Na Animal Agtech Innovation Summit, realizada em Amsterdã no início deste mês, um painel de especialistas explorou estratégias para reduzir as emissões de metano, concentrando-se em como a colaboração do setor pode ampliar o impacto ambiental.
Cargill. Se os fatores financeiros estiverem presentes, os agricultores agirão rapidamente. © GettyImages/VLIET
Se os fatores financeiros estiverem presentes, os agricultores agirão rapidamente. © GettyImages/VLIET

Linda Midgley, vice-presidente de sustentabilidade da Cargill Animal Nutrition and Health, explicou como o setor agrícola pode alavancar investimentos para expandir estratégias de redução de metano de forma eficaz.

“O investimento é essencial, mas talvez não no sentido que pensamos tradicionalmente,” afirmou.

Nos últimos anos, o engajamento da Cargill com startups evoluiu: antes, o foco era validar novas tecnologias em fases experimentais, mas agora, muitas tecnologias de redução de metano estão mais avançadas e atraem grandes investimentos, algumas alcançando reduções de até 70-90%.

 

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“Atualmente, empresas nos procuram para saber como a Cargill pode ajudar a trazer essas tecnologias para o mercado e escalá-las,” disse Midgley. “Antes, o gargalo era o investimento na oferta. Agora, focamos em estimular a demanda.”

Historicamente, o debate foi centrado no produtor e em garantir benefícios ao longo da cadeia de valor, mas Midgley acredita que é preciso ir além da visão de “jogo de soma zero”. Mudanças duradouras exigem a criação de valor dentro do sistema, o que ocorrerá por etapas.

A indústria deve buscar aumentar a produtividade enquanto reduz as emissões de metano, um benefício direto para os produtores. Contratos de longo prazo também podem oferecer estabilidade financeira, promovendo investimento e proporcionando mais segurança.

“Vejo uma abordagem transacional de curto prazo nos contratos de nutrição animal. Mudar para compromissos mais longos traria segurança e criaria valor em toda a cadeia,” comentou Midgley. “Estamos explorando diferentes modelos de negócio, onde a prioridade é a criação e redistribuição de valor dentro da cadeia.”

Engajamento com Produtores

Cees Jan Hollander, gerente global de expertise em produção na Danone, falou sobre as barreiras para que produtores adotem ferramentas de redução de metano e como a colaboração pode aumentar a adesão.

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“Ao abordar a redução de metano, o desafio está em alcançar diretamente o produtor. Se todos colaborarmos com uma mensagem unificada, o impacto será maior,” disse Hollander.

Atualmente, múltiplos fornecedores interagem com os produtores, oferecendo orientações que, por vezes, são contraditórias. “Isso deixa o produtor incerto. Eles decidem, pois são empreendedores, mas podemos ajudar a simplificar suas escolhas.”

A iniciativa da Danone “Parceiro para o Crescimento” exemplifica essa abordagem colaborativa. A empresa coordena com fornecedores e prestadores de serviço para unificar os esforços e oferecer orientação clara e consistente.

Além de aumentar a produtividade, a Danone busca melhorar o desempenho das fazendas. “No setor lácteo, é comum aceitar uma taxa de substituição de 40-50%. Porém, com manejo adequado, as vacas podem ser produtivas até a sexta lactação. Prolongar a vida útil das vacas reduz custos e diminui as emissões associadas à criação de novos animais. É um objetivo desafiador, mas viável.”

O Potencial da Genética

Sander de Roos, diretor global de inovação estratégica da CRV, discutiu como a genética de baixa emissão de metano pode ser integrada nas práticas agrícolas.

“Na CRV, estamos envolvidos em diversas colaborações de sustentabilidade. Uma parceria com a Agrifirm, uma cooperativa de ração holandesa, busca conectar os setores de nutrição e genética para transmitir uma mensagem única aos produtores. Isso também aprofunda nosso entendimento sobre a interação entre nutrição e genética.”

Outra colaboração com a FrieslandCampina e a Universidade de Wageningen permitiu medir emissões de metano em cerca de 10.000 vacas nos últimos anos. A pesquisa demonstrou que as diferenças de emissão entre vacas são significativas, variando de 300 a 600 gramas diários, e muitas dessas variações são genéticas.

“Atualmente, com testes de DNA, podemos identificar características de baixa emissão para reprodução seletiva, similar ao que foi feito com outros traços,” explicou de Roos.

 

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Ele destacou que iniciativas de incentivo financeiro, como a da FrieslandCampina, que remunera produtores com menor equivalência de CO2 por quilograma de leite, são fundamentais para que a redução genética de metano se torne uma prática ampla.

Medições no Campo

A C-Lock criou o GreenFeed, um sistema que mede emissões de metano e dióxido de carbono metabólico de ruminantes em tempo real, permitindo que produtores acompanhem melhorias na eficiência alimentar e na redução de metano.

Meredith Harrison, CSO da C-Lock, ressaltou a importância de ferramentas de medição precisas e como modelos preditivos podem estabelecer referências confiáveis.

“Embora seria ideal que todas as fazendas tivessem um sistema GreenFeed, isso não é realista. Medições precisas são essenciais para estabelecer previsões e métricas significativas, especialmente à medida que as fazendas adotam intervenções como melhoramento genético e inibidores de metano,” comentou.

Harrison apontou que, ao apresentar a redução de metano como um caminho para maior eficiência, os produtores tendem a se envolver mais, já que o custo com alimentação representa mais de 70% das despesas operacionais.

Apesar de algumas organizações sugerirem que uma redução significativa de emissões só seria possível com a diminuição do rebanho, ela discordou: “Dado o crescimento populacional global, essa solução não é viável.”

Harrison destacou a importância da “intensidade de metano” — emissões de metano por unidade de produção — como uma métrica que mede melhor a eficiência. A C-Lock lançou um programa de concessão de equipamentos, distribuindo unidades GreenFeed a produtores nos EUA, para ajudar na implementação desses indicadores.

“É crucial balancear precisão com a coleta de dados em larga escala. Quanto mais tempo levamos para medir um animal, menos conseguimos avaliar. Portanto, números perfeitos não são necessários; o importante é compartilhar dados e incluir metadados relevantes para os cálculos,” finalizou.

Harrison enfatizou o valor da colaboração no setor e o compartilhamento de dados como fundamentais para o progresso.

 

 *Traduzido e adaptado para eDairyNews

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