A Danone está utilizando tecnologias de IA para descobrir uma vantagem científica que a coloque na frente das concorrentes.
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Uma pesquisa patrocinada pela Danone mostrou que consumir o iogurte da marca reduz o desenvolvimento de resistência a insulina e fígado gorduroso em camundongos obesos.
Em sete, dos últimos nove anos, a Danone sofreu perdas em seus volumes de venda. O volume de vendas na unidade de lácteos — a maior da empresa — caiu 4% no ano passado.

Agora, a aposta da companhia é o uso da inteligência artificial para melhorar seus produtos.

Para Juergen Esser, vice-presidente da Danone, a estratégia de negócios de longo prazo gira em torno da recuperação dos laticínios, trazendo os fermentos certos, os benefícios certos para a saúde e fazer o produto brilhar nas prateleiras.

A empresa aposta que a tecnologia pode fornecer respostas e resultados sobre quais bactérias amigáveis funcionam melhor, ainda mais agora que os consumidores estão mais cautelosos em relação aos alimentos processados.

Para isso, a Danone gastou cerca de US$ 100 milhões em uma de suas novas instalações, inaugurada em fevereiro, perto de Paris, na França. A instalação reúne um laboratório de pesquisa que possui espaços de coworking, o estômago artificial e uma área de testes de consumo.

No espaço, os pesquisadores simulam um intestino humano para testar seu iogurte, usando recipientes de vidro e tubos plásticos. Dentro dos recipientes, as bactérias tentam sobreviver aos sucos digestivos, e quando conseguem, começa o processo com a inteligência artificial, que sonda os potenciais benefícios à saúde.

A base do processo fica na fermentação, mas nem todas as bactérias são criadas da mesma forma. Para isso, a IA da Danone rastreia o caminho dos probióticos desde a saída do pote de iogurte, até a caixa de vidro do tamanho do torso.

O estômago artificial simula a absorção dos alimentos durante a digestão, detectando quais candidatos suportam ácidos estomacais e enzimas, vendo quais aguentam permanecer no intestino. Após os testes, as bactérias promissoras são estudadas a fundo para entender como elas interagem com as fibras e vitaminas dos alimentos.

A máquina tenta encontrar conexões entre as bactérias escolhidas e as condições de saúde. A IA analisa amostra de fezes, históricos médicos e descobertas científicas, procurando links, desde perda de peso até imunidade.

Para filtrar a IA, os laboratórios obtiveram acesso a amostras de pacientes e perfis de saúde de colaborações como, por exemplo, um projeto com a Universidade da Califórnia em San Diego e outro chamado Le French Gut, buscando analisar o microbioma de 100.000 voluntários.

“Os avanços tecnológicos ajudam muito. É um ecossistema extremamente complexo que só podemos entender medindo muitas coisas, e então temos que entender todos esses dados.” diz Jan Knol, diretor sênior de pesquisa e inovação da Danone.

O funcionamento do estômago artificial, desenvolvido com a empresa holandesa TNO, é mantido em segredo. Por isso, a máquina não pode ser fotografada e as equipes de imprensa são conduzidas antes de poder vê-la.

Parte da IA ​​está em desenvolvimento para outras pesquisas diferentes, mas que se relacionam, como avaliar a qualidade da flora intestinal de bebês com base em fotos de suas fezes visando melhorar a qualidade da fórmula infantil.

Os parceiros da Danone incluem a plataforma Azure, da Microsoft, e Amazon Web Services, da Amazon.

Inteligência Artificial e Marketing

Essa melhoria na área da ciência pode auxiliar a Danone no marketing também. Há 15 anos, o rótulo e o marketing do iogurte Activia e da bebida láctea DanActive foram obrigados a sofrer alterações nos EUA por “alegações exageradas de saúde”.

US$ 35 milhões foram pagos para reembolsar clientes que acusaram a marca de fazer afirmações científicas que não podiam confirmar. Um ano depois, a marca também sofreu restrições na União Europeia, limitando os anúncios de alguns benefícios específicos, após reguladores reprimirem as afirmações de saúde.

Uma pesquisa patrocinada pela Danone mostrou que consumir o iogurte da marca reduz o desenvolvimento de resistência a insulina e fígado gorduroso em camundongos obesos.

O estudo apontou um aumento de benefícios no fígado dos animais, levando-a a obter patentes que permitem a empresa divulgar os benefícios do fígado e do metabolismo do açúcar para pelo menos três tipos desses ingredientes.

Implementação da Inteligência Artificial no Brasil

Em 2017, a Danone introduziu no Brasil um novo sistema desenvolvido pela Tevec (atualmente Infracommerce) que trouxe resultados consideráveis para a empresa. Segundo dados da companhia, as perdas diminuíram em 6%, e houve aumento de vendas em 10 pontos em que o sistema foi instalado.

Encontrar um equilíbrio nos envios as lojas e mercados é essencial. Os iogurtes têm a validade curta, por isso, precisam ser comprados rapidamente para não estragarem. Por outro lado, se consumidor não encontrar um iogurte Danone na prateleira, acabará comprando um produto da concorrente.

Com o sistema, o estoque das varejistas é adicionado ao banco de dados da Danone, dando informações sobre as vendas de cada ponto, além disso, a inteligência artificial calcula qual deve ser o pedido de compra. Ela analisa todas as variáveis (como promoções, campanhas de marketing, sazonalidade, preço ou lançamento de novos produtos) e calcula quais delas têm relação com as vendas.

O sistema, está no ar há 9 anos, e recebeu investimentos de R$ 12 milhões. Atualmente, a Infracommerce fornece dados de inteligência para Danone, Mondelēz International e Carrefour.

 

 

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