Após um breve impasse técnico, o Brasil reabriu oficialmente as portas para a importação de whey protein concentrado dos Estados Unidos, mais especificamente da empresa Agropur. A suspensão, motivada por resultados laboratoriais que indicaram níveis de proteína abaixo do exigido (menos de 80%), foi revertida no último dia 9 de junho, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
A medida vinha preocupando o setor de nutrição esportiva e ingredientes lácteos, já que o whey protein é amplamente utilizado tanto na indústria alimentícia quanto no mercado fitness brasileiro, que movimenta bilhões de reais ao ano.
Entenda o caso Agropur
A Agropur, cooperativa com sede no estado de Minnesota e uma das líderes na produção de ingredientes lácteos na América do Norte, teve seus embarques para o Brasil interrompidos no final de maio, quando amostras da proteína concentrada do soro de leite apresentaram teores abaixo do padrão mínimo exigido pela regulação brasileira.
De acordo com o Serviço de Marketing Agrícola (AMS) e o Serviço Agrícola Estrangeiro (FAS) do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a suspensão foi solucionada de forma ágil por meio da apresentação de dados técnicos complementares e ajustes nos protocolos de controle de qualidade da empresa.
Brasil: mercado estratégico para o whey dos EUA
O Brasil é, hoje, um dos principais destinos mundiais para a proteína concentrada de soro de leite norte-americana. Em 2024, segundo dados oficiais do USDA, o país importou mais de US$ 83 milhões em whey protein dos Estados Unidos — uma cifra que coloca o Brasil entre os três maiores compradores desse produto específico.
Em meio a um cenário de queda na produção interna de leite, aumento de custos industriais e demanda crescente por produtos proteicos, a dependência de ingredientes importados se intensifica no mercado brasileiro, tornando a relação com fornecedores norte-americanos cada vez mais estratégica.
Comércio agrícola em expansão
A retomada das exportações de whey protein ocorre em paralelo a outras conquistas comerciais do governo dos Estados Unidos. A secretária de Agricultura, Brooke L. Rollins, anunciou recentemente novas permissões de acesso para frutas cítricas e maçãs na Tailândia e a redução de barreiras para frutas de caroço no Vietnã.
Rollins também destacou que uma série de visitas diplomáticas — incluindo Reino Unido, Itália e, futuramente, Japão, Índia, Peru, Vietnã e Brasil — está em andamento como parte de uma estratégia de expansão da presença agrícola norte-americana em mercados de alto potencial.
Perspectivas para o setor lácteo
Para o Brasil, a normalização das importações representa não apenas a estabilização do abastecimento de um insumo fundamental, mas também um sinal claro da importância da diplomacia técnica e da rastreabilidade na cadeia de ingredientes lácteos.
O episódio da Agropur serve de alerta para importadores e indústrias locais sobre a necessidade de monitoramento rigoroso dos padrões exigidos e da qualidade dos produtos adquiridos no exterior — especialmente em categorias com forte apelo nutricional e sanitário, como o whey protein.