O maior queijo frescal do Brasil agora tem endereço: Curvelândia, município com pouco mais de 5 mil habitantes em Mato Grosso.
Durante a 15ª edição da tradicional Festa do Queijo, realizada em junho de 2025, uma indústria local produziu um queijo frescal de 3.005 quilos, feito a partir de mais de 28 mil litros de leite coletados em 11 municípios da região sudoeste do estado.
A façanha foi oficialmente reconhecida pelo RankBrasil, entidade responsável por homologar recordes nacionais.
O desafio foi liderado pelo Laticínio Rovigo, em parceria com o Sindicato das Indústrias de Laticínios de Mato Grosso (Sindilat MT), e se transformou em um marco para a cadeia láctea da região.
A produção contou com equipamentos desenvolvidos especialmente para o projeto, além de protocolos de segurança alimentar, refrigeração e transporte que permitiram o êxito do recorde.
Segundo o fiscal do RankBrasil, Luciano Cadari, a certificação só foi concedida após acompanhamento presencial de todas as etapas. “Estive durante toda a produção e pesagem, e certificamos que o Laticínio Rovigo produziu o maior queijo frescal do Brasil”, afirmou.
Indústria como motor de transformação
Para o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Silvio Rangel, o recorde demonstra a força transformadora do setor. “A indústria tem um poder incrível de transformação. Prova disso é que, em uma cidade de somente 5 mil habitantes, foi produzido o maior queijo do Brasil.

O setor de laticínios é pujante, gera emprego e renda em todas as regiões. Todos estão de parabéns. A Fiemt está presente, apoiando os desafios da indústria de Mato Grosso”, destacou.
À frente do projeto esteve o mestre queijeiro Antonio Bornelli, também diretor da Fiemt e vice-presidente do Sindilat MT. Ele lembrou que o feito é resultado de uma trajetória de anos. “Estou muito orgulhoso de ter conseguido produzir esse queijo gigante.
Mas ele não é só do meu laticínio, é de Curvelândia. Começamos com um queijo de 90 quilos e fomos aumentando. Desenvolvemos equipamentos próprios e, no sábado, mobilizamos toda a equipe para esse desafio”, relatou.
Mobilização coletiva e celebração
A produção do queijo recordista não ficou restrita ao laticínio. Mais de 7 mil pedaços foram distribuídos gratuitamente para a população, com apoio de funcionários e voluntários.
Para moradores como Cleonice da Silva, a conquista também é motivo de orgulho. “Todo ano venho na festa para pegar um pedaço de queijo. Tenho orgulho de morar em Curvelândia, onde tem o maior queijo do Brasil”, disse emocionada.
O prefeito Jadilson de Souza reforçou o impacto econômico da cadeia do leite para o município. “A cadeia do leite é responsável por mais de 30% da nossa economia. Somos cercados por cerca de 650 pequenas propriedades que movimentam a produção. Essa festa reuniu 25 mil pessoas em três dias, quintuplicou a quantidade de habitantes”, afirmou.
Na base da produção, os pequenos produtores também celebraram. Jailton de Sá, pecuarista da região, lembrou que o queijo gigante começa no curral. “Se a gente não levantar cedo e tirar o leite, não tem queijo. É um orgulho fazer parte de todo esse processo”, destacou.
Festa com raízes na luta do setor
A Festa do Queijo de Curvelândia nasceu em 2002 como forma de protesto contra os baixos preços pagos ao leite. Desde então, o evento evoluiu para se consolidar como uma das principais celebrações do setor lácteo no Centro-Oeste, atraindo visitantes de várias regiões.
A edição de 2025, organizada pela prefeitura, reforçou esse papel ao reunir agroindústria, produtores e consumidores em um mesmo espaço.
Mais do que um recorde, o queijo gigante simboliza a união de uma comunidade e a força de uma cadeia produtiva que movimenta a economia local e estadual. O feito de Curvelândia agora está registrado no RankBrasil, mas, sobretudo, na memória de quem viveu e participou desse momento histórico para o setor lácteo brasileiro.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Só Notícias