Produção de leite no Brasil cresce 9,3% no 2º trimestre de 2025, mesmo em cenário de entressafra, segundo estimativas preliminares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O volume captado formalmente no país alcançou aproximadamente 6,5 bilhões de litros, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Além do avanço expressivo em termos anuais, chamou a atenção o crescimento de 0,1% frente ao primeiro trimestre do ano, resultado considerado inédito na série histórica para esta época do calendário produtivo.
Tradicionalmente, o segundo trimestre é marcado pela entressafra, com queda de volumes e maior pressão de custos. No entanto, o comportamento observado em 2025 aponta para maior eficiência da produção e adaptação tecnológica em diversas regiões do país.
A expansão também reflete a resiliência do setor em meio às oscilações de preços e à crescente demanda por derivados lácteos.
No cenário internacional, o 386º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT) registrou preço médio de US$ 4.291 por tonelada para os produtos lácteos.
O movimento refletiu estabilidade tanto em preços quanto em volumes comercializados. Entre os itens negociados, o leite em pó integral (LPI) foi o único a apresentar variação positiva, com alta de 0,3%, reafirmando sua posição como referência global de preços.
Goiás: crescimento em valor, perda relativa no agro
Em Goiás, o Valor Bruto da Produção (VBP) do leite deve alcançar R$ 5,89 bilhões em 2025, segundo estimativas locais. O montante representa crescimento de 6,7% frente a 2024, quando o VBP do setor havia sido de R$ 5,52 bilhões.
Apesar desse avanço em números absolutos, a participação relativa do leite no VBP agropecuário estadual recuou de 5,2% em 2024 para 4,9% em 2025.
Essa queda não se deve a uma retração da atividade leiteira, mas sim ao forte crescimento do VBP total de Goiás, que passou de R$ 105,9 bilhões em 2024 para R$ 120,1 bilhões neste ano, alta de 13,4%.
O resultado mostra a força de outros segmentos do agronegócio goiano, como grãos e proteína animal, que avançaram em ritmo superior.
Exportações goianas: queda pontual, saldo positivo
No mercado externo, os embarques de lácteos produzidos em Goiás tiveram retração em julho de 2025, impactados pela ausência de vendas para o Chile — segundo principal destino da produção goiana.
Nesse mês, apenas os Estados Unidos importaram produtos lácteos de Goiás, com volume total de 62 toneladas.
Apesar dessa oscilação mensal, o desempenho acumulado de janeiro a julho de 2025 continua positivo. Segundo dados oficiais, o estado registrou avanço de 27,2% no volume exportado em relação a 2024, atingindo 411 toneladas no período.
Isso demonstra que a base exportadora de Goiás segue em trajetória de consolidação, ainda que fortemente dependente de alguns mercados estratégicos.
Perspectivas para o setor
A expansão da captação formal no Brasil, em pleno período de entressafra, e o desempenho de Goiás em termos de VBP e exportações revelam um setor dinâmico, mas também sujeito a desafios. Entre eles, destacam-se:
- a necessidade de diversificar mercados externos, reduzindo a dependência de poucos países compradores;
- a competitividade com outras cadeias do agronegócio, que avançam em ritmo acelerado;
- a volatilidade dos preços internacionais, ainda marcada por estabilidade frágil no GDT.
Para produtores e indústrias, os dados indicam espaço para planejamento estratégico. A resiliência demonstrada em 2025 pode abrir caminho para investimentos em tecnologia, produtividade e fortalecimento da presença internacional do leite brasileiro.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de SEAPA