Caminhoneiros chegam a ficar dias parados nas estradas, o que faz com que a maioria da produção seja perdida.

Por Eunice Ramos, TV Centro América

 


Fila de caminhões se forma ao longo da BR-174 — Foto: TVCA/ReproduçãoFila de caminhões se forma ao longo da BR-174 — Foto: TVCA/Reprodução

Fila de caminhões se forma ao longo da BR-174 — Foto: TVCA/Reprodução

A região noroeste de Mato Grosso é considerada uma grande produtora de madeira, gado e leite e depende da BR-174 para escoar e exportar a produção. Mas no período de chuva, passar pela região tem sido um grande desafio. Os caminhoneiros chegam a ficar dias parados nas estradas, o que faz com que a maioria da produção seja perdida e algumas atividades sejam paralisadas.

Por meio de nota, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) afirmou que a BR-174/MT ainda não é uma rodovia implantada. O processo encontra-se em fase de estudos ambientais e projetos desenvolvidos pelo Governo do Mato Grosso, que será o responsável pela construção com recursos de convênio firmado com Dnit.

“O Dnit mantém equipes de manutenção mobilizadas para atuar na rodovia BR-174/MT, entre os municípios de Castanheira, Juruena e Colniza. São três contratos que cobrem uma extensão de 363 quilômetros. Por meio deles, o órgão federal tem atuado na recuperação/reconstrução de pontes de madeira e na execução de serviços de encascalhamento na rodovia, buscando assegurar a trafegabilidade; O Dnit informa, ainda, que no orçamento 2020 encontra-se disponível o montante de R$ 30 milhões para execução das obras de manutenção na BR-174; Mesmo com esse esforço, as condições adequadas somente serão alcançadas a partir da implantação da estrada, garantindo as características de rodovia federal”, diz a nota.

A BR-174 tem 1.902 km que ligam Cáceres até Roraima, na fronteira com a Venezuela. Desse total, mil quilômetros não têm asfalto. O trecho entre Castanheira e Colniza é um dos mais críticos para os motoristas.

“É um trajeto de cerca de 200 km e gastamos cinco dias para passar”, contou o caminhoneiro Vanderson Pereira.

Estradas sem asfalto são prejudicadas no período de chuva — Foto: TVCA/ReproduçãoEstradas sem asfalto são prejudicadas no período de chuva — Foto: TVCA/Reprodução

Estradas sem asfalto são prejudicadas no período de chuva — Foto: TVCA/Reprodução

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que a BR-174 ainda não é uma rodovia implantada e que o processo encontra-se em fase de estudos ambientais pelo governo de Mato Grosso. Por isso, as adequações necessárias na pista só poderão ser feitas depois da implantação da estrada.

Enquanto isso, segundo o Dnit, equipes de manutenção estão trabalhando entre os municípios de Castanheira, Juruena e Colniza. O departamento afirmou que os trabalhos são feitos em uma extensão de 363 quilômetros, como recuperação de pontes e cascalhamento da rodovia.

Motoristas ficam parados na BR devido aos atoleiros — Foto: TVCA/ReproduçãoMotoristas ficam parados na BR devido aos atoleiros — Foto: TVCA/Reprodução

Motoristas ficam parados na BR devido aos atoleiros — Foto: TVCA/Reprodução

A demora na entrega da matéria-prima impacta na economia da região. Uma indústria instalada em Juruena, está operando em cerca de 40% da capacidade e não consegue cumprir os prazos de exportação para o Irã e Japão, pois os caminhões demoram para chegar ao Porto de Santos (SP).

Indústria que exporta carne reduziu a produtividade em cerca de 60% — Foto: TVCA/ReproduçãoIndústria que exporta carne reduziu a produtividade em cerca de 60% — Foto: TVCA/Reprodução

Indústria que exporta carne reduziu a produtividade em cerca de 60% — Foto: TVCA/Reprodução

Segundo o gerente industrial do frigorífico, Euclides Santos Júnior, o local tem capacidade para abater 600 animais por dia, mas estão recebendo apenas cerca de 150 animais.

“A matéria-prima chega com atraso e o escoamento dessa carne também não está fácil. Nosso caminhão fica parado nas estradas e isso atrasa nossa entregas”, disse.

Uma indústria de laticínios da cidade também teve que reduzir a produção e não está conseguindo atender clientes de outros estados.

Produtores não conseguem transportar o leite e precisam jogar o produto fora — Foto: TVCA/ReproduçãoProdutores não conseguem transportar o leite e precisam jogar o produto fora — Foto: TVCA/Reprodução

Produtores não conseguem transportar o leite e precisam jogar o produto fora — Foto: TVCA/Reprodução

O diretor da indústria, Lenoir Maria Júnior, contou que os caminhões quebram nas estradas e o leite que precisa ficar a 3°C, acaba ficando até um dia na estrada e chega na empresa a 7°C. Com isso, o produto é jogado fora.

“As máquinas estão paradas, devido à produção que não está dando conta de chegar com a matéria prima”, disse.

No campo o leite é tirado, mas muitas vezes nem sai da propriedade. No sítio da produtora Marlise Ninow o leite é o que sustenta a casa. As ordenhas são feitas duas vezes por dia.

Passageiros e motoristas demoram dias para chegarem aos destinos e precisam dormir nas estradas — Foto: TVCA/ReproduçãoPassageiros e motoristas demoram dias para chegarem aos destinos e precisam dormir nas estradas — Foto: TVCA/Reprodução

Passageiros e motoristas demoram dias para chegarem aos destinos e precisam dormir nas estradas — Foto: TVCA/Reprodução

Depois da ordenha o leite é levado para um resfriador onde pode permanecer até dois dias, conforme as normas do Ministério da Agricultura. No entanto, os caminhões que fazem a coleta não estão chegando dentro do prazo e mais de 1,7 mil litros de leite são desperdiçados.

“Esse é o sustento da minha família. Eu preciso desse leite para vendê-lo, mas não tem como levar e os laticínios não conseguem buscar por causa dos atoleiros. Essa é a nossa situação”, lamentou.

Motoristas ficam presos em atoleiros na BR-174 e reclamam da situação — Foto: Arquivo pessoalMotoristas ficam presos em atoleiros na BR-174 e reclamam da situação — Foto: Arquivo pessoal

Motoristas ficam presos em atoleiros na BR-174 e reclamam da situação — Foto: Arquivo pessoal

O presidente do Sindicato Rural de Juruena, Marcos Rodrigues também lamentou a situação.

“Somos seres humanos e a carga tributária que pagamos é igual a que todos pagam onde tem pavimentação. É muita falta de respeito com os produtores e com a população que vive aqui”

Passageiros de ônibus também são prejudicados e precisam ficar parados nas estradas por vários dias. No entanto, eles reclamam que a água e o alimento já estão acabando.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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