O diretor de laticínios da Santa Fé, Argentina, Carlos De Lorenzi, confirmou que o processo para que o setor de laticínios se concentre nas exportações e não no mercado interno já está em andamento.
Para a indústria láctea brasileira, que há anos mantém uma relação estreita com o setor argentino, essa mudança pode representar tanto desafios quanto oportunidades. Argentina
Para a indústria láctea brasileira, que há anos mantém uma relação estreita com o setor argentino, essa mudança pode representar tanto desafios quanto oportunidades.

O setor de laticínios da Argentina, conhecido por sua importância na economia nacional, vem enfrentando um cenário de mudanças significativas nos últimos anos. A província de Santa Fé, localizada no coração da Argentina, é atualmente o epicentro da produção leiteira do país.

Contudo, a região está passando por um processo de transformação que pode alterar drasticamente o futuro da produção de leite no país.

Santa Fé abriga o maior número de fazendas e indústrias de laticínios na Argentina, sendo um pilar para o modelo de produção voltado para o mercado interno.

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No entanto, devido às dificuldades econômicas que afetam tanto o consumo interno quanto a lucratividade dos produtores, está emergindo uma nova abordagem focada na exportação como solução para a crise.

A Crise e a Mudança de Paradigma

Nos últimos anos, as fazendas leiteiras familiares, muitas vezes consideradas a espinha dorsal do setor, têm enfrentado grandes dificuldades.

A lucratividade em declínio e a falta de apoio financeiro e político resultaram no fechamento de inúmeras fazendas, levando a uma concentração da produção nas mãos de grandes empresas.

Esse processo não só ameaçou a continuidade da produção leiteira familiar, mas também impactou profundamente a cultura e a economia das comunidades locais.

Carlos De Lorenzi, diretor de laticínios da província de Santa Fé, está liderando um esforço para reverter essa tendência e evitar o colapso total das pequenas fazendas leiteiras.

Em um movimento ousado, ele propôs uma mudança na matriz de produção que prioriza as exportações em detrimento do mercado interno. Essa estratégia, segundo ele, é essencial para manter a viabilidade do setor e impedir que mais fazendas fechem suas portas.

Foco nas Exportações: Uma Solução Viável?

De Lorenzi acredita que a chave para revitalizar o setor reside na ampliação das exportações. “Se continuarmos a ser uma atividade de laticínios para o mercado interno, as fazendas de laticínios continuarão a fechar e a indústria de laticínios continuará a cair”, declarou ele em uma entrevista recente.

De acordo com sua análise, a dependência do mercado interno tem sido um dos principais fatores que contribuíram para a crise no setor, e uma reorientação para os mercados internacionais pode ser a solução.

A administração provincial está trabalhando em estreita colaboração com empresas do setor para entender suas necessidades e facilitar a transição para o mercado de exportação. Esse esforço inclui a busca de financiamento específico para que as empresas possam aumentar sua escala de produção e atender às exigências dos mercados estrangeiros.

Os Desafios da Nova Abordagem

Embora o enfoque na exportação seja promissor, ele não está isento de desafios. Um dos principais é a possibilidade de aumento dos preços dos laticínios no mercado interno, especialmente em um país onde a taxa de pobreza é alta e o consumo de laticínios já sofreu uma queda acentuada.

 

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No entanto, De Lorenzi argumenta que, com a expansão das exportações, a demanda internacional poderia estabilizar os preços ao consumidor no mercado interno.

Outro desafio significativo é a estrutura fundiária da região. Nos departamentos de Castellano e Las Colonias, que possuem a maior produção de leite, as fazendas são geralmente pequenas, o que dificulta a obtenção de economias de escala.

Para superar essa limitação, o governo está promovendo a criação de fazendas leiteiras associativas e incentivando o uso de tecnologias mais avançadas para aumentar a produtividade.

Impacto no Mercado Brasileiro

Para a indústria láctea brasileira, que há anos mantém uma relação estreita com o setor argentino, essa mudança pode representar tanto desafios quanto oportunidades.

O aumento das exportações argentinas pode significar uma maior concorrência para os produtos brasileiros nos mercados internacionais. Por outro lado, a transformação do setor argentino pode abrir novas possibilidades de parceria e troca de tecnologias entre os dois países.

A exportação de produtos lácteos de alta qualidade da Argentina poderia redefinir o posicionamento do Brasil no mercado global, incentivando o setor brasileiro a inovar e melhorar sua competitividade.

Além disso, a cooperação entre os dois países poderia fortalecer a presença sul-americana nos mercados internacionais, criando uma frente unida que competiria mais efetivamente com outros grandes produtores mundiais.

A decisão da província de Santa Fé de se concentrar nas exportações como forma de salvar o setor leiteiro argentino é uma mudança significativa que terá repercussões em toda a cadeia produtiva. Para os stakeholders do setor no Brasil, é essencial acompanhar de perto essa evolução e considerar as implicações que ela pode ter para o mercado regional.

A aposta nas exportações pode ser uma solução viável para a crise argentina, mas exigirá uma coordenação cuidadosa e um apoio contínuo às pequenas e médias fazendas leiteiras. O sucesso dessa estratégia dependerá da capacidade de adaptar a produção às exigências dos mercados internacionais, ao mesmo tempo em que se mantém a estabilidade do mercado interno.

Em última análise, a transição proposta por Santa Fé pode servir de modelo para outras regiões enfrentando desafios semelhantes, não apenas na Argentina, mas também em outros países da América Latina. Para o Brasil, que compartilha muitas das mesmas características e desafios, essa experiência pode fornecer valiosas lições e oportunidades de colaboração futura.

 

Com informações de Bichos de Campo

 

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