Assim como nas cadeias de carnes suína e de frango, o efeito da alta de custos das rações já chama a atenção em outro universo: produzir leite, em abril, foi 31,14% mais caro que um ano antes.
Assim como nas cadeias de carnes suína e de frango, o efeito da alta de custos das rações já chama a atenção em outro universo: produzir leite, em abril, foi 31,14% mais caro que um ano antes. O Índice de Custos de Produção de Leite (ICP), que integra relatório recente da Embrapa Gado de Leite, alcançou no mês passado seu mais alto patamar desde o início da série histórica, em 2007.

O retrato põe em alerta o segmento, que viverá um ano atípico, de acordo com analistas. Via de regra, neste período do ano, é natural que o custo suba na atividade, já que, em virtude do clima mais seco, quem produz a pasto passa a usar silagem, por exemplo. Contudo, 2021 é um ano distinto para quem opta por todos os modelos produtivos, principalmente em razão da alta de preços de matérias-primas como soja e milho.

Este cenário deve afetar de modo atípico a oferta de leite nos próximos três meses, período em que, sazonalmente, ela já é mais baixa que em outras épocas do ano, observa Valter Galan, sócio do MilkPoint Mercado.

Assim como em outras cadeias, a soja e o milho, cujos preços dispararam desde 2020, têm forte peso na composição da alimentação animal. Na cadeia leiteira, eles são itens que podem representar entre 40% a 60% do custo, dizem analistas e produtores.

“O produtor comprava um saco de milho a R$ 35 ou R$ 40 há um ano, e hoje gasta cerca de R$ 100”, afirma Ronei Volpi, presidente da Câmara Setorial do Leite do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa).

Em números, a alimentação concentrada, a produção e compra de volumosos (silagens e outros) foram os destaques na formação do índice inflacionário, com aumentos de 52,36% e 34,65% em doze meses, respectivamente, conforme o relatório de abril da Embrapa Gado de Leite.

O documento é elaborado com base em Minas Gerais, o maior estado produtor de leite do país. Os mineiros respondem por 29% da produção, que no ano passado alcançou 34 bilhões de litros. Como a tendência não é de baixa para os grãos, o custo seguirá nesse ritmo, avalia Paulo Martins, chefe-geral do órgão.

Preço ainda não é problema, porém as margens estão apertadas, dizem as fontes. De acordo com o MilkPoint, o produtor passou a receber R$ 0,05 a mais por litro em maio e há expectativa de aumento em junho.

“Mas, com a alta de custos, há gente com margens negativas. Há pequenos produtores saindo da atividade”, diz Volpi. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, em abril, o produtor perdeu 31% de seu poder de compra em relação a 2020.

Já no mercado spot (compra de leite entre indústrias), mais acirrado, houve acréscimo de R$ 0,50 por litro, para R$ 2,50 o litro aproximadamente, segundo Galan. “O varejo ainda não repassou todo o aumento, mas o que pode acontecer com o consumo é uma pergunta importante”, pontuou ele.

O leite é a proteína mais barata e consumida pelas classes com menor poder de compra, mais afetadas pela piora do cenário econômico. Os produtores se mobilizam para tentar reduzir o impacto e pedem ao governo a redução de alguns impostos.

A companhia tem a meta de dobrar seu faturamento em cinco anos e se estabelecer como uma das principais empresas de nutrição do país.

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