Entre o dia 30 de abril até o dia 5 de maio, cerca de três milhões de litros de leite deixaram de ser captados no Rio Grande do Sul, importante bacia produtora de leite no país, segundo informações do secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini. De acordo com ele, entretanto, agora a captação está entre 95% a 97% normalizada.
Ele explica que as águas do Rio Taquari estão baixando, o que permite que a captação nas propriedades leiteiras que, geralmente, ficam mais distantes de áreas que margeiam rios, consigam ser acessadas, ainda que com alguma dificuldade ou caminhos alternativos.
Sobre a normalização do volume captado, Palharini afirma que não houve queda drástica, apesar de números mais concretos estarem sendo apurados. De acordo com ele, por dia, são captados no Estado entre 10 milhões a 10,5 milhões de litros de leite, e com esta catástrofe das enchentes, a redução estimada por dia é de 500 mil litros devido ao descarte de leite por falta de refrigeração, estradas comprometidas, e também pela morte de animais em algumas propriedades.
“O gargalo maior agora é fazer com que o leite ‘acabado’ chegue até os supermercados que ainda estão em funcionamento para abastecer a população, o que eu acredito que deva entrar em alguma normalidade dentro de dois ou três dias”, aponta.
Questionado sobre os custos da logística do alimento, uma vez que há relatos de dificuldade de acesso a combustíveis e as rotas alternativas para transporte são mais longas do que o normal, Palharini aponta que isso deve acrescentar alguns centavos no preço na gôndola. “Também é preciso ficar vigilante em relação a preços abusivos”, disse. Nesta questão, o Governo do Estado informou que “o Procon RS buscou parceria com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) e o Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes (Sulpetro) para divulgar, em larga escala, as denúncias contra os preços abusivos e a orientação para limitação de quantidade de produtos vendidos a cada pessoa”.
Confira abaixo a nota enviada pelo Sindilat:
“Com a redução do nível das águas no Vale do Taquari e em diversas regiões do Rio Grande do Sul, a captação de leite vem sendo retomada. Nesta terça-feira (7/5), diversas propriedades voltaram a ser acessadas pelos caminhões de leite das indústrias e a coleta tende a aumentar nos próximos dias. Segundo o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini, é importante informar à população que não faltará leite no varejo nem para o abastecimento das vítimas. Diversas indústrias associadas ao Sindilat estão, inclusive, dando início a campanhas de arrecadação de recursos, entrega de donativos, materiais de higiene e água aos desabrigados.
Com a alta precipitação do final de semana, o sistema de coleta teve maior prejuízo no domingo (5/5) devido à interrupção de estradas, morte de animais e alagamento de propriedades rurais. Segundo levantamento do Sindilat, cerca de 3 milhões de litros deixaram de ser coletados até o domingo no Rio Grande do Sul. Na segunda-feira (6/5), a situação já começou a ser restabelecida muito em função do apoio entre indústrias. “As empresas estão se ajudando, captando leite de todos os produtores possíveis, daqueles que são seus fornecedores e os que não são também. É a forma que encontramos de garantir renda para essas famílias e não prejudicar ainda mais o abastecimento”, comenta.
Segundo o presidente do Sindilat, Guilherme Portella, a situação é crítica. “Mais importante nesse momento é preservar vidas e apoiar as famílias atingidas”, frisou, lembrando que o setor lácteo é um dos mais ramificados da economia gaúcha com atuação em 493 dos 497 municípios gaúchos. “Estamos preparados para dar aos produtores o suporte necessário para a reconstrução do Rio Grande do Sul. Se agora estamos em dificuldade devido à ramificação de nossa captação também será ela que irá nos permitir fomentar uma retomada pulverizada do nosso Estado”, destacou Portella.
Na indústria, registram-se impactos de abastecimento. Já há falta de produtos como embalagens, itens de limpeza e químicos, uma vez que esses produtos vêm de outras regiões do Brasil e estão retidos nas estradas sem acesso ao Rio Grande do Sul.”