De acordo com o tratado, o gás metano é responsável por aproximadamente um terço do aquecimento global causado por atividades humanas desde o início da revolução industrial.
as emissões totais de metano entérico no Brasil teriam caído nas últimas duas décadas no setor leiteiro
As emissões totais de metano entérico no Brasil teriam caído nas últimas duas décadas no setor leiteiro.

Na COP26 (Glasgow 2021) o Brasil juntou-se a mais de 100 países assinando o Compromisso Global sobre Metano (“Global Methane Pledge” em inglês), um acordo para reduzir em até 30% as emissões globais de metano (CH4) até 2030.

De acordo com o tratado, o gás metano é responsável por aproximadamente um terço do aquecimento global causado por atividades humanas desde o início da revolução industrial.

Leia também:  Mudanças na dieta das vacas podem reduzir o metano entérico dos laticínios em até 60%

Vale a pena lembrar que o metano é aproximadamente 28 vezes mais potente do que o CO₂ no impacto do aquecimento global em períodos de 100 anos de acordo com a EPA (“Environmental Protection Agency” dos EUA).

De acordo com dados da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC em inglês), dentro das atividades humanas que causam emissões de CH4, a pecuária é responsável por aproximadamente 30% do total global, seguido pelo setor de energia com 28%, lixo 20% e agricultura 17%.

Emissões globais de metano por setor

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Emissões de gases de metano – Fonte: UNFCCC 2022

Com relação às emissões de metano entérico no Brasil para o setor de leite, não há dados consolidados oficiais, mas estimamos um total de aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de CH4 para o ano de 2022 para as vacas em ordenha.

Este cálculo deriva de uma estimativa de emissões por vaca/ano e do número total de vacas em ordenha reportado pelo IBGE.

Consideramos uma média constante de 95 kg/vaca/ano, média global de acordo com um estudo recente da universidade de Adelaide na Austrália , que pode mudar dependendo da alimentação dos animais e das caraterísticas genéticas como veremos mais adiante.

Assim, as emissões totais de metano entérico no Brasil teriam caído nas últimas duas décadas no setor leiteiro, considerando que o número de vacas em ordenha tem recuado de 18,8 milhões em 2002 para 15,8 milhões em 2022, de acordo com dados do IBGE.

As emissões totais de metano pelo setor de carne bovina têm seguido a evolução da produção de carne. Porém, vale destacar que os ganhos de produtividade na última década, principalmente ligadas a melhora na formulação da dieta e ao aumento no número de gados confinados, têm reduzido a relação entre a quantidade emitida de metano e a produção de carne bovina.

Aditivos como ferramenta para diminuir emissões de CH4

Do ponto de vista técnico, os aditivos alimentares desenvolvidos nos últimos anos pela indústria de nutrição animal, parecem ser uma forma eficiente e rápida de obter resultados concretos de redução de emissões de metano entérico, gerando resultados de aproximadamente 30% de redução utilizando doses recomendadas.

Dados da DSM Firmenich , apontam que na média 58,5% das emissões de gases de efeito estufa nas fazendas leiteiras vem do CH4 do arroto das vacas.

Porém, até agora há apenas alguns exemplos concretos de utilização no Brasil destes suplementos nos setores de carne e leite, apesar do interesse de várias empresas globais e locais de apresentar resultados concretos de redução de emissões nas suas cadeias produtivas.

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Os custos adicionais dos aditivos, com resultados óbvios na redução de metano, parecem ser a principal barreira de aumento de utilização. A pergunta é quem pagará a conta do custo de reduzir as emissões de metano:

  • O consumidor estará disposto a pagar mais por um produto final com menos emissões, sendo que até agora há conhecimento limitado na população sobre o assunto?
  • A indústria ou o varejo irão reduzir as suas margens para custear o produto?
  • Os governos vão querer de fato forçar a redução de emissões de metano com novas regulamentações?
  • Os supermercados irão reduzir alguns custos para produtos com redução de emissões considerando seus próprios objetivos e compromissos?
  • A indústria de nutrição animal conseguirá reduzir os preços com maior escala e adicionar outras funcionalidades para ganhos de produtividade que permitam incentivar a sua adoção?

 

*Wagner Yanaguizawa é analista de economia na Rabobank e Andres Padilla é especialista em indústria e pesquisa na Rabobank.

Obs: As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de sua autora e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural.

Nesta segunda parte da entrevista, Damián e Cristina da NZX falaram sobre o Global Dairy Seminar, um evento importante que ocorrerá em alguns dias em Cingapura, e sobre os novos mercados que impulsionarão a demanda por produtos lácteos nos próximos anos.

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