A processadora de lácteos Yashili, de propriedade chinesa e localizada em Pōkeno, na Nova Zelândia, registrou um prejuízo de US$ 23,5 milhões no exercício encerrado em dezembro de 2024.
Este é o quinto ano consecutivo de perdas para a subsidiária da gigante China Mengniu Dairy, refletindo os desafios operacionais crescentes dentro do cenário do agronegócio internacional.
A palavra-chave aqui é Yashili, e está no centro de um possível movimento de consolidação no setor.
A companhia, que atua sem fazendas próprias e depende da compra de leite cru de terceiros, incluindo a Fonterra por meio da legislação DIRA, vem enfrentando dificuldades crescentes para manter sua operação financeiramente viável.
Queda acentuada na receita
A situação se agravou com a forte queda nas receitas, que despencaram para US$ 57,9 milhões em 2024, após registrar US$ 92 milhões em 2023 e US$ 157,3 milhões em 2022.
Para manter a planta ativa, o grupo controlador Yashili International Group precisou injetar US$ 31 milhões na operação da Nova Zelândia entre o fim de 2024 e o início de 2025.
A unidade de Pōkeno, embora limitada na capacidade de processar grandes volumes de leite líquido, é tecnologicamente equipada para trabalhar com leite de cabra e ovelha.
Essa característica a torna estratégica para empresas que buscam terceirização de fórmulas premium — como é o caso da a2 Milk Company, que já utiliza os serviços da planta.
Possível aquisição pela a2 Milk Company
A relação comercial entre as duas empresas alimenta as especulações de mercado sobre uma possível aquisição da Yashili pela a2 Milk.
Analistas do Macquarie consideram que uma compra “faria sentido”, uma vez que a a2 Milk já depende da planta para parte de sua produção.
Esses rumores ganharam força após a a2 Milk confirmar, durante uma investigação sobre o preço de suas ações, que mantinha conversas preliminares sobre a compra de uma instalação de fabricação.
A consolidação da planta de Pōkeno em sua estrutura poderia representar redução de custos e maior controle da cadeia produtiva, diminuindo a dependência de outros fabricantes, como a Synlait Milk.
Um cenário desafiador para os fabricantes
A crise da Yashili reflete uma tendência mais ampla de instabilidade entre os grandes processadores de leite da Nova Zelândia. A própria a2 Milk possui participação majoritária na Mataura Valley Milk (MVM), que não deve se tornar lucrativa antes de 2027.
Já a Synlait Milk, ex-parceira exclusiva da a2, relatou recentemente problemas operacionais na unidade de Dunsandel, aumentando a pressão sobre a cadeia de fornecimento.
Esses fatos reforçam a necessidade de reestruturação e consolidação no setor, onde empresas buscam alternativas para otimizar operações, garantir qualidade e manter rentabilidade em um mercado cada vez mais competitivo.
Conclusão
A situação da Yashili é um alerta para os desafios enfrentados pelos players globais da indústria láctea, especialmente os que operam fora de seus países de origem e dependem de uma cadeia de suprimentos complexa.
A possível aquisição pela a2 Milk pode ser a saída estratégica para dar fôlego à planta da Nova Zelândia, ao mesmo tempo em que fortalece a posição da a2 no competitivo mercado de fórmulas infantis premium.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Dairy News Today