Com plantel 100% Puro de Origem, o produtor William Labaki se orgulha em contar que o pai dele importou as primeiras novilhas da ilha de Jersey (no Canal da Mancha, entre a França e a Inglaterra) em 1978 e até hoje há descendentes dessas matrizes na fazenda.
Gado Jersey do produtor certificado William Labaki, da fazenda Limoeiro, em Itu (SP) — Foto: Divulgação
Com uma produção diária de 750 litros de leite, a fazenda Limoeiro, em Itu (SP), é a primeira  propriedade leiteira de São Paulo a receber o Selo de Produto Jersey Certificado.

Com plantel 100% Puro de Origem, o produtor William Labaki se orgulha em contar que o pai dele importou as primeiras novilhas da ilha de Jersey (no Canal da Mancha, entre a França e a Inglaterra) em 1978 e até hoje há descendentes dessas matrizes na fazenda.

“Procuramos manter as características originais da raça. Nesses 45 anos, além da genética da ilha de Jersey, também utilizamos, por meio de inseminação artificial, reprodutores de vários países como Canadá, Nova Zelândia, Estados Unidos e Dinamarca”, conta.

Labaki também é proprietário da Goldy Alimentos Premium, primeiro laticínio do Estado de São Paulo a receber a chancela de conformidade para o Selo Produto Jersey Certificado. A Goldy, instalada na fazenda Limoeiro, produz leite de gado Jersey há mais de 45 anos e, desde 2001, por meio da marca Goldy Alimentos, fabrica derivados do leite como queijos, creme de leite e doce de leite com a marca Jersey de Itu.

“Toda nossa linha é produzida com o puro leite Jersey”, reforça o produtor, que comercializa para lojas especializadas, restaurantes, hotéis, clubes e padarias gourmet.

Fazenda Limoeiro, em Itu (SP), é a primeira propriedade leiteira de São Paulo a receber o Selo de Produto Jersey Certificado — Foto: Divulgação
Fazenda Limoeiro, em Itu (SP), é a primeira propriedade leiteira de São Paulo a receber o Selo de Produto Jersey Certificado — Foto: Divulgação

Certificação

O programa de certificação da raça foi lançado pela Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil durante o 3º Mundial do Queijo 2024, no mês de abril, em São Paulo.

Verônika Marianna Slota, responsável técnica pelos programas de Melhoramento Genético e Certificação da Jersey Brasil, afirma que os selos garantem a excelência dos produtos e atendem às crescentes demandas dos consumidores por alimentos seguros e éticos. “Além disso, agregam valor à cadeia leiteira, desempenhando um papel crucial na manutenção das comunidades rurais”, completa.

Cada selo vem com um QR Code que, ao ser escaneado, direciona o consumidor ao certificado do produto, à história da propriedade, redes sociais e informações sobre a origem e a realidade da produção pecuária brasileira.

“Os selos Produto Jersey Certificado e Produto Jersey Sustentável atestam que o processo de produção segue as diretrizes do programa de certificação, que incluem rastreabilidade, segurança alimentar, bem-estar e sanidade animal”, ela ressalta.

O selo Produto Jersey Sustentável incorpora ainda diretrizes adicionais de sustentabilidade e responsabilidade social. O cumprimento dessas diretrizes é verificado por meio de auditorias. Até o momento, três propriedades foram certificadas pelo programa.

A associação destaca que a certificação é destinada a propriedades e unidades de beneficiamento de carne e leite que possuam capacidade de segregação ou que façam o beneficiamento exclusivo de matéria-prima originária de propriedades certificadas. Dessa maneira, os selos podem ser aplicados a diversos produtos lácteos e cárneos oriundos de animais da raça Jersey.

A responsável pelo programa diz ainda que a introdução do selo Produto Jersey Sustentável vai além das exigências básicas, incorporando critérios de sustentabilidade e responsabilidade social na produção de alimentos. “Isso reflete a crescente preocupação com a conservação do meio ambiente e o bem-estar das comunidades envolvidas na cadeia produtiva do leite.”

Jersey tem menor tamanho corporal, permitindo que o produtor aumente a carga animal por hectare — Foto: Divulgação
Jersey tem menor tamanho corporal, permitindo que o produtor aumente a carga animal por hectare — Foto: Divulgação

Manejo e sustentabilidade

 

Segundo o produtor William Labaki, na fazenda Limoeiro, o sistema de manejo adotado para o gado é o semi-intensivo, com o rebanho livre para pastar nos períodos mais frescos do dia – pela manhã e à noite – permanecendo nos galpões nos horários mais quentes, entre 11 e 16 horas. Nesse período, eles consomem silagem de milho, feno de jiggs, bagaço de cevada e concentrado protéico balanceado.

Ele também destaca entre as ações o controle leiteiro, com informações sobre a produtividade de cada vaca, assim como, no âmbito da sustentabilidade, o percentual acima de 30% de áreas de floresta dentro dos 50 alqueires da propriedade.

De acordo com Labaki, o leite produzido pela raça Jersey tem alto teor de gordura, é rico em proteínas, minerais e betacaroteno, além de conter maior quantidade de cálcio em comparação com o leite produzido por outras raças. As qualidades do leite são disseminadas pela Associação dos Criadores de Gado Jersey, que considera que o produto apresenta requisitos de qualidade e eficiência, sendo assim valorizado pelas indústrias lácteas.

Do ponto de vista de criadores, o Jersey tem menor tamanho corporal, permitindo que o produtor aumente a carga animal por hectare. A diferença racial do tamanho também permite custo menor de alimentação, maior eficiência em conversão de alimentos, além de serem animais mais dóceis e mais longevos.

No comportamento reprodutivo, são apontadas como mais precoces e longevas, o que acelera o ingresso na vida produtiva, com facilidade de parto e menor tempo de intervalo entre as gestações. “É considerada a vaca por excelência, com melhor tipo funcional e nobre característica racial. Costuma-se dizer que a cabeça de distinção de uma vaca Jersey está para os bovinos assim como a cabeça do cavalo Árabe para os equinos”, observa o pecuarista.

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