Os vereadores Ravier Centenaro (PSD) e Vivi De Carli (PODEMOS), do município de São Miguel do Oeste (Santa Catarina), apresentaram uma moção de apelo solicitando ações urgentes em defesa dos produtores de leite do Brasil. A proposta, aprovada por unanimidade na Câmara Municipal, foi encaminhada ao governo federal e estadual, cobrando medidas para conter a crise que afeta o setor.
Segundo os autores, o setor leiteiro enfrenta uma grave crise provocada pela queda no preço pago ao produtor. Essa desvalorização, afirmam, é consequência direta da concorrência desleal gerada pelas importações de leite e derivados a preços muito abaixo do custo de produção nacional. O impacto atinge especialmente as famílias rurais que têm no leite a principal fonte de renda e sustento.
“Estamos vendo produtores desistindo da atividade porque o que recebem não cobre os custos de produção”, destacaram os vereadores na justificativa da moção.
A defesa do leite nacional
A moção pede que as autoridades federais e estaduais assegurem um preço justo ao litro do leite, compatível com os custos reais de produção. Além disso, os vereadores pedem a proibição das importações de leite e derivados vendidos no mercado interno por valores inferiores aos praticados pelos produtores brasileiros.
Os parlamentares também solicitaram políticas públicas específicas para fortalecer o setor, com foco em competitividade, renda e dignidade para as famílias agricultoras. A proposta, segundo eles, busca garantir não apenas a sobrevivência dos produtores, mas também a segurança alimentar nacional e a manutenção de milhares de empregos no campo.
Mobilização em defesa do produtor
O pedido foi subscrito por todos os vereadores da Câmara de São Miguel do Oeste, evidenciando consenso político em torno da pauta. A moção foi encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ao governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, e ao secretário estadual de Agricultura e Pecuária, Carlos Chiodini.
“O leite é a base da economia rural em nossa região. Não podemos permitir que a produção nacional seja destruída por políticas de importação injustas”, afirmou Centenaro durante a sessão.
Com essa moção, o legislativo municipal busca pressionar o governo federal a revisar as políticas de importação e a adotar medidas que valorizem o produto nacional. Em Santa Catarina, o leite é um dos pilares da agropecuária, com destaque para o Oeste catarinense, onde pequenas e médias propriedades familiares respondem por grande parte da produção estadual.
Crise do leite: um desafio nacional
Nos últimos meses, entidades representativas do setor, como a Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (FAESC) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), têm alertado para o aumento das importações de leite em pó e outros derivados, principalmente oriundos do Mercosul.
Essas importações, muitas vezes subsidiadas, reduzem a competitividade do produtor brasileiro e pressionam para baixo o preço pago nas propriedades.
De acordo com dados recentes do Ministério da Agricultura, o Brasil importou milhões de litros de leite e derivados ao longo de 2024, em volumes que superaram os níveis históricos. Enquanto isso, o custo interno de produção — impactado por insumos, energia e transporte — continua elevado, tornando a atividade cada vez menos viável economicamente.
A urgência de políticas estruturantes
A moção aprovada pelos vereadores de São Miguel do Oeste reforça o clamor de várias regiões do país por intervenção governamental imediata. As demandas incluem:
- Definição de preço mínimo nacional compatível com o custo de produção;
- Controle temporário das importações de leite e derivados a preços inferiores;
- Apoio técnico e financeiro a produtores familiares;
- Incentivo à industrialização local e à diferenciação de produtos regionais.
O documento encerra com um apelo para que a pauta seja tratada com caráter de urgência, de modo a evitar a desestruturação da cadeia produtiva e a evasão rural. “Garantir o preço justo ao leite é garantir o futuro do campo e da alimentação brasileira”, conclui o texto.
Contexto regional
O estado de Santa Catarina é o quarto maior produtor de leite do Brasil, segundo dados do IBGE. A produção está concentrada no Oeste, região caracterizada por propriedades familiares que dependem fortemente da atividade para sustento e geração de renda.
A continuidade da crise, sem medidas concretas, pode comprometer a segurança alimentar e enfraquecer um dos setores mais tradicionais da economia catarinense.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Fotos e Notícias