O presidente Donald Trump reacendeu a ideia de impor tarifas de importação sobre o Canadá e o México, seus principais parceiros comerciais.
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O plano de Trump de impor tarifas ao Canadá e ao México teria um grande impacto no comércio de laticínios. (Imagem: Getty/Ronniechua) (Getty Images/iStockphoto)

O presidente Donald Trump reacendeu a ideia de impor tarifas de importação sobre o Canadá e o México, seus principais parceiros comerciais. Essa medida, embora vista por ele como uma forma de fortalecer o mercado doméstico, pode ter implicações devastadoras para o comércio de lácteos e a economia dos três países envolvidos.

A ameaça tarifária se torna realidade

Logo após ser empossado para seu segundo mandato, Trump anunciou que pretende implementar tarifas de 25% sobre bens importados do Canadá e do México. Em 20 de janeiro de 2025, ele declarou que a medida pode entrar em vigor já em 1º de fevereiro.

Desde novembro de 2024, quando Trump fez essa promessa, os governos de Canadá e México têm reagido. Dominic LeBlanc, ministro das Finanças do Canadá, classificou a ideia como “um erro” e declarou que o país está pronto para responder.

Claudia Sheinbaum, presidente do México, sugeriu que qualquer tarifa imposta pelos EUA será respondida com retaliações equivalentes, embora tenha sinalizado disposição para cooperar em temas como migração e combate ao narcotráfico.

Em comparação, o segundo maior destino foi o Sudeste Asiático (395 mil toneladas) e o terceiro, a China (311 mil toneladas).

No setor de queijos, as exportações dos EUA para o México aumentaram 36% em agosto de 2024 em relação ao mesmo mês de 2023. O leite em pó também é um produto crucial: o México liderou como destino de leite em pó desnatado e semidesnatado dos EUA em 2024 e foi o segundo maior comprador de leite em pó integral, ficando atrás apenas da América do Sul.

Desde 2013, o comércio de lácteos entre EUA e México quase dobrou, alcançando um valor total de mais de US$ 2,3 bilhões até 2023. O México compra mais de 25% das exportações de lácteos dos EUA, que, por sua vez, suprem mais de 80% do déficit anual de lácteos mexicano.

No caso do Canadá, o país foi o 8º maior mercado de exportação de lácteos dos EUA em 2024, com 82,5 mil toneladas, superando regiões como Nova Zelândia, Austrália e Europa. O Canadá também lidera como maior mercado de exportação de manteiga dos EUA.

Em valor, o comércio de lácteos entre os dois países cresceu 63% na última década, atingindo US$ 1,09 bilhão.

Por outro lado, em 2023, o Canadá exportou cerca de 83,8 mil toneladas de lácteos para os EUA, com um valor total de CA$ 293,2 milhões. Queijos foram o principal produto em valor (CA$ 98,7 milhões), enquanto o soro de leite liderou em volume (37,4 mil toneladas).

Impactos econômicos generalizados

As tarifas propostas por Trump, mesmo com o objetivo de proteger o mercado doméstico, têm o potencial de gerar prejuízos significativos para as economias dos três países. Segundo o Instituto Peterson de Economia Internacional (PIIE), tarifas de 25% sobre todos os bens podem desacelerar o crescimento e aumentar a inflação.

Para os EUA, isso representaria uma queda de US$ 200 bilhões no PIB; para o Canadá, uma redução de US$ 100 milhões, e, para o México, uma retração de 2% na taxa de crescimento.

No setor lácteo, os danos podem ser ainda mais expressivos, uma vez que os EUA estão investindo cerca de US$ 8 bilhões em novas instalações de processamento para expandir o mercado, o que exige exportações robustas para justificar a produção adicional de 20 milhões de libras de leite por dia.

O futuro do USMCA e as intenções de Trump

O Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), firmado durante o primeiro mandato de Trump, tem sido crucial para promover o comércio e a rentabilidade no setor de lácteos. No entanto, com a renegociação prevista para 2026, analistas interpretam as tarifas como uma estratégia de Trump para obter concessões dos parceiros comerciais.

Warwick J. McKibbin e Marcus Noland, do PIIE, afirmam que impor tarifas agora seria equivalente a “destruir” o acordo que o próprio Trump assinou. Ainda assim, resta saber como essa batalha comercial se desenrolará.

Para o setor lácteo, o impacto pode ser devastador: investimentos futuros podem ser congelados, cadeias de suprimentos desestabilizadas e a competitividade global enfraquecida. Se as tarifas avançarem, Canadá, México e EUA terão que enfrentar as consequências de um comércio bilionário ameaçado por políticas protecionistas.

Reflexão final

O setor lácteo, tão interligado e dependente de mercados externos, corre o risco de ser um dos maiores prejudicados caso as tarifas sejam implementadas.

É um jogo de poder que coloca em xeque não apenas a estabilidade do comércio, mas também os laços econômicos construídos ao longo de décadas. Enquanto os líderes se enfrentam, produtores, processadores e consumidores de lácteos podem acabar pagando o preço mais alto.

 

*Traduzido e adaptado para eDairyNews 🇧🇷

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