ESPMEXENGBRAIND
9 dez 2025
ESPMEXENGBRAIND
9 dez 2025
Mesmo com recorde de faturamento e novos mercados em negociação, Conaprole afirma que o nível de conflito sindical ameaça competitividade e estabilidade 🔥
Conaprole vê avanço comercial, mas diz que conflito trava a primavera 🚧
Conaprole vê avanço comercial, mas diz que conflito trava a primavera 🚧

Conaprole encerrou o exercício 2024-25 com números históricos, mas também com um alerta firme: a cooperativa não está em condições de sustentar o atual nível de conflictividade laboral que marcou a última primavera.

Em entrevista concedida a La Lechera, o presidente Gabriel Fernández revisou os resultados do período, detalhou o contexto de preços e avaliou as perspectivas de mercado enquanto a cooperativa define o ajuste de valor ao produtor previsto para janeiro.

Segundo Fernández, a Assembleia dos 29 foi marcada pela forte presença de produtores, representantes gremiais e dirigentes, em um encontro descrito como “muito concorrido”. Ali, Conaprole apresentou um novo recorde de faturamento: mais de US$ 1,05 bilhão em vendas sem consolidação, e acima de US$ 1,3 bilhão no consolidado do grupo. O resultado líquido do exercício, de US$ 11,6 milhões, já foi direcionado à prima paga sobre o leite remitido em agosto e setembro do exercício seguinte.

A assembleia também serviu para atualizar a leitura sobre o cenário internacional. Fernández relatou que o gerente Gabriel Valdés expôs informações recolhidas diretamente em feiras recentes — como a de Dubai — e em conversas com clientes, incluindo expectativas de preços futuros. Segundo o presidente, a demanda global segue presente, mas não está agressiva o suficiente para sustentar valores acima dos observados nos remates internacionais. “Vender acima do que o mercado paga hoje não está fácil”, resumiu.

Ele explicou que a cooperativa conseguiu uma boa venda da produção de primavera, embora ainda haja volumes relevantes de leite e derivados por comercializar. Produtos como manteiga e queijos estão mais lentos, reflexo natural de momentos de retração de demanda. Apesar das dificuldades, Fernández acredita que os preços internacionais parecem ter tocado um piso, embora ressalte que “a vida real pode sempre surpreender”.

Sobre o ajuste de preço ao produtor previsto para janeiro, o presidente insistiu que o anúncio só será feito com dados completos. A ideia é oferecer previsibilidade, mas sem comprometer a sustentabilidade financeira. “Vamos tentar fixar um preço com certo horizonte, desde que as condições não mudem de forma significativa”, afirmou.

A parte mais crítica da entrevista veio quando Fernández abordou o impacto da conflictividade laboral na capacidade industrial da cooperativa. Ele explicou que Conaprole tinha espaço suficiente para processar a primavera sem dificuldades, mas a sucessão de paralisações, assembleias e medidas internas em diferentes plantas gerou quedas diárias de produção. “Não houve um único dia da primavera sem algum tipo de interrupção”, lamentou. Quando as medidas cessaram, bastaram dois ou três dias para que o processamento voltasse ao normal — evidência, segundo ele, de que o problema não era técnico, mas operacional.

A cooperativa apresentou na assembleia exercícios estratégicos sobre cenários futuros, considerando diferentes níveis de crescimento da produção. Entre as alternativas de gestão operacional que podem ampliar a capacidade sem exigir grandes investimentos, Fernández mencionou ajustes no uso das torres de leite em pó, melhorias nos engates entre evaporadores e torres e reorganização do trabalho em plantas que chegam a ficar ociosas inclusive em plena zafra. Segundo ele, há semanas em que a falta de operação aos domingos pode representar a perda de até 800 mil a 1 milhão de litros.

Apesar da complexidade, Conaprole mantém a disposição histórica de incorporar novos produtores. No entanto, Fernández admitiu que, do ponto de vista estritamente econômico, não é o melhor momento para aumentar volume. Ainda assim, a cooperativa seguirá recebendo remissão, em coordenação com o Inale.

O presidente também deixou um recado sobre o clima sindical. “Conaprole é um empregador de excelência e não pode ter este nível de conflictividade”, reforçou, acrescentando que o tema precisa envolver o Poder Executivo, pois o impacto ultrapassa os limites da cooperativa e afeta o país como um todo.

Sobre mercados, Fernández mostrou expectativas positivas. A habilitação de exportações para a Indonésia é vista como “um passo enorme” e potencialmente transformador, colocando o país entre os destinos mais relevantes para o setor lácteo uruguaio. Ele também destacou o potencial ingresso do Uruguai no Acordo Transpacífico, que, se concretizado, significaria uma mudança profunda nas condições de acesso comercial.

Além da Ásia, a cooperativa já vem ampliando presença na América Central, com vendas para El Salvador, Honduras, Nicarágua e Guatemala. Segundo Fernández, a região tem demanda e poderia ser atendida mais facilmente pelo Uruguai do que por concorrentes distantes, embora existam desafios de habilitações e acordos bilaterais.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Tardáguila

Te puede interesar

Notas Relacionadas