Assunto cada vez mais em voga no Brasil, desde as duas grandes tragédias ambientais que aconteceram em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, no início deste ano, os cuidados com o meio ambiente pelo setor empresarial passam a ser cada vez mais lembrados pela sociedade. Por outro lado, uma estimativa da Agência Nacional do Petróleo mostra um custo de US$ 14 bilhões somente em sondas de exploração, paralisadas em 23 projetos no país, devido a entraves ligados a licenciamento ambiental. Os custos para o cumprimento de normas legais de grandes empreendimentos alcançam 20% dos valores investidos.
Neste cenário, iniciativas que envolvem tecnologia e uma atuação eficiente, ajudam as empresas a desenvolverem seus projetos, cumprindo os requisitos legais, respeitando o meio ambiente e ainda gerando novos negócios. Duas startups participantes do Hubble – programa de tração de ideias inovadoras do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, operado pela LM Ventures -, a Aterra e o LicenTIa, contribuem para a obtenção e manutenção de concessões ambientais, importantes para a viabilidade de projetos e para a geração de benefícios econômicos com a destinação dos resíduos.
Finalista do HackBrazil 2018, promovido anualmente pela Brazil Conference at Harvard and MIT, nos Estados Unidos, o LicenTIa nasceu em 2017 como uma plataforma para otimizar o processo de concessão de licenças ambientais e ainda atuar no controle de requisitos e na redução de riscos no cumprimento de regras dos órgãos reguladores. O sócio-fundador Leonardo Santiago, explica que sua utilização em campo é simples e que não é preciso a instalação de um sistema, podendo ser acessado de qualquer lugar com acesso a internet. “O trabalho de licenciamento não termina com a concessão dos documentos, mas seguem durante as fases de operações. O LicenTIa é de grande ajuda para manter as licenças em vigor, principalmente em projetos complexos, em que há muitas condicionantes, e os quais contam muitas vezes com equipes reduzidas”, afirma.
Com versatilidade, a Aterra atende desde empresas do segmento alimentício, com 21% de aumento de receita com a venda de resíduos de uma fábrica de pão de queijo, até a transformação de despesa em lucro, com uma nova destinação de pó de ferro oxidado com alumínio de uma indústria metalúrgica, com resultado econômico de R$ 1,6 milhão, em quatro meses. “Nós conseguimos potencializar resultados econômicos alterando a forma tradicional como os resíduos são destinados para uma destinação sustentável e estratégica. A pergunta atual é: qual o potencial econômico da gestão de resíduos? Não há méritos na destinação correta dos resíduos, por se tratar de um requisito legal”, ressalta Fernando.