ESPMEXENGBRAIND
23 dez 2025
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O leite sem lactose ganha espaço entre urbanos, investidores e indústrias, mudando o perfil do maior produtor global 🥛
A Índia vive um reset lácteo: o avanço do leite sem lactose eleva margens e atrai capital 🧬
A Índia vive um reset lácteo: o avanço do leite sem lactose eleva margens e atrai capital 🧬

O leite sem lactose está no centro de uma profunda transformação do mercado lácteo da Índia, país que lidera o ranking mundial de produção de leite.

O movimento, descrito por analistas como um verdadeiro “reset do dairy”, reflete a mudança no comportamento do consumidor urbano, cada vez mais atento à saúde digestiva, à funcionalidade dos alimentos e à relação custo-benefício entre nutrição e bem-estar.

Embora o consumo de leite seja historicamente enraizado na cultura indiana, uma parcela crescente da população passou a evitar o produto por desconfortos associados à intolerância à lactose — muitas vezes autodiagnosticada. Nesse contexto, o leite sem lactose surge como uma solução que preserva o valor nutricional do leite tradicional, ao mesmo tempo em que elimina a principal barreira ao consumo.

Segundo Jayen Mehta, diretor-geral da Amul (GCMMF), em declarações à imprensa econômica local, a adoção do leite sem lactose vem crescendo de forma consistente nos grandes centros urbanos. Para o executivo, a categoria deixou de ser um nicho restrito a consumidores com diagnóstico clínico e passou a integrar a cesta regular de famílias que buscam conforto digestivo e alimentação funcional.

Dados setoriais indicam que essa tendência não é pontual. Grandes cooperativas, multinacionais e startups de alimentos estão investindo de maneira agressiva em tecnologias de processamento enzimático. A aplicação de lactase durante a produção permite a quebra da lactose em açúcares simples, mantendo o sabor original, o teor de cálcio e o perfil proteico — fatores decisivos em um mercado que valoriza tradição e nutrição.

Do ponto de vista econômico, o avanço do leite sem lactose representa uma ruptura relevante em um segmento historicamente pressionado por margens baixas. Analistas do setor apontam que a premiumização do leite líquido está abrindo uma janela estratégica para maior rentabilidade, com preços superiores aos do leite convencional e menor sensibilidade à volatilidade de commodities.

Essa dinâmica tem despertado o interesse de fundos de venture capital e investidores internacionais, que enxergam no mercado indiano um terreno fértil para produtos de valor agregado (VAP). A disposição do consumidor em pagar mais por benefícios funcionais — especialmente ligados à digestão e à saúde intestinal — atingiu níveis inéditos, segundo estudos de consumo citados por consultorias locais.

Outro vetor-chave para a expansão do leite sem lactose é o avanço da infraestrutura logística. A ampliação da cadeia do frio, combinada com o crescimento acelerado do e-commerce alimentar, está permitindo que esses produtos ultrapassem as fronteiras das cidades de primeira linha. Regiões onde a consciência nutricional começa a ganhar tração passam a ter acesso a um portfólio antes restrito a mercados premium.

Esse fator é considerado crítico para a escalabilidade da categoria. À medida que o leite sem lactose deixa de ser um item de luxo e se aproxima do consumo cotidiano, milhões de consumidores que haviam reduzido ou abandonado o leite retornam à categoria, impulsionando volumes e diversificando a base de clientes da indústria.

Especialistas avaliam que o caso indiano funciona como um laboratório para outros mercados emergentes. A combinação entre hábitos tradicionais de consumo, ciência dos alimentos e inovação industrial cria um ecossistema favorável ao desenvolvimento de soluções inclusivas. Para fabricantes globais, a Índia passa a ser observada não apenas como um gigante em volume, mas como um polo estratégico de inovação em lácteos funcionais.

No médio prazo, o sucesso do leite sem lactose tende a influenciar toda a cadeia, da captação de leite à formulação de novos produtos, reforçando um modelo mais resiliente e orientado ao consumidor. Em um país onde o leite é símbolo cultural, a capacidade de adaptar tradição à ciência pode definir o futuro do setor lácteo global.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de EDairy News India

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