A valorização de leite no campo ocorre devido à menor oferta, que tem intensificado a concorrência entre as indústrias.

O preço do leite captado em abril/22 e pago aos produtores em maio/22 subiu 4,8% frente ao mês anterior, chegando a R$ 2,5444/litro na “Média Brasil” líquida do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em relação ao mesmo período do ano passado, houve aumento de 12,4%, em termos reais.

Desse modo, desde janeiro, o leite no campo acumula avanço real de 15% (valores deflacionados pelo IPCA de abril/22).

A valorização de leite no campo ocorre devido à menor oferta, que, inclusive, tem intensificado a concorrência entre as indústrias de laticínios para assegurar a captação de matéria-prima.

A menor produção de leite, por sua vez, é explicada pelos elevados custos de produção e pela diminuição dos investimentos ao longo dos últimos meses – o que tem reduzido o potencial de recuperação da oferta mesmo diante do aumento dos preços pagos ao produtor.

Apesar de os gastos com o concentrado terem recuado ligeiramente devido às recentes desvalorizações da soja e do milho, o desembolso do produtor com a alimentação do rebanho segue elevado. Além disso, outros insumos se valorizaram, como combustíveis, medicamentos e suplementação mineral.

Com isso, a margem do produtor de leite seguiu pressionada neste primeiro quadrimestre do ano.

Também é preciso pontuar que a queda nas importações e o forte crescimento nas exportações em abril também reforçaram a competição entre os laticínios para a captação de matéria-prima.

O levantamento do Cepea mostra que, em Minas Gerais, o preço médio mensal do leite spot subiu 9% de março para abril, em termos reais, chegando a R$ 3,02/litro no último mês.

Com a matéria-prima mais cara e estoques enxutos, o preço dos derivados lácteos seguiu em alta em abril. De acordo com a pesquisa do Cepea/OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), na negociação entre laticínios e canais de distribuição do estado de São Paulo, os preços médios mensais do leite UHT e da muçarela avançaram mais de 12% de março para abril e os do leite em pó, quase 7%.

Apesar desse aumento mensal, os valores diários destes lácteos oscilaram mais fortemente em abril do que no mês anterior.

Agentes consultados pelo Cepea relataram dificuldades em realizar o repasse da alta da matéria-prima aos canais de distribuição, devido ao baixo consumo de lácteos, que, por sua vez, está desestimulado diante dos elevados patamares de preços.

Perspectiva

As negociações mais truncadas de derivados no final de abril diminuíram a necessidade dos laticínios de comprar leite no spot – o que pressionou as cotações neste mercado na primeira quinzena de maio.

Porém, com oferta limitada de leite cru no campo e nova redução nos estoques de lácteos, as indústrias voltaram a disputar a compra da matéria-prima na segunda quinzena de maio. Na média mensal, de R$ 3,01/litro, houve ligeiro recuo de 0,1% em relação à de abril, em termos reais.

No mercado de derivados, o movimento também foi de avanço, mesmo diante das vendas fracas. Assim, a expectativa do setor é de haja sustentação no preço do leite captado em maio e pago ao produtor em junho.

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