Os impactos da pandemia de coronavírus sobre o consumo de lácteos no Brasil são analisados nesta sexta edição de especial temático de “Coronavírus e o Agronegócio”, realizado por pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

Os impactos da pandemia de coronavírus sobre o consumo de lácteos no Brasil são analisados nesta sexta edição de especial temático de “Coronavírus e o Agronegócio”, realizado por pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

De acordo com levantamento do Cepea, após terem registrado demanda intensa em março – e consequente alta de preços naquele mês, quando o coronavírus começou a avançar no Brasil –, as negociações envolvendo derivados lácteos e leite spot se enfraqueceram em abril no mercado brasileiro.

Além do atendimento dos serviços de alimentação (importantes canais de distribuição de lácteos) terem sido prejudicados pelo agravamento da pandemia, também houve a diminuição da frequência das compras por parte dos consumidores e a redução da renda de muitas famílias – fatores que impactaram negativamente sobre a demanda de diversos derivados em abril, especialmente os refrigerados (perecíveis), que têm maior valor agregado para as indústrias. Muitas empresas podem se deparar, em poucas semanas, com um cenário de baixo faturamento, o que certamente será transmitido aos produtores em maio.

O consumo de queijos foi o mais afetado. Agentes de mercado consultados pelo Cepea relataram muitas dificuldades em assegurar a liquidez durante abril, o que tem desestimulado a produção do derivado. Como consequência, houve o aumento da oferta de leite cru no mercado spot (negociação entre indústrias) em abril – o que pode pressionar as cotações do leite ao produtor em maio.

A queda na receita de pecuaristas leiteiros em maio é atípica por conta do período da entressafra e ocorreria num momento de alta nos custos de produção, o que levaria à diminuição da oferta. Frente às bruscas variações na receita, produtores mais fragilizados, com sistemas menos eficientes, podem aumentar o abate de fêmeas e decidir pela saída da atividade.

Pesquisadores do Cepea alertam, portanto, que o momento é delicado, pois privilegia decisões focadas no curto prazo, o que pode trazer consequências negativas no longo prazo – ainda mais para uma atividade tão complexa como a produção de leite.

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