por isso, apesar de não fazer questão de que sua empresa seja mencionada como apoiadora do projeto, é praticamente impossível não fazer essa conexão justamente por causa de Lyons e sua insistente e permanente posição sobre como ser sustentável.
All tech and all cows – suas vacas
Segundo o executivo, sua empresa quer duas coisas: all tech and all cows. No português significa toda tecnologia e todas as vacas. O trocadilho é proposital, mas é uma espécie de camisa vestida com o objetivo de tornar a atividade pecuária mais eficiente e sustentável por meio de tecnologias e sem deixar as vacas de fora dos holofotes.
Presente em 140 países, ela foi fundada em 1980, em Nicholasville, no Kentucky (EUA), por Pearse Lyons, empresário e cientista irlandês que começou o negócio com US$ 10 mil no bolso.
Hoje, no Brasil, são três braços: Alltech (aditivos para nutrição animal), Guabi (rações) e Alltech Crop Science (nutrição de plantas). O faturamento global não é divulgado. A empresa atua nos setor de bovinos de corte e leite, aves, suínos, equinos, camarões, peixes e pets.
Antes de fundar a Alltech, Lyons já tinha experiência em fermentação de leveduras, processo biotecnológico natural, em função da especialização que fez. Mesmo após a sua morte, o legado de Pearse foi mantido por Mark, no desenvolvimento de aditivos nutricionais vindos da fermentação.
Também possui tecnologias voltadas para saúde, fertilidade e crescimento dos bovinos, de modo a reduzir os efeitos de microtoxinas e o uso de antibióticos. Nos últimos anos, as pesquisas foram reforçadas em como a mineralização dos animais pode influenciar no crescimento da pastagem e a reter mais carbono no solo.
Mark herdou a companhia após a morte do pai, em 2018. Herdou, também, o gosto pela intensa rotina de viagens aos países onde a empresa opera. Ah, em tempo, ele fala português. “Foi assim que vim morar no Brasil. Meu pai precisava de alguém de confiança, e era uma oportunidade para eu aprender outro idioma.
Morei em Curitiba entre 2003 a 2007″, conta. Há 32 anos no Brasil, a Alltech está sediada em Maringá (PR), e possui unidades industriais e centros de distribuição e de pesquisa também em São Paulo, Goiás e Mato Grosso.
A primeira fábrica no Brasil é de 2007, em São Pedro do Ivaí, no Paraná. Hoje, é o maior complexo de leveduras do mundo dedicada à agropecuária. “O Brasil é um dos principais mercados da Alltech e nossas três frentes atuam aqui”, diz ele. No ano passado, a empresa faturou R$ 2 bilhões no país.
Segundo o executivo, em 2025 e 2026, a companhia irá investir R$ 120 milhões para modernizar esta fábrica. O fortalecimento no país é fundamental porque “o Brasil é o mercado do futuro, mas também do agora”, afirma Lyons.
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