O secretário de Estado da Agricultura, Evandro Padovani, anunciou duas medidas imediatas de políticas públicas do Governo do Estado para mitigar os efeitos da crise do leite instalada em Rondônia.
Em reunião promovida pela AROM, Seagri anuncia “preço de referência” do leite e medidas fiscais para enfrentar crise no setor

O secretário de Estado da Agricultura, Evandro Padovani, anunciou duas medidas imediatas de políticas públicas do Governo do Estado para mitigar os efeitos da crise do leite instalada em Rondônia. A primeira seria a produção de um relatório com informações técnicas para criar o chamado “preço de referência” para o leite e outra normatizar as regras, prevendo punição para a empresa que descumpri-las. Desde o dia 30 de março, os produtores estão mobilizados e, ao menos, 40% da classe paralisaram a entrega do produto às indústrias, exigindo melhores preços.
O anúncio das medidas de enfrentamento da crise foi feito na noite de terça-feira, 13, durante encontro virtual promovido pela Associação Rondoniense de Municípios (AROM), em que reuniu mais de 80 lideranças do setor, vereadores, prefeitos e gestores públicos. O presidente da entidade municipalista, prefeito Célio Lang, iniciou o debate defendendo uma saída para manter a cadeia produtiva, responsável por mais de 100 mil empregos diretos e indiretos no Estado. “Os municípios fazem o que podem para fortalecer o mercado. Em nosso município (Urupá), o leite fomenta a nossa economia. Os laticínios precisam respeitar os produtores. É preciso diálogo”, entende Lang.
O coordenador da Receita Estadual, Carlos Alencar do Nascimento, e o secretário de Agricultura, Evandro Padovani, concordaram com o dirigente municipalista e prometeram fazer cumprir as normas legais.

As medidas

Conforme o secretário de agricultura do Estado, Evandro Padovani, a primeira ação da pasta é apresentar, no próximo dia 22 de abril, um relatório produzido pela Universidade Federal do Paraná, contratada pelo Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite (Conseleite), com informações técnicas para criar o chamado “preço de referência” para o leite. Ele esclarece que a instituição levou em consideração a variação dos valores dos últimos meses e os custos para manutenção do plantel. Foi evidenciado, durante a reunião, que os laticínios não serão obrigados a pagarem o valor referência, calculado pela Universidade Federal do Paraná, mas, que ele servirá de parâmetro para futuras discussões sobre pagamento aos produtores.
Uma segunda iniciativa do Estado é reunir o arcabouço legal do setor e normatizar as regras em uma única portaria, prevendo punição para a empresa que descumpri tais normas. Nesse sentido, o coordenador-geral da Receita Estadual, Carlos Alencar do Nascimento, admitiu uma certa “frouxidão” na fiscalização, mas, prometeu agir com firmeza após a elaboração do decreto que será assinado pelo governador Marcos Rocha.
O futuro decreto trará os efeitos da Lei 12.669, de 12 de junho de 2012, aprovada pelo Congresso Nacional, obrigando a informar ao produtor o preço pago pelo litro do produto até o dia 25 do mês anterior à entrega; a Lei 3571, de 23 de junho de 2015, de Rondônia, obrigando as empresas a informar o preço até o penúltimo dia útil do mês; e a Lei 4807, de 10 de julho de 2020, proibindo que os laticínios ampliem o prazo para pagamento, sob pena de suspensão por até 180 dias de isenções e benefícios fiscais.
Outra iniciativa anunciada pelo coordenador da Receita Estadual é a criação de equipe técnica para treinar funcionários das 52 prefeituras, para eles possam inserir informações, no sistema do Fisco Estadual, sobre as inscrições dos produtores de leite, o que elimina a figura do atravessador e garante economia ao produtor, pois não será mais preciso se deslocar a outras localidades para regularizar a produção.
Os deputados estaduais Ismael Crispim e Lazinho da Fetagro também participaram do evento on-line, mas, precisaram se retirar porque a Assembleia Legislativa estava em sessão extraordinária.

Agro Leite

Padovani aproveitou a ocasião para anunciar a criação do programa “Agro Leite”, um investimento de R$ 28 milhões nos próximos quatro anos, prevendo a abertura de linhas de crédito, cursos técnicos, melhoria genética, aquisição de animais de alta linhagem, gestão de propriedade rural, compra de veículos, insumos e orientação técnica.

Cadeia produtiva do leite

A cadeia produtiva do leite em Rondônia possui 28 mil produtores. São produzidos 1,6 milhão de litros por dia, injetando R$ 1 bilhão bruto na economia e garantindo mais de 100 mil empregos diretos e indiretos. Ainda, 81% da produção são transformadas em muçarela; 13% em leite UHT; 5,6% em leite em pó; e o restante em subprodutos, como leite condensado, creme de leite, entre outros. Mais, 40% dos 28 mil produtores aderiram ao movimento paredista. A maioria está doando o produto às famílias carentes, mas, alguns estão jogando nas ruas em protesto aos laticínios. O preço hoje praticado, e anunciado para esse mês, é menos de R$ 1,00. Nos meses passados, chegou a R$ 1,60.

Consumidores brasileiros têm se surpreendido com a alteração do nome do queijo nas embalagens. Essa mudança foi definida em um acordo entre União Europeia e Mercosul.

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