ESPMEXENGBRAIND
19 jun 2025
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19 jun 2025
COFCO investe em logística, incluindo um Megaporto estratégico, para garantir grãos baratos. O impacto já é sentido no comércio global e também no setor lácteo.
Megaporto
A China garante seu principal insumo para laticínios com um megaporto no Brasil, e o impacto já se faz sentir no mercado global.

A construção do megaporto da COFCO no Brasil marca um ponto de inflexão no comércio internacional de grãos, com efeitos que já começam a ser sentidos também no setor leiteiro global.

O investimento de mais de 285 milhões de dólares no porto de Santos busca muito mais do que eficiência logística: visa consolidar o controle direto da China sobre o fornecimento de alimentos estratégicos.

O novo terminal, que poderá movimentar até 14,5 milhões de toneladas anuais de grãos e açúcar, terá capacidade para armazenar 490 mil toneladas e contará com carregadores capazes de despachar dois navios Panamax por dia.

A essa infraestrutura soma-se um investimento adicional de 206 milhões de dólares na compra de vagões e locomotivas, com o objetivo de reduzir os custos logísticos entre 10% e 15%.

Essa estratégia reforça o acesso direto da China a insumos estratégicos para sua produção de alimentos e proteínas, eliminando intermediários e garantindo preços mais competitivos.

Mas o impacto vai além das fronteiras do país asiático: a pressão que essa eficiência impõe sobre os custos globais de produção já afeta outras indústrias, incluindo a láctea.

Enquanto isso, os Estados Unidos tentam conter a influência da China com medidas como a redução temporária de tarifas sobre suas exportações de laticínios para aquele país: de 145% para 30% durante 90 dias.

Paralelamente, a China também reduzirá suas próprias tarifas sobre produtos lácteos importados, de 125% para 10%.

No entanto, essas medidas são de curto prazo e não alteram o cenário estrutural. Diante de um Brasil sem essas barreiras comerciais, a concorrência continua desigual.

Nesse contexto, o México se consolida como um parceiro estratégico para o setor lácteo norte-americano. Em 2023, absorveu 29% das exportações de laticínios dos EUA, totalizando 2,32 bilhões de dólares, frente aos 7,6% representados pela China.

Além disso, mais de 80% dos produtos lácteos importados pelo México vêm dos Estados Unidos, em um ambiente de regras claras e riscos comerciais reduzidos.

Em um mercado cada vez mais interconectado, as decisões logísticas e geopolíticas sobre grãos impactam muito além do campo. Elas também moldam o futuro do leite.

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