O documento traz também uma avaliação técnica dos prejuízos e perdas causadas pelas inundações. 
As enchentes e inundações de abril e maio desencadearam um processo muito intenso de erosão hídrica que precisa ser revertido para garantir a sustentabilidade e rentabilidade da produção pecuária no Rio Grande do Sul.
As enchentes e inundações de abril e maio desencadearam um processo muito intenso de erosão hídrica que precisa ser revertido para garantir a sustentabilidade e rentabilidade da produção pecuária no Rio Grande do Sul.
Foi publicado na semana passada o relatório conjunto produzido por Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e Grupo Banco Mundial, em parceria com diversas entidades do Sistema das Nações Unidas, com recomendações estratégicas para a recuperação resiliente das áreas afetadas pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em abril e maio deste ano. O documento traz também uma avaliação técnica dos prejuízos e perdas causadas pelas inundações.

 

Calamidade Inundações no Rio Grande do Sul: impacto na produção de laticínios

 

A produção pecuária, seus ativos, fluxos econômicos e importância social foram severamente atingidos pelas chuvas extremas, inundações, torrentes e transbordamentos de rios ocorridos em abril e maio de 2024.

O impacto econômico no setor pecuário representa R$ 1,2 bilhão em perdas na produção, R$ 710 milhões em danos nos ativos e aproximadamente R$ 783 milhões em custos adicionais para recuperar solos afetados pela erosão hídrica.

 

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Todas as regiões e microrregiões do estado registraram perdas na produção pecuária, totalizando 475 municípios afetados. Das perdas pecuárias totais, 48% se referem à diminuição do ganho de peso dos animais, causada pelo acesso limitado a alimentos.

Outros 43% das perdas se devem à diminuição na produção de pastagens e na coleta de leite. Milhões de litros de leite não foram recolhidos e mais de 600 mil hectares de pastagens foram severamente impactados pelo evento climático.

As perdas por animais mortos também foram substanciais, com mortalidade de bovinos, aves, suínos, ovinos, entre outros.

As chuvas intensas e a força das águas atingiram a infraestrutura e os ativos pecuários, tais como açudes, aviários, pocilgas, plantações, animais patrimoniais, entre outros, causando severos impactos.

Dos danos registrados, 41% relacionam-se à produção suína; 34% à produção avícola e 16% à piscicultura. Mais de 81% dos danos ocorreram na região Centro Ocidental (34,8%), Região Centro Oriental (28%) e Região Metropolitana de Porto Alegre (18,7%).

 

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Os custos adicionais são estimados com base, principalmente, na necessidade de analisar a situação do solo e recuperar a fertilidade da camada superficial de solos destinados à produção de pastagens naturais, forragens e silagem.

É importante mencionar que a recuperação de áreas degradadas faz parte de uma política pública estadual do Rio Grande do Sul para adaptação às mudanças climáticas.

Solos pecuários foram submetidos a um processo acelerado de erosão hídrica e sua sustentabilidade está em risco devido a um possível desequilíbrio em suas propriedades físicas e químicas.

A maior parte da informação estatística utilizada neste capítulo foi fornecida por instituições públicas, tais como: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (SEAPI); Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estadística (IBGE).

Outras informações atuais e de contexto do setor pecuário foram obtidas com as seguintes instituições: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR); Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (FARSUL); Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS); Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do RS (SICADERGS); Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (SIPS); Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS); Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (SINDILAT); entre outras.

DANOS

Para estabelecer a linha de base dos ativos do setor pecuário de forma a poder quantificar os danos neste setor, foram analisados os ativos correspondentes às diferentes atividades de criação de animais e de produção de itens primários de origem animal que estiveram expostos às consequências dos eventos extremos de abril e maio.

Foram considerados nesta análise número de animais mortos considerados ativos, quantidade de açudes danificados, aviários destruídos, pocilgas afetadas, destruição de pastagens, impactos em bens utilizados no processo de criação de animais, entre outros efeitos.

O principal ativo da produção pecuária é o estoque de animais de cada uma das espécies. Com base no número de animais, se calcula a maior parte dos ativos ou infraestruturas pecuárias necessárias para sua criação e produção de produtos pecuários.

As instalações dependem do número de animais existentes em cada propriedade e do nível tecnológico utilizado na sua produção. O tipo de tecnologia utilizada depende do tamanho do investimento inicial realizado e dos fluxos econômicos para a sua manutenção e substituição.

As principais espécies pecuárias produzidas no Estado do Rio Grande do Sul são: galináceos, bovinos (leite e corte), suínos, ovinos, codornas, cavalos, caprinos, bubalinos e peixes.

Os principais produtos primários são a produção de leite e de ovos. Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1 , a espécie predominante no estado é a de galináceos, com 178 milhões de cabeças.

A segunda espécie pecuária ou tipo de rebanho com maior número de cabeças é a bovina, com um número superior a 11,9 milhões, segundo o IBGE. Também são significativos no estado os suínos (6,2 milhões de cabeças) e ovinos (3,4 milhões de cabeças). As espécies pecuárias criadas em menor escala são codornas (619,4 mil cabeças), equinos (492,4 mil), caprinos (58,9 mil) e bubalinos (49,5 mil).

O conhecimento sobre as regiões geográficas em que se distribuem esses rebanhos e espécies, e o cruzamento com informações sobre os locais onde ocorreram as precipitações extremas, transbordamentos de rios e inundações, permite fazer uma estimativa dos danos no setor.

Quanto ao rebanho bovino, 49% da produção está localizada na região Sul do estado: Sudoeste (34%) e Sudeste (15%). Outros 20% na região Noroeste e 11% no Centro Ocidental. Já as regiões Metropolitana de Porto Alegre, Nordeste e Centro Oriental contam com criação de gado, mas em menor quantidade, respectivamente 8%, 7% e 5%.

 

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Há produção pecuária em quase a totalidade do território gaúcho. Em praticamente 100% dos 497 municípios é possível encontrar criações de aves (em 496 municípios), bovinos (497), suínos (496), ovinos (494) e equinos (497). As demais espécies, embora menos, também estão bem representadas: caprinos (em 432 municípios), bubalinos (263) e codornas (243).

São 25 os municípios mais importantes no estado em produção pecuária: Alegrete (1), Santa Ana do Livramento (2), Uruguaiana (3), Dom Pedrito (4), Marau (5), Rosário do Sul (6), Nova Bréscia (7), São Gabriel (8), Santa Maria do Herval (9), Aratiba (10), Quaraí (11), Bagé (12), Westfália (13), Tupandi (14), Passo Fundo (15), Lavras do Sul (16), Teutônia (17), Estrela (18), Itaqui (19), Rio Grande (20), Caçapava do Sul (21), Santa Vitória do Palmar (22), Encantado (23), Santiago (24) e São Francisco de Assis (25).

Destes 25 municípios, 14, ou 56%, estão localizados na região Sul do estado, principalmente na região Sudoeste (11), e se destacam pela produção de bovinos, ovinos, equinos e bubalinos. Outros 6 municípios da região Centro (5 no Centro Oriental e 1 no Centro Ocidental) têm produções representativas de galináceos e suínos.

Há ainda 3 municípios no Noroeste – Marau, Aratiba e Passo Fundo – importantes pela produção pecuária de galináceos e suínos, à semelhança do Centro Ocidental. E, finalmente, os 2 últimos municípios do grupo de 25, Santa Maria do Herval e Tupandi, localizados na Região Metropolitana de Porto Alegre, mantêm criação avícola e suína, em moldes similares ao das regiões Centro Oriental, Ocidental e Noroeste.

Segundo informações da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, as principais atividades pecuárias do estado são avicultura de corte, gado de leite, gado de corte e suinocultura.

Os 10 municípios com os maiores rebanhos avícolas são, por região: Noroeste (Marau, Passo Fundo, Aratiba, Flores de Cunha, Água Santa), Centro Oriental (Nova Bréscia, Westfália e Encantado) e Região Metropolitana de Porto Alegre (Santa Maria do Herval e Tupandi).

Cada um deles conta com criações de 2,5 a 5,3 milhões de aves, sendo este último o caso de Nova Bréscia, o município recordista em produção avícola do estado.

Os 10 municípios com maior número de bovinos, também por região, são: Sudoeste (Alegrete, Santa Ana do Livramento, Uruguaiana, Don Pedrito, Rosário do Sul, São Gabriel, Quaraí, Bagé, Lavras do Sul) e Sudeste (Rio Grande). São 177 a 572 mil animais por município, sendo a maior criação do estado a de Alegrete, com aproximadamente 572.008 bovinos.

As principais informações utilizadas para a quantificação dos danos do setor pecuário foram obtidas a partir de levantamentos de campo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e estimativas feitas pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (SEAPI).

Já os dados para a contextualização das perdas com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Acrescentem-se as informações conseguidas em entrevistas com diferentes organizações ligadas ao setor, tais como: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR); Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (FARSUL); Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS); Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado do RS (SICADERGS); Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (SIPS); Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS); Sindicato das Indústrias e Produtos Derivados (SINDILAT), entre outras.

Estimam-se danos de R$ 709,6 milhões no setor pecuário gaúcho causados pelas chuvas extremas e inundações. Destes, 41% foram registrados na produção suína.

A segunda atividade econômica pecuária mais impactada em seu patrimônio foi a produção avícola, com 34% do total de danos. A produção piscícola foi a terceira mais afetada, com 16% do total dos danos estimados.

Registraram-se em menores proporções danos na produção de pastagens (6%), criação de equinos (1%), bovinos de leite (1%) e bubalinos (menos de 1%).

 

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Mais de 81% do total de danos estimados no setor pecuário corresponde às regiões Centro Ocidental (34,8%), Centro Oriental (28%) e Metropolitana (18,7%). Os demais 18% se referem às regiões Noroeste (12,2%), Nordeste (5,4%), Sudeste (0,8%) e Sudoeste (0,1%).

A região mais afetada em seus ativos de suinocultura foi a Centro Ocidental, com R$ 117,9 milhões em danos.

A maior quantidade de ativos afetados na atividade de piscicultura foi reportada na região Centro Oriental (R$ 41,4 milhões). Na Região Metropolitana de Porto Alegre se registraram os maiores danos nos ativos de produção de leite (R$ 5,1 milhões) e de búfalos (R$ 0,3 milhão).

A produção avícola sofreu danos especialmente na região Centro Ocidental (R$ 93,3 milhões) e Região Metropolitana de Porto Alegre (R$ 61,8 milhões). Quanto aos danos em plantações de pastagens, a área mais afetada foi a Centro Oriental (R$ 33,5 milhões).

Considerando as microrregiões, 91% dos danos pecuários referem-se às áreas produtivas de Restinga Seca (29,2%), Lajeado-Estrela (16,3%), São Jerônimo (10,8%), Santa Cruz do Sul (8,8%), Santa Maria (4,4%), Soledade (4%), Cruz Alta (3,8%), Guaporé (3,2%), Montenegro (2,9%), Cachoeira do Sul (2,9%), Gramado Canela (2,5%) e Porto Alegre (2%). Os 9% restantes se distribuem por outras 23 microrregiões do estado.

Os danos às pastagens foram registrados em 13 das 35 microrregiões, sendo que 5 delas concentraram 88% do total no estado: Lajeado-Estrela (R$ 17,1 milhões), Cachoeira do Sul (R$ 8,9 milhões), Santa Cruz do Sul (R$ 7,5 milhões), Litoral Lagunar (R$ 4,1 milhões) e Carazinho (R$ 0,8 milhão).

 

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PERDAS

Em pecuária, os fluxos econômicos relacionam-se à produção, anual ou cíclica, de animais de corte e de leite e de itens primários pecuários, como leite.

Para estabelecer a linha de base de forma a poder calcular o impacto do evento climático nesses fluxos e quantificar as perdas, são levadas em conta as seguintes variáveis: animais mortos, animais afetados, dias em que foram afetados, número de ciclos anuais, custo de aquisição, produtividade, grau dos efeitos no desempenho, preços de produtos pecuários, grau de impacto na qualidade e grau de reflexo no preço devido ao impacto na qualidade.

Estas variáveis dos fluxos econômicos da produção pecuária foram analisadas, agregadas e classificadas em região, microrregião, município, tipo de produção pecuária e espécie.

A produção pecuária do estado tem sido constantemente exposta a riscos e eventos climáticos extremos, e a quantificação das variáveis relacionadas aos fluxos econômicos em suas áreas afetadas é essencial para gerar políticas públicas associadas e tomadas de decisões em tempo oportuno.

A intensificação, o aumento da frequência e da gravidade de eventos climáticos extremos têm sido observados em toda a América Latina.

Esses eventos estão principalmente relacionados com o aquecimento global e com as alterações nas temperaturas da superfície do mar.

O governo estadual do Rio Grande do Sul, em suas publicações e estudos, reconhece uma intensificação dos desastres no estado nos últimos anos. A maioria desses desastres foi causada por fatores climatológicos.

No período de 2003 a 2021, um número significativo de municípios reportou alertas relacionados a secas e desastres hidrológicos. Inundações, alagamentos e enxurradas são algumas das classificações dos desastres hidrológicos ocorridos no estado.

Outros desastres meteorológicos de menor ocorrência também foram relatados, como chuvas fortes, geadas, granizo, tornados e vendavais.

O setor pecuário é uma atividade fundamental para o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul, representando de 2 a 2,8% da economia do estado (Valor Adicionado Bruto). Segundo a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, o valor bruto da produção pecuária supera R$ 33 bilhões2. Deste valor, 97,65% são atribuídos às seguintes atividades: avicultura – carne (32,05%), bovinocultura de leite (22,44%), bovinocultura de corte (21,59%), suinocultura (16,42%), avicultura – ovos (4,55%), apicultura (0,4%) e ovinocultura (0,22%). Os 2,35% do valor bruto da produção pecuária restantes são relacionados à produção de codornas, equinos, caprinos, bubalinos e outros.

 

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A produção bovina (leite e carne) representa quase a metade do valor bruto da produção pecuária, mas quando os dados são desagregados em produções individuais, sua contribuição para a economia pecuária do estado se dilui.

A contribuição econômica da produção de carne bovina (R$ 7,35 bilhões) no valor bruto da produção é quase igual à produção de leite bovino (R$ 7,64 mil bilhões). O Rio Grande do Sul exporta carne bovina para mais de 90 países do mundo e os destinos internacionais com maior consumo são: China, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai e Holanda.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção pecuária está presente em praticamente todos os 497 municípios do estado. A criação de bovinos é distribuída por todos eles, com desagregação específica para produção de carne e leite.

O mesmo ocorre com a produção de equinos. Já a de galináceos está em 496 municípios, sendo a única exceção Capão de Canoa. Também os suínos estão em todos os municípios, menos Xangri-lá. Quanto aos ovinos, só não estão presentes em Imbé, Dom Pedro de Alcântara e Esteio.

Os eventos climáticos extremos causaram perdas no setor pecuário em 475 municípios do estado. O total é estimado em aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Todas as regiões e microrregiões registraram perdas na produção pecuária em diferentes níveis, dependendo do grau de exposição e nível de vulnerabilidade, inclusive da vulnerabilidade inerente a cada espécie pecuária, às enchentes, inundações, torrentes e deslizamentos.

Das perdas totais, 48% se referiram à diminuição do ganho de peso dos animais e 43% à produção  de pastagens e redução da produção de leite bovino. As perdas relativas à morte de animais, tanto de bovinos, aves, suínos, peixes, ovinos, como de abelhas, foram estimadas em 8,49% do valor total.

As regiões Centro Oriental e Metropolitana de Porto Alegre concentraram 81% das perdas causadas por animais mortos, totalizando, respectivamente, R$ 51,9 milhões e R$ 29,6 milhões. Os outros 19% foram registrados no Centro Ocidental (R$ 8,9 milhões), Noroeste (R$ 5 milhões), Nordeste (R$ 3,3 milhões), Sudeste (R$ 1,9 milhão) e Sudoeste (R$ 0,5 milhão). Considerando as microrregiões, 80% das perdas em animais mortos estão em Santa Cruz do Sul (R$ 26,8 milhões), Lajeado-Estrela (R$ 23,8 milhões), São Jerônimo (R$ 18,4 milhões), Restinga Seca (R$ 6,2 milhões) e Montenegro (R$ 4,2 milhões).

 

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No que diz respeito à produção de pastagens, 43% das perdas totais foram observadas nas regiões Centro Ocidental (R$ 101 milhões), Centro Oriental (R$ 62 milhões) e Região Metropolitana de Porto Alegre (R$ 49,3 milhões). Outras regiões com perdas significativas em pastagens foram Noroeste (R$ 139,6 milhões) e Sudoeste (R$ 92 milhões). As regiões Nordeste (R$ 30,2 milhões) e Sudeste (R$ 19 milhões) tiveram perdas, mas em menor proporção.

As microrregiões Campanha Ocidental (R$ 79,9 milhões), Santiago (R$ 49 milhões), Santa Maria (R$ 35,2 milhões), Frederico Westphalen (R$ 32,8 milhões), São Jerônimo (R$ 26,9 milhões) e Lajeado-Estrela (R$ 24,9 milhões) foram as áreas de produção de pastagens com maiores perdas, representando 50% do total de perdas em pastagens.

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As perdas pecuárias mais significativas estão relacionadas com a falta de acesso à alimentação, estresse e condições inadequadas para o desenvolvimento dos animais. Esta situação provoca perdas de gado por diminuição de peso e redução no ritmo de crescimento.

As regiões Centro Ocidental (R$ 139,7 milhões), Centro Oriental (RS$ 116,3 milhões) e Metropolitana de Porto Alegre (R$ 46,5 milhões) registraram 53% das perdas por estes motivos.

As regiões Noroeste (R$ 101 milhões) e Nordeste (R$ 94,6 milhões) também estimaram perdas significativas por diminuição de peso de seus animais. As regiões com menores perdas correspondentes a essa variável foram Sudeste (R$ 50,8 milhões) e Sudoeste (R$ 26,6 milhões). As microrregiões de Santa Maria (R$ 72,3 milhões), Lajeado-Estrela (R$ 58,8 milhões), Vacaria (R$ 46,9 milhões), Santiago (R$ 46 milhões), Litoral Lagunar (R$ 29,2 milhões) e Cachoeira do Sul (R$ 29 milhões) registraram as maiores perdas por redução de peso de animais, representando 49% do total.

Levando-se em conta a criação por espécie, a produção bovina concentra as maiores perdas estimadas, com 48% do total registrado no estado. Outras espécies com perdas produtivas importantes, mas em menor escala, são: aves (R$ 59,1 milhões), suínos (R$ 36,7 milhões), ovinos (R$ 12,9 milhões), peixes (R$ 8,6 milhões), equinos (R$ 3,9 milhões), apicultura (R$ 1,8 milhão) e bubalinos (RS 0,3 milhão).

O impacto nas pastagens foi significativo para a produção de diversas espécies pecuárias. As perdas totais na produção de pastagens corresponderam a mais de 41% das perdas totais relacionadas à produção bovina, por exemplo. Do total de perdas no setor pecuário, 90% correspondem à soma de perdas na produção de pastagens e outras perdas na produção bovina.

As regiões Centro Oriental (R$ 122 milhões), Metropolitana de Porto Alegre (R$ 67,1 milhões) e Centro Ocidental (R$ 144 milhões) registraram 58% das perdas na produção bovina. Outras regiões com perdas produtivas significativas na espécie bovina foram Noroeste (R$ 84,2 milhões) e Nordeste (R$ 79 milhões). Em cada uma delas, as microrregiões com maiores perdas reportadas foram Santa Cruz do Sul (R$ 53,4 milhões), São Jerônimo (R$ 31,8 milhões) e Santa Maria (R$ 72,4 milhões).

CUSTOS ADICIONAIS

Uma extensa área de terra dedicada ao cultivo de pastagens nativas, forrageiras e para silagem foi impactada pelos eventos climáticos. Os solos dedicados à produção de pastagens também foram sujeitos à erosão hídrica, assim como os solos agrícolas.

A camada superficial destes solos pecuários foi afetada pela redução dos níveis de matéria orgânica, em alguns casos, e, em outros, pela lavagem da fertilidade presente nos primeiros 30 cm.

A remoção de partículas de solo de uma área para outra é inevitável no transbordamento de rios e torrentes de água. Podem ocorrer, também, como decorrência desses eventos, a lavagem de macronutrientes, o desequilíbrio de micronutrientes e a alteração da química do solo.

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A EMATER estima que mais de 2,7 milhões de hectares de solo agropecuário foram afetados em sua estrutura e fertilidade. Estima-se que 29% desta área correspondam à produção de pastagens.

Um efeito negativo na produção de pastagens pode causar descompensação na cadeia de abastecimento alimentar dos animais, que, por sua vez, tem como consequência o aumento no custo de produção e nos níveis de produtividade por ganho de peso.

A restauração das condições do solo é, portanto, essencial para a sustentabilidade da cadeia de abastecimento alimentar.

As condições dos solos pecuários após um evento climático ou erosão hídrica devem ser avaliadas com o objetivo de determinar desequilíbrios e alterações no solo. As análises de solo devem ser realizadas com base numa distribuição amostral estratificada representativa, com o objetivo de mostrar a sua verdadeira situação.

As correções podem envolver o uso de máquinas para remover elementos estranhos, aplicação de correções à estrutura do solo, alterações para corrigir o equilíbrio acidez/ alcalinidade e aplicações para corrigir certos níveis de macro e microelementos lavados ou lixiviados.

Foram estabelecidos custos adicionais envolvendo a análise da fertilidade da área afetada e ações para recuperação da fertilidade e capacidade produtiva da camada superficial do solo.

 

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O solo é um dos ativos mais importantes do processo produtivo pecuário. O acesso a esse ativo pode se refletir na expansão das atividades produtivas, bem como a sua qualidade e sustentabilidade podem representar um diferencial nas estratégias para melhorar a eficiência e produtividade. Alterações no solo podem ocorrer devido a mudanças climáticas e processos erosivos.

As enchentes e inundações de abril e maio desencadearam um processo muito intenso de erosão hídrica que precisa ser revertido para garantir a sustentabilidade e rentabilidade da produção pecuária no Rio Grande do Sul. Informações sobre custos adicionais privados não estavam disponíveis até a conclusão deste relatório.

O relatório completo pode ser acessado aqui.

 

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