whey protein

Em um mercado de franco crescimento como o de suplementos alimentares, os preços de insumos como Whey Protein e creatina, dois dos principais produtos do gênero, vêm passando por variações consideráveis ao longo dos últimos anos, sobretudo após a pandemia.

No caso do Whey Protein, a tendência é de que o suplemento alimentar tenha uma alta considerável no preço já a partir de fevereiro deste ano. Conforme fontes ouvidas pelo Diário do Nordeste ligadas ao setor, o produto deve ficar 15% mais caro no próximo mês.

Essa alta já vem sendo pouco a pouco percebida por profissionais do mundo fitness. Um deles é Fábio Bastos, coach e proprietário do Unbu CF, e que desde 2010 consome suplementos alimentares.

“Teve sim uma variação de valores de uns tempos para cá. Depois da pandemia, houve uma diferença grande dos suplementos, a creatina chegou a aumentar mais de 100%. De uns meses para cá, percebemos uma diminuição desses valores, chegando quase nos patamares de antes da pandemia, naquele período que era um suplemento de preço mais estável”, classifica.

Na avaliação do profissional, “dá para baixar mais” o preço da creatina, principalmente pela importância dela para o desenvolvimento de massa muscular magra: “É um dos suplementos que tem mais desenvolvimento dentro do corpo. Conciliando com o uso do Whey Protein, é o que dá uma ajuda no crescimento muscular”.

“Atualmente os valores estão mais controlados e tabelados. Houve sim um aumento, mas a maior diferença também se correlaciona entre as marcas. Algumas marcas específicas possuem valores mais altos justamente por trabalharem com matérias-primas importadas, por exemplo, e consequentemente tendo uma qualidade melhor, o que eleva o valor do produto”, evidencia Stephanie.

Apesar disso, o valor dos principais suplementos comercializados, na visão da personal, está “condizente”. Na recomendação feita aos alunos, a creatina dura três meses, e o Whey Protein varia conforme a necessidade de cada pessoa.

O CEO da HP Distribuidora, Jonas Vasconcelos, traça um paralelo entre os preços atuais e os do primeiro semestre de 2022. Naquela época, a creatina chegou a disparar nas cifras. Agora, será a vez de o Whey Protein ter uma alta de pelo menos 15% nos valores.

 

Nossas principais matérias-primas são importadas. O Brasil produz quase nada. Durante o lockdown houve escassez, subindo o preço. Além disso, os fretes estavam absurdamente caros na época pós-pandemia. Hoje se regularizou. Agora o Whey Protein está tendo o movimento contrário: muita demanda e escassez.
Jonas Vasconcelos

CEO da HP Distribuidora

 

A reportagem pesquisou preços de Whey Protein (pote com 900 gramas) e da creatina (pote com 300 gramas). O primeiro suplemento da Integralmedica sai por, em média, R$ 105, enquanto o segundo gira em torno dos R$ 70.

Essa pressão no preço do Whey Protein foi notada inclusive pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri). O presidente da entidade, Bruno Busquet, reforça que a principal matéria-prima do produto é o leite, alimento que teve impacto no preço ao longo de 2024.

Segundo ele, o insumo “sofreu impactos importantes no ano passado, desde questões climáticas à variação de preços de importação. (…) Toda a cadeia de produtos que usam o leite como base podem sofrer alguma variação durante 2025”, argumenta.

“No Brasil, os custos de importação, que incluem transporte e câmbio, também contribuem para a tendência de aumento. Além disso, a demanda crescente pelo produto, tanto no mercado interno quanto externo, eleva a competição pelas matérias-primas, influenciando diretamente os preços”, completa Busquet.

 

15%, essa deve ser a alta nos preços do Whey Protein a partir de fevereiro de 2025. Variações no preço do leite e demais componentes explicam aumento.

 

Mercado de suplementos em franca expansão

A popularização de academias e demais estabelecimentos do gênero também contribuiu para o crescimento expressivo do mercado de suplementação. Segundo dados da Brasnutri, hoje o Brasil é o terceiro maior consumidor de creatina e o quarto de Whey Protein do mundo.

“Podemos dizer que o mercado de suplementos no Brasil tem ganhado cada vez mais relevância, especialmente no estilo de vida e hábitos de consumo da população. O brasileiro tem reconhecido a importância de cuidar da saúde de forma preventiva, e não apenas com o uso de medicamentos, mas com a adoção de práticas mais saudáveis e alimentação equilibrada”, ressalta Bruno Busquet.

Embora preveja um aumento no preço do Whey Protein já a partir de fevereiro, em virtude principalmente do dólar alto e do consumo elevado, além da disputa pela matéria-prima, Jonas Vasconcelos acredita que os preços dos suplementos estão “mais baratos e acessíveis”, e acredita que o mercado deve “duplicar o tamanho nos próximos cinco anos”.

Conforme o presidente da Brasnutri, a tendência é de que, até 2035, o mercado de suplementos alimentares movimente mais de R$ 570 bilhões no País, “o que demonstra que ainda há muita oportunidade de crescimento”, de acordo com Bruno Busquet.

“Outros dados de mercado mostram um aumento de quase 50% no consumo de suplementos no Brasil depois da pandemia. Em 59% dos lares há pelo menos um consumidor de suplementos e 69% dos usuários praticam atividades esportivas”, acrescenta o gestor da associação.

Whey e creatina são importantes, mas substitutos estão na alimentação diária

Com preços dos suplementos alimentares sendo pressionados por diversos motivos, a nutrição indica que é possível encontrar em itens do dia a dia comidas que possam substituir produtos como o Whey Protein e a creatina, como expõe a nutricionista Viviane Araújo.

 

“A creatina é um composto natural armazenado principalmente em nossos músculos, que nos fornece energia, força e ganho de massa. Suas fontes alimentares são de origem animal, principalmente carnes vermelhas, mas também em frangos e peixes. Whey Protein nada mais é quem uma fonte de proteína, assim como frango, peixe, ovos, leite e outras”, define a nutricionista.

 

Os usos dos dois principais suplementos estão intimamente relacionados com pessoas que praticam atividades físicas regularmente. O Whey Protein repara os danos da fibra muscular após os treinos. A creatina, por sua vez, restitui a reserva energética dos músculos.

“Os suplementos alimentares têm suas indicações, mas se há de fato necessidade de uso, vai depender da necessidade de cada pessoa. Eles são fundamentais para suprir deficiências nutricionais ou em necessidades específicas, como algumas doenças, idosos ou atletas”, complementa a nutricionista.

Viviane Araújo enfatiza que, com exceção de pessoas com alergias a algum dos compostos, é fundamental estar atento ao consumo de proteínas nas refeições, principalmente no almoço e no jantar. Isso inclui principalmente a alimentação com leite e derivados, como iogurtes e queijos.

Segundo a nutricionista, em um paralelo com a carne bovina, a relação feita com os suplementos alimentares é a seguinte:

  • 100 gramas de carne bovina correspondem a uma porção padrão de Whey Protein;
  • 1.000 gramas (1 quilograma — kg) de carne bovina correspondem a uma porção padrão de creatina.

 

No caso da creatina, Viviane Araújo afirma que é pouco provável que, ao longo de um dia, uma pessoa consuma 1 kg de carne bovina. Para isso, nos casos em que é recomendada, a suplementação pode ser uma aliada importante. A nutricionista, no entanto, faz um alerta contra o uso indiscriminado desses produtos.

“Temos que ter cuidado com esse ‘boom’ de suplementos promovidos indiscriminadamente, levando pessoas a consumirem produtos desnecessários, esquecendo que o básico bem feito ainda funciona. Vale lembrar que uma dieta equilibrada e variada muitas vezes é suficiente para suprir nossas demandas, sem necessidade de suplementar. O uso indiscriminado e em excesso pode ser tão prejudicial quanto sua deficiência”, explana a especialista.

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