O cooperativismo ganha cada vez mais força e importância na economia gaúcha, com quase um terço da população participante desse modelo econômico. Atualmente, são 423 cooperativas e mais de 3 milhões de associados que conseguem se manter no campo e fazer novos investimentos por meio delas.
Segundo dados do relatório Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2022, divulgado pelo Sistema Ocergs, o faturamento das cooperativas gaúchas foi de R$ 71,2 bilhões de reais em 2021 — um crescimento de 36% em relação ao ano anterior.
As sobras dos resultados obtidos também aumentaram. O crescimento foi de 20,7%, o que representa R$ 3 bilhões que foram distribuídos aos associados de forma proporcional aos serviços usados.
Um exemplo é a família Castelli, no município de Selbach, no norte do Estado. Há 25 anos, a principal fonte de renda vem da atividade leiteira, trabalho que foi se modernizando com o apoio e orientação de cooperativas.
No fim do ano passado, o casal Adelir e Rosângela Castelli decidiu automatizar a ordenha. Eles robotizaram o serviço que agora acontece 24 horas por dia, sem a necessidade de ter alguém acompanhando o trabalho. Através de um sistema, todo o processo pode ser monitorado em tempo real pelo computador ou de forma remota pelo celular.
Para levar tecnologia para o campo, foi preciso além de recursos financeiros, aumentar a carga da rede elétrica e internet, o que foi viabilizado por meio de uma cooperativa de infraestrutura da região. O investimento de mais de R$ 1 milhão aumentou a produção por animal de 28 litros por dia para 32 litros de leite.
— Muita gente diz: como um pequeno produtor vai fazer uma dívida dessas e conseguir pagar? Mas o robô se paga pelo aumento na produção. Com ele nós conseguimos fazer uma terceira ordenha no dia. A meta é chegar aos 40 litros de leite por animal— explica o produtor Adelir Castelli.
A Cotrijal, em Não-Me-Toque, teve faturamento recorde, de mais de R$ 4 bilhões, o maior entre todas as cooperativas do Estado. Essa cooperativa está presente em 53 municípios, com unidades de recebimento de grãos, beneficiamento de sementes, fábrica de ração, lojas e supermercados, além de ser responsável por uma das maiores feiras de agronegócio do país, a Expodireto.
Para o vice-presidente da Cotrijal, Enio Schroeder, o crescimento da cooperativa passa pelos mais de 18 mil associados.
— Ao longo dos 65 anos da Cotrijal, o nosso associado sempre participou junto com a sua família da cooperativa. Isso é uma das nossas características e diferencial. Nós queremos estimular o associado a participar da cooperativa, das nossas decisões, nos nossos conselhos e lideranças, sempre trabalhando com transparência — diz Schroeder.
A meta em cinco é chegar a 150 bilhões de reais e aumentar para 4 milhões o número de associados. Atualmente, as cooperativas gaúcham geram 74,1 mil empregos. A maioria no ramo agropecuário. Cerca de 80% dos associados gaúchos são de pequenos e médios produtores.
Para o presidente da Organização das Cooperativas do RS (Ocergs), Darci Hartmann, o cooperativismo gaúcho deve seguir crescendo e ajudando na qualidade de vida e renda dos associados.
— É um modelo que veio para ficar, para se consolidar. O cooperativismo está em um crescimento cada vez maior, visto que nos últimos anos mesmo com seca e mesmo com a pandemia o cooperativismo sempre cresceu mais que dois dígitos — relata.
O cooperativismo começou no Rio Grande do Sul em 1902, com a chegada do padre jesuíta Theodor Amstad, que trouxe para o Estado a experiência que tinha na Alemanha. As primeiras cooperativas criadas em comunidades rurais foram de crédito e agrícola.
Ramos do cooperativismo:
- agropecuário (121)
- crédito (77)
- transporte (73)
- saúde (59)
- trabalho, produção de bens e serviços (50)
- infraestrutura (37)
- consumo (6)
Número do cooperativismo no Brasil:
- 18,8 milhões de cooperativados
- 4.880 cooperativas
- 493 mil empregos gerados