O leite de búfala tem sido o fio condutor de histórias de amor, tradição e persistência que hoje brilham em concursos nacionais de queijos artesanais.
No Amazonas e na Bahia, duas famílias dedicadas à produção artesanal transformaram gerações de trabalho em reconhecimento, colecionando medalhas e provando que paixão e cuidado podem ser diferenciais decisivos.
No sul da Bahia, em Arraial d’Ajuda, a Trevo dos Búfalos é um exemplo de perseverança e inovação. O negócio começou há 50 anos com os avós Hélio e Maria Cangussu, criadores de bubalinos da raça Murrah.
Hoje, quem lidera a terceira geração é Victória Cangussu, que conta com o apoio e a inspiração da família, inclusive dos avós, que ainda acompanham as novidades na produção.
Segundo Victória, o terroir salino da região, próximo ao mar e aliado às pastagens nativas, confere ao leite características únicas, refletidas nos cerca de 15 derivados fabricados, incluindo queijos, manteigas e iogurtes.
Recentemente, a queijaria conquistou destaque no Prêmio Queijo Brasil, em Blumenau (SC), levando prata com a burrata tradicional e bronze com a burrata com goiabada.
“A burrata com goiabada nasceu de uma inspiração pessoal, uma forma de transformar o clássico dos queijos numa sobremesa, evocando a memória afetiva do Romeu e Julieta”, explicou a produtora.
Além disso, a burrata de gorgonzola com damasco, criada por sua mãe, Geaninni, garantiu medalha de ouro na Expoqueijo Araxá Internacional Cheese Award.
Enquanto isso, no coração da Amazônia, em Novo Céu, Autazes, a Queijaria d’Lourdes escreve sua própria história de superação.
Considerada pioneira na produção de queijos maturados no Amazonas, a empresa hoje é comandada pelos irmãos Arleane e Alan Kardec Figueiredo, representantes da quarta geração de uma tradição iniciada pela bisavó Honória e passada pela avó Maria de Lourdes.
Apesar da estrutura modesta — a maturação ainda é feita em uma simples geladeira, já que não possuem câmara frigorífica —, os resultados impressionam.
Em Minas Gerais, durante a Expoqueijo Araxá Internacional Cheese Award 2025, a d’Lourdes conquistou quatro medalhas de ouro, com destaque para a ricota fresca de búfala e o queijo coalho produzido tanto com leite bovino quanto bubalino.
O sucesso continuou em Blumenau (SC), no VIII Prêmio Queijo Brasil 2025, onde a queijaria levou nove medalhas, sendo cinco de ouro.
Para Arleane, o segredo é simples, mas essencial: “A receita para fazer um bom queijo é higiene, cuidado e pensar sempre em quem vai consumir. Se você gosta do que faz e busca qualidade, o resultado aparece”.
Essas histórias refletem não apenas dedicação individual, mas também a relevância da bubalinocultura no cenário nacional.
Para o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB), Simon Ries, os concursos são fundamentais.
“Além de divulgar os produtos derivados do leite de búfala em todo o país, eles podem abrir novos mercados para os produtores”, destacou.
As conquistas de Trevo dos Búfalos e Queijaria d’Lourdes reforçam o papel do leite de búfala como protagonista de uma produção artesanal que une tradição, inovação e afeto, elevando o nome do Brasil no cenário queijeiro nacional.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Compre Rural