A Conaprole, a gigante cooperativa láctea do Uruguai, está se encaminhando para fechar o ano de 2025 com um recorde histórico absoluto de produção.
A confirmação veio do vice-presidente da empresa, Alejandro Pérez Viazzi, em conversa com o portal Conexión Agropecuaria. O executivo projetou, com otimismo, que a recepção total de leite nas plantas industriais da cooperativa deve atingir a marca inédita de 1,610 bilhão de litros ao final do ciclo.
Os números mais recentes não deixam dúvidas sobre a trajetória de crescimento. Apenas na primeira quinzena de dezembro, as remessas diárias de leite para as unidades da Conaprole registraram um volume impressionante, 13% superior ao observado no mesmo período de 2024. A média diária nesses catorze dias ficou em 4,988 milhões de litros, um sinal forte de que o setor está terminando o ano com todo o vigor.
Esse desempenho de dezembro é a ponta de um iceberg de um ano consistentemente positivo para a pecuária leiteira uruguaia. Conforme dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de la Leche (INALE), o mês de outubro já havia surpreendido. A recepção nacional naquele mês totalizou 221,85 milhões de litros, um valor 3% acima de outubro de 2024 e, mais significativamente, o melhor outubro registrado desde 2020. Analisando uma série histórica mais longa, a performance de outubro de 2025 se consagrou como a segunda maior para aquele mês desde o ano de 2002.
O acumulado do ano até outubro reforça a tese de um 2025 excepcional. Nos primeiros dez meses, o país recebeu um total de 1,734 bilhão de litros de leche na indústria, representando um crescimento sólido de 4,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento sustentado é o alicerce que permite ao vice-presidente Pérez Viazzi falar em recorde absoluto ao projetar os números finais de novembro e dezembro.
O cenário climático, no entanto, apresenta nuances. Por um lado, a disponibilidade de pastagens – base da alimentação do rebanho leiteiro uruguaio – é considerada boa. Por outro, a irregularidade das chuvas emerge como um ponto de atenção. “As chuvas não se concretizaram, sobretudo no sul do país”, comentou o dirigente, reconhecendo uma certa carência hídrica em algumas regiões específicas. Apesar disso, Pérez Viazzi buscou acalmar os ânimos em relação ao recurso mais crítico: a água para os animais. “Em geral, não há problemas com as aguadas. A maioria dos animais, as vacas em produção, creio que têm água na parcela”, afirmou.
O contexto macroeconômico e de mercados externos também desempenha um papel crucial neste cenário de produção elevada. O Uruguai tem se consolidado como um exportador global de lácteos de alta qualidade, e a demanda internacional, aliada a preços relativamente atraentes, estimula a produção nas fazendas. A Conaprole, como principal ator do setor, canaliza essa produção para um portfólio diversificado que vai desde leite fluido até queijos sofisticados e leite em pó, destinados a dezenas de mercados ao redor do mundo.
Especialistas ouvidos pelo portal eDairyNews Brasil avaliam que este ciclo positivo é resultado de uma conjunção de fatores. Além do clima ainda favorável na maior parte das bacias leiteiras, os produtores uruguaios vêm investindo em tecnologia, genética e manejo, o que tem elevado gradualmente a produtividade por animal. A estrutura cooperativista, simbolizada pela forte presença da Conaprole, oferece uma certa estabilidade e previsibilidade ao produtor, fator importante para decisões de investimento de longo prazo.
O possível recorde histórico de produção em 2025 coloca o Uruguai em uma posição de destaque no mapa lácteo regional. Enquanto outros grandes produtores globais enfrentam desafios climáticos mais severos ou volatilidade de custos, o país parece ter encontrado um ritmo estável de expansão. O desafio agora, analisam os mesmos especialistas, será gerenciar com eficiência esse volume recorde, garantindo que a industrialização e a comercialização, tanto no mercado interno quanto no complexo mercado externo, acompanhem o passo acelerado das fazendas.
A confirmação final do recorde dependerá dos números de novembro e da reta final de dezembro, mas o tom otimista do vice-presidente da Conaprole e a robustez dos dados já conhecidos pintam um quadro quase irreversível. O ano de 2025 deve entrar para a história do setor lácteo uruguaio como um marco de superação e volume. A pergunta que fica é se as condições seguirão tão favoráveis em 2026 para que a marca estabelecida neste ano possa, novamente, ser batida.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Blasina y Asociados






