ESPMEXENGBRAIND
5 dez 2025
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🚀 A identificação da Kappa caseína coloca produtores brasileiros na rota de maior eficiência e competitividade.
🐃 Pesquisa da ABCB e do IZ revela como a Kappa caseína pode elevar rendimento e valor do queijo de búfala no país.
🐃 Pesquisa da ABCB e do IZ revela como a Kappa caseína pode elevar rendimento e valor do queijo de búfala no país.

A Kappa caseína acaba de ganhar protagonismo na bubalinocultura brasileira graças a um método inédito desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Zootecnia (IZ), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

O trabalho, conduzido a pedido da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB), traz uma ferramenta genética capaz de identificar o gene CSN3, determinante para o rendimento do leite e para a qualidade do queijo de búfala — dois pilares de competitividade no setor.

Segundo relataram técnicos envolvidos no estudo, a inovação surge em resposta a uma demanda crescente dos produtores por instrumentos de seleção mais precisos e economicamente vantajosos. A pesquisa integra o Programa de Avaliação Genética em Búfalos da ABCB e analisou cerca de 600 animais de diferentes criadores associados, permitindo mapear variações genéticas diretamente ligadas à eficiência produtiva.

Por que a Kappa caseína importa tanto

O pesquisador científico do IZ, Anibal Eugênio Vercesi Filho, explicou que, entre as proteínas presentes no leite, as caseínas são as que mais influenciam o processamento de queijos — e, dentro delas, a Kappa caseína desempenha papel crítico. Ele destacou que a nova metodologia funciona de forma semelhante a testes de paternidade, mas voltada à detecção específica do gene responsável por características desejáveis na transformação do leite.

De acordo com Vercesi Filho, a genética da Kappa caseína pode se apresentar em três variantes — AA, AB e BB — e essa distinção é decisiva. Búfalas com genótipo BB oferecem rendimento de leite para queijo até 10% superior ao das portadoras do genótipo AA, um diferencial significativo num produto que tradicionalmente exige cinco litros de leite para gerar um quilo de queijo.

O pesquisador ressaltou que, ao ter acesso a essa informação, o produtor passa a tomar decisões mais estratégicas, tanto na escolha de matrizes e reprodutores quanto no planejamento de médio prazo de seu programa de melhoramento. A avaliação genética, afirmou, não apenas eleva a rentabilidade como aumenta a previsibilidade dos resultados industriais.

Produtores já sentem os impactos do avanço

Entre os participantes está o Laticínio Família Rossato, de São Paulo. O proprietário e presidente do Conselho Administrativo da ABCB, Caio Rossato, avaliou que a parceria entre produtores e instituições públicas foi determinante para viabilizar o projeto. Ele comentou que a variante BB da Kappa caseína traz ganhos simultâneos de rendimento e qualidade, atributos fundamentais para produtos premium, como a mozzarella de búfala.

Rossato lembrou que a iniciativa começou em 2022, estimulada por uma necessidade direta dos criadores. O apoio financeiro do CNPq e a execução técnica do IZ de Nova Odessa permitiram estruturar uma pesquisa consistente e com resultados aplicáveis à realidade do campo. Para ele, o momento é de colheita: “Nada acontece da noite para o dia; estamos vendo na prática o valor de investir em ciência com visão de longo prazo”.

Um marco para a genética bubalina

O presidente da ABCB, Simon Riess, reforçou que o estudo representa um divisor de águas na pecuária bubalina nacional. Segundo declarou, a identificação precisa da Kappa caseína abre uma frente robusta para programas de seleção genética sustentáveis e economicamente inteligentes, alinhando produtividade, qualidade e competitividade internacional.

Riess afirmou também que o Instituto de Zootecnia está preparado para auxiliar produtores de qualquer região do país interessados em testar seus animais e iniciar processos de melhoramento orientados pelo gene. A expectativa é que o acesso ao serviço, aliado à difusão dos resultados, incentive uma modernização mais acelerada do rebanho brasileiro.

Com a nova metodologia, o Brasil dá um passo estratégico para consolidar sua posição no mercado de lácteos de búfala — tanto no fornecimento de leite quanto na produção de queijos artesanais e industriais. A ciência, mais uma vez, se mostra um pilar decisivo na construção de competitividade no agronegócio.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Portal do Agronegócio

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