ESPMEXENGBRAIND
4 dez 2025
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O interesse por whey protein para pets aumentou em 2024, mas veterinários alertam que o suplemento humano pode sobrecarregar rins e fígado dos animais 🐶
Veterinários alertam: suplementar whey protein nem sempre faz bem 🐕
Veterinários alertam: suplementar whey protein nem sempre faz bem 🐕

O interesse de tutores pelo whey protein para cães e gatos ganhou força nos últimos anos e virou assunto recorrente entre quem busca melhorar a dieta dos pets por meio de ingredientes considerados funcionais.

A tendência, contudo, não avança sem levantar preocupações entre veterinários, que alertam: o suplemento proteico desenvolvido para humanos não deve ser oferecido aos animais e pode causar danos à saúde.

Dados apresentados no Petfood Forum Brasil, realizado dentro da feira PET South America em São Paulo, revelam esse movimento. Entre 2023 e 2024, a procura por suplementos proteicos cresceu 20% no caso dos cães e 9% no dos gatos. Para muitos especialistas, esse aumento expressivo reflete o desejo dos tutores de ampliar o aporte nutricional dos bichos, mas também expõe um risco: a confusão entre o que é adequado para humanos e o que é seguro para animais.

A médica veterinária Kássia Vieira, doutora em Saúde Animal e professora de Comportamento e Bem-estar Animal da Universidade Católica de Brasília, explica que o whey protein tradicional não é compatível com o metabolismo de cães e gatos. Segundo ela, a diferença começa no ingrediente base. “O suplemento proteico produzido para humanos contém proteínas do leite, e isso o torna impróprio para os animaizinhos”, destaca.

A principal razão é a lactose. Cães e gatos adultos costumam ter baixa tolerância à substância e não metabolizam bem seu consumo. Quando ingerida em excesso, pode causar desconforto gastrointestinal, inflamação e, em casos mais graves, sobrecarga renal e hepática. Para a especialista, esse é um ponto crucial para entender a incompatibilidade. “Por causa da metabolização diferente, cães e gatos não toleram a lactose. Não digerem bem esse tipo de conteúdo”, diz.

Outro aspecto frequentemente ignorado pelos tutores é que a alimentação completa — especialmente as rações comerciais de qualidade — já contempla as necessidades proteicas dos animais. A composição nutricional, disponível no verso das embalagens, indica a quantidade de proteína ajustada ao peso, idade e nível de atividade do pet. “Essas rações já possuem a suplementação necessária. Essa dieta é suficiente para a esmagadora maioria dos animais”, reforça Kássia.

Ainda assim, existem situações específicas em que suplementos proteicos podem ser considerados. Nesses casos, no entanto, não se trata de whey protein, mas de proteínas isoladas desenvolvidas especialmente para o metabolismo dos pets. Podem ser indicadas para animais idosos, debilitados, com doenças crônicas, perda de massa ou desnutrição. A lógica, nestes cenários, não é o ganho muscular, mas sim o suporte nutricional. “Uma suplementação proteica em animais seria usada de forma muito específica, e não com whey. A ideia é ajudar na alimentação, não construir massa”, esclarece a veterinária.

Ela lembra que o uso inadequado do whey protein convencional pode sobrecarregar órgãos vitais, especialmente rins e fígado, aumentando o risco de doenças a médio e longo prazo. “É uma contraindicação mesmo. Até a versão supostamente desenvolvida para eles não costuma ser necessária”, completa.

Com a popularização das dietas caseiras e naturais, muitos tutores passaram a adotar suplementos por conta própria, guiados por modismos de nutrição humana. Para os especialistas, esse hábito precisa ser repensado. Cada espécie possui particularidades metabólicas que exigem orientação profissional antes de qualquer alteração na dieta.

A recomendação final é clara: antes de introduzir qualquer forma de suplementação proteica, o tutor deve buscar orientação veterinária. Em boa parte dos casos, a alimentação adequada já oferece tudo o que o animal precisa. E onde há necessidade real, existem alternativas seguras, formuladas especialmente para eles.

A moda do whey protein para pets pode até parecer inofensiva ou bem-intencionada, mas exige prudência. No universo da nutrição animal, aquilo que funciona para humanos não se aplica necessariamente aos bichos — e essa diferença pode custar caro à saúde deles.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Correio Braziliense

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