China segue como maior destino da carne brasileira; poder de compra do suinocultor cai em setembro e preço do leite ultrapassa R$ 3,55/litro em agosto.

China segue como maior destino da carne brasileira; poder de compra do suinocultor cai em setembro e preço do leite ultrapassa R$ 3,55/litro em agosto.

A demanda chinesa por carne bovina segue bastante aquecida neste ano. E o Brasil, que consegue ofertar uma carne de qualidade, a preços competitivos e em volumes elevados, segue fornecendo quantidades recordes da proteína ao país asiático.

Segundo dados da Secex, em agosto, os embarques brasileiros de carne ao país asiático somaram 130,88 mil toneladas, um recorde histórico e representando mais da metade (57,2%) de toda a quantidade escoada a todos os destinos (de 228 mil toneladas).

Como comparação, em agosto de 2021, quase 106 mil toneladas foram enviadas à China e, no mesmo mês de 2020, apenas 78,2 mil toneladas, ainda conforme dados da Secex.

Ressalta-se que agentes do setor consultados pelo Cepea acreditam que os envios sigam intensos nos próximos meses, tendo em vista o típico aumento nas exportações à China no segundo semestre, para formação de estoques.

Suínos

O poder de compra do suinocultor frente ao milho e ao farelo de soja recuou nesta parcial de setembro frente ao do mês anterior, interrompendo o movimento de avanço que vinha sendo observado desde março deste ano.

Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário é resultado das valorizações do milho e do farelo de soja e dos recuos nos preços do suíno vivo no mercado independente.

Assim, considerando-se o suíno negociado na região SP-5 e os insumos comercializados no mercado de lotes da região de Campinas, o suinocultor paulista pode comprar 5,02 quilos de milho com a venda de um quilo de animal nesta parcial de setembro (até o dia 20), quantidade 5,5% menor que a de agosto. De farelo de soja, o suinocultor consegue adquirir 2,67 quilos, recuo mensal de 4,9%.

Leite

Assim como esperado pelo setor, o preço do leite captado em julho e pago aos produtores em agosto registrou mais uma forte alta, de 11,8% frente ao mês anterior, chegando a R$ 3,5707/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea – novo recorde da série histórica, iniciada em 2004. Com isso, o leite no campo acumula valorização real de 60,7% desde o início de 2022 (os valores foram deflacionados pelo IPCA de agosto/22).

Contudo, o movimento altista parece ter chegado ao fim, e pesquisas do Cepea ainda em andamento mostram que a “Média Brasil” de setembro (referente à captação de agosto) pode recuar em torno de 50 centavos.

Com os estoques de derivados limitados nos atacados e a baixa oferta de leite cru no campo entre junho e julho, os preços dispararam ao longo de toda a cadeia. No entanto, o elevado patamar alcançado na gôndola desencadeou uma retração do consumo em agosto.

Os canais de distribuição passaram a pressionar os laticínios por cotações de derivados mais baixas. Pesquisas do Cepea mostram que houve quedas de 15,3% e de 10% nos preços do UHT e da muçarela negociados no estado de São Paulo em agosto, respectivamente. E esse movimento de desvalorização persiste em setembro.

Com vendas fracas e estoques de lácteos crescentes nos laticínios e canais de distribuição, as compras de leite no spot também se enfraqueceram em agosto. Na média mensal de Minas Gerais, os preços caíram 30,8%, de R$ 4,54/litro em julho para R$ 3,14/litro em agosto.

Ademais, o expressivo aumento das importações nos últimos meses tem contribuído para elevar a disponibilidade de lácteos no mercado interno. De acordo com dados da Secex, em agosto, o volume importado de lácteos subiu quase 64%, e o déficit da balança comercial se aproximou de 170 milhões de litros em equivalente leite.

Também é importante observar que a produção de leite cru tem crescido nos últimos meses: o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea subiu 6,3% de junho para julho, puxado pela elevação da produção no Sul do País. Neste contexto, a expectativa dos agentes de mercado é de que os preços recebidos por produtores em setembro recuem fortemente.

Mesmo assim, deve-se destacar que o potencial de aumento da oferta ainda é um ponto de incerteza para o setor – o que pode manter firme a concorrência por fornecedores em algumas bacias leiteiras. Isso porque o incremento da produção nos últimos meses esteve atrelado ao estímulo da alta do preço do leite, que melhorou o poder de compra do pecuarista frente à ração.

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Porém, é preciso considerar que as cotações dos grãos permanecem em patamares elevados, mesmo que abaixo dos do ano passado. Isso tem impedido uma queda mais intensa do Custo Operacional Efetivo (COE) da atividade, dificultando o amplo investimento a campo. Desde janeiro, o COE acumula alta de 3,8%. Entretanto, esse aumento é quase quatro vezes menor que o registrado no mesmo período do ano passado.

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