Certificação
O projeto teve início a partir da necessidade de Dilson Silva, proprietário da Fazenda São Pedro, de adequar sua propriedade, principalmente, na produção leiteira. Ele havia negociado os ajustes com o principal laticínio da região, para ser enquadrado em um programa de certificação denominado BPF (Boas Práticas na Fazenda) Nature. A certificação exige que o produtor cumpra alguns requisitos: destino adequado dos dejetos, bem-estar animal, não usar ocitocinas e outros hormônios nos animais, além de controle do uso da água.
Um dos pontos críticos para comprimento de exigências, era dar um destino adequado aos resíduos líquidos da sala de ordenha. Em visita à propriedade, a equipe local da Emater-MG em Bocaiúva constatou que toda a água usada na lavagem da sala de ordenha era descartada no quintal por um longo período, causando um impacto ambiental negativo e poluindo um córrego próximo.
A proposta de construção da esterqueira para receber os resíduos, e posterior utilização do material como fertilizante, foi feita pela engenheira ambiental Jane Terezinha Leal e pelo engenheiro agrônomo Márcio Stoduto de Mello, ambos do Departamento Técnico da Emater-MG, após consulta do extensionista Iran sobre o assunto. Além de resolver o problema ambiental, o produtor poderia reduzir seu custo de produção, com a troca da adubação nitrogenada pelo biofertilizante, na cultura de milho e na pastagem.
Unidade demonstrativa
A partir do sucesso da experiência, a propriedade de Dilson Geraldo passou a funcionar como uma unidade demonstrativa do uso da esterqueira para a produção de biofertilizante e já recebeu mais de 50 pessoas interessadas em adotar o sistema. A prefeitura municipal de Bocaiúva é uma das parceiras da Emater-MG na iniciativa, pois cedeu uma retroescavadeira para a obra de implantação da esterqueira. E o laticínio que compra o leite dos produtores da região adiantou os recursos necessários para a aquisição da geomembrana, um material usado no revestimento do tanque que recebe os dejetos bovinos.
O extensionista da Emater-MG ressalta que, mesmo com investimentos próprios, o projeto vale a pena. Iran Ferreira afirma que o pagamento extra de R$ 0,07 por litro de leite já representa, em um ano, cerca de R$ 8 mil a mais na renda do produtor. “E isso sem contar os ganhos ambientais e sociais de se ter uma propriedade ambientalmente equilibrada”, finaliza Junior.