A exportação é hoje a principal alavanca de crescimento e sustentação da indústria de queijos italianos no cenário internacional.
Essa é a convicção de Attilio Zanetti, presidente e diretor-presidente do grupo Zanetti S.p.A., um dos maiores players globais do setor e o principal exportador de Grana Padano e Parmigiano Reggiano.
Em um ambiente marcado por instabilidade geopolítica, disputas comerciais e mudanças no consumo, Zanetti avalia que olhar para fora deixou de ser uma opção estratégica e passou a ser uma necessidade estrutural. Segundo ele, a competitividade do queijo italiano depende cada vez mais da capacidade de ampliar mercados, otimizar logística e manter investimentos contínuos em produtividade e eficiência.
Ao analisar o contexto recente das relações comerciais entre União Europeia e Estados Unidos, o executivo reconhece que o debate em torno das tarifas gerou incertezas. No entanto, ressalta que o desfecho trouxe estabilidade ao setor. O acordo manteve o imposto de 15% sobre produtos como Grana Padano e Parmigiano Reggiano, sem alterações adicionais.
De acordo com Zanetti, esse cenário permitiu ao grupo manter uma trajetória positiva nas vendas externas. Ele observa que, mesmo com o custo tarifário, a demanda nos Estados Unidos segue consistente, refletindo o posicionamento premium dos queijos italianos no mercado norte-americano e a fidelidade do consumidor ao produto de origem controlada.
Além do eixo tradicional formado por União Europeia e Estados Unidos, a estratégia de exportação do grupo Zanetti tem se ampliado para outras regiões. Um dos destaques é a Ásia-Pacífico, área considerada prioritária para o crescimento nos próximos anos. Embora a China tenha registrado uma estabilização após ciclos de forte expansão, outros mercados asiáticos vêm apresentando desempenho expressivo.
Zanetti aponta Japão, Coreia do Sul e países do Sudeste Asiático como polos de demanda em ascensão. Segundo ele, trata-se de mercados onde o consumidor valoriza qualidade, tradição e segurança alimentar — atributos associados aos grandes queijos italianos. Ainda há, conforme avalia, espaço relevante para fortalecer a presença e ampliar volumes.
Outro mercado observado com atenção é a Índia. O executivo descreve o país como um território de enorme potencial, impulsionado pelo crescimento populacional e pelo aumento da renda de uma parcela significativa da sociedade. Ele estima que cerca de 10% da população indiana possui elevado poder aquisitivo, além da presença de uma rede robusta de hotéis de luxo, capazes de absorver produtos premium importados.
No entanto, a entrada plena dos queijos italianos no subcontinente enfrenta um obstáculo regulatório e cultural: o uso do coalho animal. Por razões religiosas, o mercado indiano exige alternativas de origem vegetal. Zanetti explica que o Consórcio do Grana Padano está trabalhando em ajustes no disciplinar de produção para viabilizar o acesso ao país sem comprometer a identidade do produto.
No continente europeu, a exportação também segue em trajetória positiva, ainda que de forma heterogênea. Alguns países têm se destacado pelo dinamismo recente, entre eles Sérvia, Espanha, Polônia e Romênia. Para Zanetti, esses mercados representam oportunidades relevantes tanto em volume quanto em consolidação de marca.
A África aparece como outro vetor emergente. Além da África do Sul, que já apresenta demanda consistente, Marrocos vem ampliando compras. O grupo também mantém presença em outros países africanos, ainda que com volumes menores, como parte de uma estratégia gradual de posicionamento.
Na América Latina, Zanetti enxerga oportunidades associadas aos acordos comerciais do Mercosul. Embora o consumo per capita de queijos maturados ainda seja limitado na região, o executivo acredita que há espaço para crescimento no médio prazo, especialmente com o avanço da classe média e da gastronomia internacional.
Para o presidente do grupo Zanetti, a mensagem é clara: em um mundo cada vez mais competitivo e instável, a exportação não é apenas um caminho de crescimento, mas o eixo central para garantir a relevância e a sustentabilidade dos queijos italianos no mercado global.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de CLAL News






