Nem mesmo uma pandemia foi capaz de segurar o crescimento do mercado brasileiro de inseminação artificial para bovinos. De acordo com dados da Asbia (Associação Brasileira de Inseminação Artificial), o primeiro trimestre do ano, que inclui março, mês em que a OMS declarou a pandemia de Covid-19, apresentou um crescimento total de 22,6%, somando vendas ao cliente final, doses exportadas e prestações de serviços.
O mercado de genética para gado de corte foi uma das alavancas deste desempenho, passando de 1.561.031 doses vendidas ao cliente final no 1º trimestre de 2019 para 2.073.482 em 2020, um aumento de 32,8%. A exportação de doses de sêmen também chamou atenção, aumentando de 33,9 mil para 82,3 mil, aumento de 143%.
Nesta quinta, 11, o presidente da Asbia e diretor-geral da ABS Pecplan Márcio Nery Magalhães Júnior comemorou os números em entrevista ao Giro do Boi e fez projeções otimistas para o final de 2020. “A gente está muito otimista. O mercado de corte está a todo vapor, o Brasil está tomando a liderança desse mercado de proteína do corte. O mercado de leite passou por alguns problemas no início do ano, bem no início, mas já vem melhorando, vem se ajustando (+4% no 1º tri de 2020 sobre 2019). A nossa expectativa é de terminar 2020 com mais de 20 milhões de doses comercializadas no mercado nacional, sendo cinco milhões de aptidão leite e 15 milhões de aptidão corte”, estimou.
Nery resumiu quatro fatores responsáveis pelo desenvolvimento deste mercado no Brasil. “Custa pouco, gera um efeito permanente, incrementa a produção e reduz o custo”, sintetizou.
“O impacto do melhoramento genético, da inseminação artificial dentro do custo da produção da arroba ou do litro de leite dificilmente passa de 1% a 2%, ou seja, o investimento é pequeno no total da fazenda. É o único insumo permanente: ele vai atuar sobre todas as gerações que vão nascer e vão ficar dentro daquela propriedade. E o pecuarista tinha percepção que o melhoramento genético e a inseminação trabalhariam só no lado do aumento da produção, produção de leite por vaca ou arroba por boi, mas não. Ele atua na ponta da redução do custo, que é muito importante para as contas do final do mês, dando precocidade, longevidade, qualidade de carcaça, resistência a doenças, ou seja, é uma infinidade de fatores que auxilia na redução de custo também”, justificou.
Por isso o Brasil aparece na vanguarda do uso de inseminação artificial na reprodução bovina em gado de corte, sendo que atualmente 16% das fêmeas em idade reprodutiva são inseminadas. “Você pode perceber que no gado de corte, o Brasil insemina em média o dobro que outros países importantes. Veja como nós estamos avançando nesta área. Mas no leite, em compensação, nós estamos muito atrás. O Brasil insemina ao redor de 10% e nós temos vizinhos, aqui na Argentina e Uruguai, com mais de 50%, 60%. Temos muito o que avançar no leite ainda”, ponderou (confira os dados completos no link do Index Asbia 1º trimestre 2020 ao final deste texto).
Para dar sustentação ao avanço, Nery lembrou da parceria feita entre a Asbia e o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq-USP) para municipalizar os dados que dizem respeito ao desempenho do mercado de genética. Com informações que apontam o destino dos botijões de inseminação, por exemplo, a associação ou as centrais podem direcionar capacitações e assessorias técnicas para o fomento do setor.
“Nós vamos continuar. A gente acredita firmemente que o mercado vai continuar demandado no corte e no leite, sem dúvida nenhuma. Sêmen sexado está crescendo, a parte de embriões também está crescendo, ou seja, o melhoramento genético está em alta total no Brasil. Os criadores acordaram para a necessidade do melhoramento genético, as empresas estão preparadas […] e a expectativa é seguir crescendo e terminarmos com 20 milhões de doses vendidas ao cliente final neste ano de 2020”, frisou.
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Veja a entrevista completa com Márcio Nery pelo vídeo a seguir: