O leite foi o grande motor do desempenho agropecuário do Ceará no terceiro trimestre de 2025, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A captação pelas indústrias do Estado registrou a maior alta percentual do País e estabeleceu um novo patamar de participação cearense no setor lácteo nacional, ao lado de avanços expressivos nos abates de bovinos, suínos e frangos. Apesar da trajetória positiva na pecuária, a avicultura de postura apresentou retração, criando um contraste entre as diferentes cadeias produtivas.
De acordo com as estatísticas oficiais, a aquisição de leite cru pelos laticínios cearenses atingiu 132 milhões de litros no 3º trimestre. Especialistas consultados pelo eDairyNews Brasil destacam que o salto de 34,8% sobre o mesmo período de 2024 supera com folga a média brasileira, estimada em 10,2%. A intensidade do crescimento também se confirmou no comparativo trimestral, com avanço de 5,2% sobre o segundo trimestre de 2025. Fontes do setor afirmam que o movimento reflete maior oferta regional, investimentos em captação e ampliação da rota de coleta em microrregiões tradicionalmente menos atendidas.
A industrialização acompanhou esse ritmo. Segundo o IBGE, tanto o volume de leite cru adquirido quanto o volume processado cresceram 34,8% na comparação anual, reafirmando o dinamismo do processamento local. O preço médio pago ao produtor, de R$ 2,33 por litro, manteve estabilidade frente a 2024, embora tenha recuado 3% em relação ao trimestre anterior, movimento que analistas atribuem ao aumento da oferta e à recomposição dos estoques nacionais.
A pecuária de corte também registrou avanços robustos. O abate de bovinos somou 46.526 cabeças no trimestre, um crescimento de 28,1% frente ao mesmo período do ano anterior. Técnicos ouvidos pelo eDairyNews Brasil destacam que o acréscimo de 10.220 animais confirma uma tendência de expansão da atividade no Estado, impulsionada pela recomposição de rebanhos e pelo aumento na capacidade instalada de frigoríficos regionais. Em relação ao segundo trimestre, a elevação foi de 9,4%. O peso total das carcaças atingiu 9.795 toneladas, alta de 26,8% ante 2024.
No segmento de suínos, o Ceará voltou a se posicionar entre os principais avanços percentuais do País. O abate alcançou 56.871 cabeças, alta de 42,1% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. Apesar da magnitude do salto anual, houve leve recuo de 0,28% frente ao trimestre imediatamente anterior. Dados ampliados do IBGE mostram que, na comparação acumulada anual, o Estado registrou avanço de 34,8% no número de suínos abatidos e de 26,4% no peso total das carcaças. Segundo fontes da indústria, a expansão tem relação direta com melhorias no sistema de integração e aumento de produtividade em granjas comerciais.
A avicultura de corte também apresentou desempenho positivo. O Ceará abateu 10,04 milhões de frangos no período, crescimento de 3,31% frente ao terceiro trimestre de 2024. O peso total das carcaças chegou a 19.414 toneladas, em alta de 11,6% na comparação anual. Para analistas, o movimento acompanha a tendência nacional, ainda que em ritmo moderado, refletindo ajustes de oferta realizados ao longo do primeiro semestre.
O único ponto de inflexão do relatório do IBGE diz respeito à produção de ovos. O Estado registrou 57 milhões de dúzias no trimestre, queda de 10% em relação ao ano anterior. O efetivo de galinhas recuou 12,8%, o que explica parte da retração. Na comparação com o segundo trimestre, o volume produzido caiu 5,4%. O comportamento contrasta com o crescimento nacional de 2,6% e com desempenhos positivos de outros estados do Nordeste, como Rio Grande do Norte (+63,5%) e Pernambuco (+7,5%). Fontes do setor afirmam que a redução da escala produtiva e o aumento dos custos de alimentação contribuíram para o recuo.
Mesmo com participação relativamente modesta no total brasileiro, o Ceará se destacou nacionalmente pelo vigor de seus indicadores. A taxa de aumento no leite foi a maior do País. Em bovinos, o avanço de 28,1% superou, de forma significativa, os 7,4% da média nacional. Nos suínos, o crescimento de 34,8% ultrapassou com folga os 5,3% do Brasil. Em frangos, o ritmo de 3,6% ficou ligeiramente acima da média de 2,9%. Com esse conjunto de resultados, o Estado consolidou um dos desempenhos mais dinamizados da pecuária brasileira no trimestre.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de O Povo






