Integrantes do Conselho trabalham desde fevereiro na revisão dos custos de produção, de fabricação e comercialização do leite e seus derivados.
Com o objetivo de conseguir valores de referência do leite mais próximos da realidade de mercado, o Conseleite vai mudar. O presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), Jônadan Ma, explica que a forma de cálculo permanecerá a mesma mas, a partir do próximo ano, não será mais publicado o valor de referência do leite padrão. “Vamos adotar um valor médio com duas possibilidades, uma maior e outra menor”.

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Com essa alteração, haverá uma mudança no patamar do preço do leite de cerca de 14,5%, o que, segundo Jônadan, refletirá numa maior aderência na curva dos valores do leite em comparação com os preços do Cepea.

O diretor tecnológico do Sindicato das Indústrias de Leite de Minas Gerais (Silemg) e vice-presidente do Conseleite-MG, Yago Silveira, disse que “a atualização demonstrou que no período da pandemia os custos de produção subiram mais do que os da indústria, aumentando a participação da matéria prima no custo final dos derivados. A consequência, segundo ele, é a majoração do valor médio de referência do Conseleite que, de fato, o aproxima dos valores que o Cepea vem publicando ao longo dos últimos meses”, explicou.

De acordo com Yago, a decisão de não se publicar mais o valor do leite padrão deve-se ao fato de que, para seu cálculo, tomava-se como referência o volume de 160 litros, considerado pouco representativo para o Estado, que é o maior produtor de leite do país.

A novidade, na opinião dele, tende a trazer uma dinâmica de mercado mais próxima da indústria, com consequências positivas para os produtores. Ainda segundo Yago, essa proximidade do Conseleite traz maior credibilidade, pois trata-se de uma calculadora importante para o setor de Minas já que leva em consideração o preço e o volume de vendas de todos os derivados. “Ele está mais próximo da realidade do que o próprio Cepea que conta o que aconteceu. O Conseleite, além de fazer o mesmo, traz uma previsão do que está acontecendo no próprio mês. “Esses valores estavam ficando cada vez mais descolados da realidade e sendo cada vez mais contestados”, explicou.

Mudança é resultado de dez meses de trabalho

Então, a partir de fevereiro desse ano, iniciou-se um trabalho com o intuito  de mudar isso.  Foram dez meses de trabalho contínuo atualizando custos, parâmetros, períodos de levantamento de informações, dimensionamento do sistema de produção, média dos produtores, custos de produção, a fim de se estipular o valor médio em substituição ao valor de referência do leite padrão.

Jônadan Ma acredita que, com essas mudanças, vão ocorrer três fatos muito importantes:

  •  melhoria na previsibilidade do valor do leite, lembrando que o Conseleite não determina preço médio, preço máximo, ele dá uma indicação do valor médio de referência, de acordo com as condições de produção e qualidade, com o objetivo de nortear o produtor e a indústria.
  • redução de conflitos em função do aumento da confiabilidade da ferramenta
  • garantia de fornecimento de matéria prima

Tanto produtor quanto indústria, agora, terão uma ferramenta em que podem confiar, muito mais ampla. E essa adoção vai permitir que os produtores e o mercado sejam muito mais harmônicos, tenham maior equilíbrio entre oferta e demanda, evitando-se, assim, situações como a que aconteceu em meados desse ano quando houve uma queda grande na captação de leite, afetando o mercado consumidor que teve que pagar preços altíssimo pelo litro de leite”, Jônadan Ma.

Os novos parâmetros adotados estão alinhados com os que foram adotados no Paraná e em Santa Catarina.

O Conseleite é uma associação civil que reúne representantes de produtores rurais e da indústria de laticínios com o objetivo de informar custos de produção, entre outros parâmetros, e obterem valores de referência para o leite e outros produtos lácteos como queijo, iogurte, creme de leite e leite condensado.

A venda abaixo do custo de produção, o chamado dumping, está sob investigação no Ministério da Indústria e Comércio.

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