O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu sinal verde, sem restrições, para que a Laticínios Tirolez adquira a totalidade das ações da Levitare Indústria e Comércio de Laticínios e da Búfalo Brasil Agroindústria. O aval da Superintendência-Geral foi publicado no Diário Oficial da União e representa um marco estratégico para uma das maiores marcas de queijos do país.
A decisão, que chega num momento de consolidação e concentração do setor lácteo brasileiro, amplia significativamente o portfólio da Tirolez, que passa a contar com mais de 50 produtos à base de leite de búfala, um nicho ainda restrito, mas com alto potencial de valor agregado.
🐃 Um novo território para a Tirolez
Com a incorporação da Levitare — marca reconhecida pela produção de mozzarellas, burratas e ricotas de búfala — a Tirolez entra oficialmente no segmento de laticínios premium. Até então, a empresa não possuía operação nesse tipo de leite, produzido por apenas uma fração dos criadores e com forte apelo gourmet e nutricional.
O movimento é visto no mercado como uma tentativa da Tirolez de diversificar sua base de produtos e ampliar sua presença em categorias de maior margem, num contexto em que o consumidor busca diferenciação e qualidade.
Fontes ligadas à empresa relataram que o interesse pela Levitare e pela Búfalo Brasil nasceu do crescimento constante da demanda por queijos finos e produtos artesanais, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. O leite de búfala, com teor mais alto de gordura e proteína, é considerado ideal para receitas de queijos frescos e manteigas especiais, e vem ganhando destaque nas prateleiras gourmet.
🏭 Estrutura industrial e sinergias
A Tirolez possui atualmente fábricas em Minas Gerais (Tiros e Arapuá), São Paulo (Monte Aprazível e Lins) e Santa Catarina (Caxambu do Sul). A planta da Levitare, situada no Vale do Ribeira (SP), deve ser integrada gradualmente à rede produtiva do grupo, aproveitando sinergias logísticas e industriais.
Segundo o CEO da Tirolez, Marcel de Barros, em entrevista ao Broadcast Agro em outubro, a empresa projeta crescimento anual acima de 10% até 2027, com a meta de alcançar R$ 2,5 bilhões em faturamento. O executivo destacou que a entrada no segmento de leite de búfala reforça o compromisso da companhia com a inovação e o posicionamento premium.
“Para a Tirolez, a operação representa uma oportunidade de ingressar num novo segmento de mercado, já que atualmente não produz laticínios a partir de leite de búfala, um negócio promissor no setor”, declararam as empresas ao Cade durante o processo de análise.
A operação também é vantajosa para os antigos controladores da Levitare e da Búfalo Brasil, que terão a possibilidade de se capitalizar e redirecionar investimentos para outros ramos do agronegócio.
📈 O apetite por consolidação no setor lácteo
O caso Tirolez-Levitare se insere num movimento mais amplo de consolidação da indústria de laticínios no Brasil, que tem visto grupos médios e grandes buscarem escala e diferenciação por meio de aquisições. A tendência é alimentada tanto pela volatilidade dos custos de produção quanto pela necessidade de ganhar eficiência na distribuição e na gestão de marcas.
No mercado de queijos, a concorrência é cada vez mais intensa. Além da própria Tirolez, nomes como Itambé, Vigor, Piracanjuba e Polenghi disputam o protagonismo em categorias específicas. A entrada da Tirolez no universo dos produtos de búfala promete aquecer ainda mais esse cenário.
Segundo analistas do setor, o leite de búfala tem potencial para crescer dois dígitos ao ano no Brasil, embora o custo de produção e a logística de captação ainda sejam desafios. A região do Vale do Ribeira, onde opera a Levitare, é considerada um dos principais polos desse tipo de produção, com cooperativas e fazendas especializadas.
💡 Uma aposta em diferenciação e valor
O movimento da Tirolez confirma uma virada estratégica: sair da zona de conforto dos queijos tradicionais e investir em nichos de maior valor agregado. É também uma resposta a um consumidor urbano, conectado e disposto a pagar mais por qualidade e origem controlada.
Enquanto isso, o Cade segue atento à crescente concentração do mercado de laticínios, mas, neste caso, avaliou que a operação não representa riscos à concorrência, uma vez que o segmento de leite de búfala ainda é pequeno e pulverizado.
Com o aval oficial, a Tirolez dá mais um passo no seu projeto de expansão e consolidação como uma das líderes nacionais do setor lácteo.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de ISTOÉ Independente






