ESPMEXENGBRAIND
12 ago 2025
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Mesmo com recuo nas importações em junho, país segue dependente de leite em pó estrangeiro. Exportações e preços internacionais também caem.
Mesmo com um mercado interno robusto e potencial de crescimento, o Brasil ainda não consolidou uma política nacional de estímulo consistente à produção e exportação de lácteos.
Mesmo com um mercado interno robusto e potencial de crescimento, o Brasil ainda não consolidou uma política nacional de estímulo consistente à produção e exportação de lácteos.

O Brasil registrou um déficit de US$ 477 milhões na balança comercial de leite e derivados no primeiro semestre de 2025.

O dado, divulgado pelo Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite no Boletim de julho, equivale a uma entrada líquida de 1,042 bilhão de litros de leite no país, acentuando a dependência brasileira de produtos lácteos importados.

Importações caem, mas ainda são expressivas

As importações brasileiras de lácteos totalizaram 156 milhões de litros equivalentes em junho, o que representa uma queda de 9,2% em relação a maio e de 12,3% na comparação com o mesmo mês de 2024.

Apesar da retração, o volume continua elevado e pressiona o mercado interno. O leite em pó integral segue como o principal produto importado, reforçando sua posição estratégica na composição do mix lácteo brasileiro.

Essa queda nas compras externas pode estar relacionada à desvalorização do real, ao custo logístico e à leve melhora na produção nacional nos últimos meses, mas não representa ainda uma tendência consolidada de reversão na balança comercial.

Exportações em ritmo lento

As exportações, por sua vez, recuaram 30,2% em junho em comparação com maio, totalizando apenas 5 milhões de litros equivalentes.

Ainda assim, o número representa uma alta de 10% frente a junho do ano passado, o que aponta para pequenos avanços nas vendas externas — ainda muito tímidos diante da competitividade internacional.

A dificuldade de exportar está ligada, principalmente, à falta de escala, à volatilidade cambial e à falta de acordos comerciais sólidos com grandes mercados consumidores. O custo de produção interno, pressionado por insumos e juros elevados, também limita a capacidade do Brasil de competir no cenário global.

Mercado internacional em retração

O cenário externo tampouco favorece as exportações brasileiras. Na primeira quinzena de julho, os preços internacionais do leite em pó voltaram a cair.

O leite em pó integral foi cotado a US$ 3.859 por tonelada, o que representa uma queda de 6,5% em relação ao mês anterior. Já o leite em pó desnatado caiu 2,6%, negociado a US$ 2.718 por tonelada, de acordo com os indicadores de mercado.

Essas retrações refletem um ajuste global de oferta e demanda, com estoques elevados em países exportadores tradicionais como Nova Zelândia e União Europeia, além da desaceleração de economias asiáticas que tradicionalmente puxam o consumo mundial.

Um alerta para o setor

Os dados reforçam um alerta recorrente para a cadeia produtiva brasileira: a dependência externa do leite, especialmente na forma de pó, coloca o setor em posição vulnerável diante de oscilações cambiais, logísticas e de preço.

Mesmo com um mercado interno robusto e potencial de crescimento, o Brasil ainda não consolidou uma política nacional de estímulo consistente à produção e exportação de lácteos.

Segundo especialistas da Embrapa, é necessário fortalecer a eficiência produtiva, ampliar investimentos em tecnologia e qualidade, e buscar inserção estratégica em mercados internacionais para equilibrar a balança comercial e garantir sustentabilidade econômica para produtores e indústrias.

O desafio é sistêmico, e passa por infraestrutura, gestão de custos, segurança jurídica e tributária, além de ações coordenadas entre governo e setor privado. Enquanto isso, os números do primeiro semestre de 2025 acendem mais um sinal amarelo no caminho da autossuficiência láctea brasileira.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de O Presente Rural

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