O queijo Caprinus do Lago, produzido em Valença, no sul do Rio de Janeiro, conquistou medalha de ouro na 6ª edição do concurso francês Mondial Du Fromage e ficou entre os 12 melhores do mundo. Ao todo, foram avaliados mais de 1600 queijos. 
Queijo produzido em Valença, no sul do Rio de Janeiro, conquista medalha de ouro em concurso francês Foto: Letícia Gomes/Divulgação
Queijo produzido em Valença, no sul do Rio de Janeiro, conquista medalha de ouro em concurso francês Foto: Letícia Gomes/Divulgação

Dentista e produtor de queijos, Fabrício Vieira contou ao Terra Degusta que começou a criar sua primeira cabra ainda na infância, com 12 anos, inspirado em seu avô. Mas foi durante a pandemia que decidiu investir e estudar mais sobre a produção de queijos de cabra.

“Desde os meus doze anos de idade eu queria comprar uma vaca, meu pai não deixou, comprou uma cabra que achava que a vaca era muito grande, eu queria ser como meu avô, tirar leite de vaca, ele me deu a cabra… Tentei empreender já com cabras várias vezes e sempre o problema era escoar a produção do leite. Até que com a pandemia, ficando em casa, eu comecei a fazer queijo”, explica.

Para isso, Fabrício que, assim como o pai, concicilia a profissão de produtor de queijo com a de dentista, estudou para aprender as melhores técnicas.

“Comecei a fazer queijo de cabra, peguei uma das geladeiras da minha esposa, adaptei, comecei a maturar queijo na geladeira e começou a vender, o pessoal gostou.

Passou a pandemia, começaram a querer visitar lá, a gente montou um projeto de turismo rural para visitação e montamos uma pequena queijaria, bem artesanal. Conseguimos o selo de inspeção municipal e começamos a vender nossos queijos”, conta.

Queijos premiados

Queijaria de Valença oferece turismo rural com degustação de queijos premiados
Queijaria de Valença oferece turismo rural com degustação de queijos premiados Foto: Leticia Gomes/Divulgação

 

A Capril do Lago é hoje a queijaria do estado do Rio de Janeiro, independente de cabra ou vaca, que mais tem medalhas em mundiais. “Nós temos hoje sete queijos medalhistas em mundiais e alguns medalhistas em concursos nacionais e internacionais.

O Caprinos do Lago, ele já é um queijo multipremiado”, diz ele, orgulhoso do queijo campeão que custa R$ 220 o quilo, com fila de espera para compra de mais de um ano.

O queijo já tem quatro medalhas: uma medalha de prata no nacional de queijo desse ano, em Blumenau, uma de prata no mundial de queijo de São Paulo, conquistada no ano passado, e recentemente, na França,  ganhou um ouro e um super ouro, ficando em sétimo lugar, sendo o único queijo que não é produzido na Europa que está nessa lista do top 12.

“Ele é feito com leite de cabra a pasto, leite de cabra cru, massa semi-cozida, prensada e um ano de maturação. Leva 17 litros de leite para fazer um quilo de queijo. Nossa produção é muito pequena, hoje a gente tem uma fila de espera que passa de mil pessoas, querendo o queijo.

A fila de espera vai levar mais ou menos um ano para as pessoas terem acesso, algumas vão levar mais de ano para ter acesso a essa oportunidade de provar o nosso queijo”, conta Fabrício.

Púbico pode interagir e alimentar cabras durante turismo rural na região
Púbico pode interagir e alimentar cabras durante turismo rural na região Foto: Letícia Gomes/Divulgação

 

O trabalho é feito totalmente de forma artesanal com uma pequena produção, o que torna o queijo ainda mais desejado. “Sou eu e mais um amigo queijeiro, que é tio da minha esposa, que fazemos os queijos juntos, e a gente tem uma lojinha lá no Capril, que a gente vende os nossos queijos.

A gente tem um bistrô onde as pessoas podem ter essa experiência gastronômica de provar os queijos premiados, dentro dos nossos pratos”, completa.

Por enquanto, Fernando está tentando entender o turbilhão que o Caprinus do Lago se tornou após a medalha de ouro mundial para decidir se aumentará a produção do queijo. “A gente também tem queijos de vacas premiados. De cabra, eu tenho o Cabrito, que é um tipo brie, tenho o Beladona, o Mascate, o Casca Florida, medalha de ouro em Araxá, o próprio Caprinus que já tinha sido medalha de ouro em Araxá, uma série de queijos premiados.

A gente não pode deixar de fazer esses queijos e investir só no Caprinus porque ele leva um ano (pra ficar pronto). Se eu pegar todo o meu capital e ficar fazendo Caprinus, não vou monetizar. Preciso de metade do meu leite para fazer os queijos mais frescos e deixar a outra metade virar Caprinus”, explica.

“A gente quer finalizar esses queijos e fazer uma degustação in loco para mostrar que é muito raro, para provar tem que vir aqui, preciso agregar valor com a degustação, alimentos, com harmonização, vinhos e cachaças da região, com a nossa horta orgânica para viabilizar o projeto”, completa.

 

 

 

 

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