Especialista explica que, apesar de o preço ser mais em conta, é preciso ler atentamente o rótulo e avaliar informações nutricionais desses produtos.

Com a alta da inflação ao longo desse ano, muitas marcas de alimentos, em especial os de origem láctea, passaram a oferecer produtos similares: soro de leite, bebida e mistura lácteas, creme culinário, entre outros. Estão nos supermercados como opção mais barata aos produtos originais, como é o caso do próprio leite, iogurte, leite condensado e creme de leite.

A composição nutricional desses alimentos é muito diferente da original, mas as embalagens são muito parecidas e ficam lado a lado na gôndola, confundindo o consumidor.

“Ele acredita estar comprando o produto original, com a vantagem do preço mais em conta. Mas, na prática, percebe que não foi nada disso que levou para casa”, afirma a nutricionista, doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos e professora do curso de Nutrição da Universidade Positivo (UP), Mariana Etchepare.

Segundo ela, a rotulagem é uma ferramenta que garante o direito do consumidor à informação e auxilia na formação de escolhas que levam em consideração os aspectos nutricionais, hábitos culturais e de consumo.

“As informações nos rótulos dos alimentos devem ser precisas, padronizadas e compreensíveis. A busca pela alimentação mais saudável, aliada ao aproveitamento de alguns subprodutos pela indústria torna favorável a elaboração de novos produtos, similares aos já tradicionais. Mas o consumidor precisa estar consciente dessas diferenças antes de fazer a escolha”.

Entenda as partes do leite no processo industrial

Um exemplo disso é a bebida láctea. Segundo a professora, o termo pode englobar uma série de produtos fabricados com leite e soro.

“Ela é o produto lácteo resultante da mistura do leite (in natura, pasteurizado, esterilizado, UHT, reconstituído, concentrado, em pó, integral, semidesnatado ou parcialmente desnatado e desnatado) e soro de leite (líquido, concentrado ou em pó), adicionado ou não de produto(s) alimentício(s) ou substância alimentícia, gordura vegetal, leite(s) fermentado(s), fermentos lácteos selecionados e outros produtos lácteos”, detalha Mariana.

Já o soro do leite é o líquido residual obtido a partir da coagulação do leite destinado à fabricação de queijos e do próprio leite.

“Praticamente a metade do soro não é aproveitada, gerando desperdícios nutricionais, financeiros e impactos ambientais relevantes. A grande produção no país resulta em enorme quantidade desse material, uma vez que é perecível e poderia tornar-se poluente”, explica. “Mas o soro do leite é um subproduto de relevância da indústria de queijos por ser produzido em grande volume e conter aproximadamente 55% dos nutrientes do leite”.

Algumas pessoas confundem na gôndola o iogurte com a bebida láctea. O iogurte é um tipo de leite fermentado, adicionado ou não de outras substâncias alimentícias, obtidas por coagulação e diminuição do pH do leite, ou reconstituído, adicionado ou não de outros produtos lácteos, por fermentação láctica mediante ação de cultivos de microrganismos específicos, conforme a médica explica.

“Em termos nutricionais o iogurte é mais completo porque contém mais proteína, cálcio, além das bactérias benéficas para a flora intestinal. Já a bebida láctea não contém todos esses nutrientes na mesma quantidade.”

Para começar, ela é mais diluída, enquanto o iogurte é mais concentrado e cremoso. “Isso sem contar que no processo de produção, a composição da bebida láctea tem mais soro de leite que o próprio leite, o que diminui o custo da fabricação. Porém, é menos calórica e nutritiva que o iogurte”, esclarece.

Campeã de reclamações: mistura láctea não é leite condensado

O tradicional leite condensado é feito da redução de leite de vaca e açúcar, o que dá ao doce um aspecto amarelo e cremoso. Já a mistura láctea, como o próprio nome diz, mistura-se soro de leite, gordura vegetal, leite em menor quantidade, açúcar, amido de milho, além de aditivos químicos, como espessantes e conservantes. Isso torna a mistura láctea mais barata e com textura parecida com a do leite condensado, mas, na prática, os produtos são bem diferentes, podendo não ser a melhor opção à substituição do leite condensado nas receitas.

Leite em pó e composto lácteo

Esse tem até a mesma embalagem, o que muda é a denominação do produto. O leite, como o próprio nome diz, é feito à base de leite em pó, desidratado. Não tem adição de nenhum mineral ou outro composto. É um produto natural e contém açúcar, vitaminas, minerais, gorduras, proteínas e outras substâncias contidas no próprio leite, informa a professora. Já o composto lácteo é uma alternativa ao leite de vaca.

“É um produto em pó também, mas tem a mistura de, no mínimo, 50% de leite e outras substâncias que podem ser lácteas, como o soro de leite, manteiga, creme de leite ou misturas não lácteas, como óleos vegetais e maltodextrina”, exemplifica.

“Não posso afirmar que esse produto não é saudável. Só que pode não ser recomendado para um tipo de população, como, por exemplo, crianças menores de dois anos. Para elas, o mais indicado é que se alimentem, de preferência, do leite materno ou de leite em pó específico para essa faixa etária”, recomenda.

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Bebida láctea, mistura láctea, soro de leite: descubra o que há por trás desses “novos” produtos – Freepik

A Nova Zelândia deu início à temporada de laticínios com um impulso impressionante, provavelmente contribuindo com uma quantidade substancial de oferta para o mercado, de acordo com a Westpac NZ.

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