Estagnada há uma década no patamar de 34 bilhões de litros/ano, a produção brasileira de leite em 2024 não deve mudar. Se houver crescimento, será pontual, dizem representantes do setor.
Estagnada há uma década no patamar de 34 bilhões de litros/ano, a produção brasileira de leite em 2024 não deve mudar.
Estagnada há uma década no patamar de 34 bilhões de litros/ano, a produção brasileira de leite em 2024 não deve mudar.

Estagnada há uma década no patamar de 34 bilhões de litros/ano, a produção brasileira de leite em 2024 não deve mudar.

Representantes do setor acreditam que dificilmente haverá alterações em relação ao desempenho de 2023, quando a produção nacional atingiu 34,1 bilhões de litros, volume 1,4% abaixo dos 34,6 bilhões do ano anterior. Se houver crescimento, será pontual, dizem representantes do setor.

Segundo Geraldo Borges, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), a fraca demanda interna e a conjuntura internacional estão entre os desafios que precisam ser superados para ampliar a produção de leite no país. O consumo per capita de lácteos é o mesmo há dez anos: 170 litros por pessoa ao ano.

A estagnação, tanto na produção quanto no consumo do brasileiro, tem comprometido a rentabilidade dos produtores, segundo Borges. Recente informe do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa (CILeite), aponta que, desde julho do ano passado, a relação de troca do produtor (Índice de Preços Recebidos/Índice de Preços Pagos) está abaixo da média dos últimos sete anos.

Em vários Estados, pequenos produtores têm recebido menos de R$ 2 por litro, valor considerado insuficiente para remunerar a produção.

 

Borges, da Abraleite: estagnação compromete rentabilidade — Foto: Divulgação
Borges, da Abraleite: estagnação compromete rentabilidade — Foto: Divulgação

A consequência da baixa rentabilidade, segundo a avaliação da Abraleite, é o desestímulo à produção. Outro fator que tem contribuído para descapitalizar o produtor é o alto volume de importações, principalmente as registradas no ano passado, no período da entressafra, quando o preço do leite ao produtor fica mais atrativo.

“Em maio houve uma relativa diminuição no volume de lácteos importados, na comparação com o mês de abril. Porém, já no primeiro decêndio de junho, em relação a abril, aumentou mais uma vez”, aponta Borges.

No ano passado, as importações de leite cresceram quase 70% em relação a 2022, atingindo 2,26 bilhões de litros, o maior volume de toda a série histórica, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. Grande parte vem de países do Mercosul, especialmente da Argentina e do Uruguai.

“As importações excessivamente volumosas, desnecessárias e predatórias impactaram negativamente a cadeia produtiva nacional, causando queda nos preços recebidos pelos produtores e desestímulo à produção”, afirma o presidente da Abraleite.

Leia também: As exportações de lácteos da Argentina cresceram 13% no primeiro semestre do ano: Quanto disso veio para o Brasil?

Marcos Zordan, vice-presidente de agronegócios da Aurora Coop, conta que em 2023 milhares de produtores de leite de Santa Catarina abandonaram a atividade em consequência da situação do mercado brasileiro. “O explosivo aumento da importação de leite em pó em 2023 gerou pânico no setor em razão dos impactos na competitividade do pequeno e médio produtor de leite”, diz.

O nível de produção da empresa, segundo ele, deve se manter neste ano, embora haja uma probabilidade de redução de 2%. A oferta de matéria-prima está normal na empresa, que em 2023 captou 472,3 milhões de litros de leite por meio das cooperativas do Sistema Aurora Coop, formado por quase três mil cooperados.

Já a Unium, que abraça as cooperativas Frisia, Castrolanda e Capal, avalia que a sua produção neste ano deve crescer cerca de 7%, a exemplo dos últimos dez anos. Em 2023, os 872 cooperados produziram pouco mais de um bilhão de litros de leite, com média de 3.236 litros/dia/produtor, ou 2,8 milhões de litros/dia. “Quase duas vezes mais que o segundo colocado, conforme o ranking das maiores empresas de laticínios do país”, informa Egidio Maffei, gerente comercial da Unium.

 

Zordan, da Aurora: custos mais baixos favorecem produtor rural — Foto: Elizandro Giacomini/Divulgação
Zordan, da Aurora: custos mais baixos favorecem produtor rural — Foto: Elizandro Giacomini/Divulgação

Entre as razões desse desempenho estão, segundo ele, a qualidade da matéria-prima e o pequeno raio para a coleta (50 quilômetros da fábrica, em média), o que se reflete em tempo e, consequentemente, na qualidade do leite disponível para processamento.

“Como atuamos mais no B2B, com a possibilidade de colocação de todo o leite produzido por nossos associados, os produtores se sentem seguros em continuar investindo no crescimento de suas produções”, afirma.

No fim de maio, a Unium anunciou que investirá mais de R$ 450 milhões em uma nova fábrica de produtos lácteos em pó no município de Castro (PR). A previsão é que a unidade processe mais de um milhão de litros/dia de leite para a produção de leite em pó. O Paraná é o segundo maior produtor do país, atrás apenas de Minas Gerais.

Em 2023, foram 3,6 bilhões de litros produzidos no Estado, o que representa quase 15% de toda a produção nacional.

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Sobre os custos de produção, o executivo da Aurora diz que recuaram devido à normalização do suprimento de milho e farelo de soja. “Os dois insumos representam os principais itens de custos da pecuária de leite e seus preços baixaram pelo menos 30% em relação ao ano passado”, explica.

O maior beneficiado com essa queda, pelo menos neste momento, é o produtor rural. “O mesmo que em 2023 amargou pesados prejuízos em razão da grande importação de leite e dos elevados custos de produção”, afirma Zordan.

Rogerio Wolf, coordenador comercial da Unium, também aponta que nos primeiros meses deste ano os custos de produção têm apresentado ligeira redução, de aproximadamente 5%, em comparação ao fechamento de 2023. “O principal fator identificado foi a redução nos custos dos insumos da alimentação do rebanho, forragem e concentrado”, acrescenta.

A empresa deve inaugurar ainda neste ano uma queijaria, onde serão produzidos queijos como muçarela, prato e cheddar e massa para queijo. “Do soro resultante dessa produção, teremos novos produtos, como soro em pó, WPC [proteína concentrada do soro] e permeados de soro de leite”, diz.

Tanto a Abraleite quanto as empresas preferiram não comentar sobre a alta nos preços dos queijos e das manteigas. A questão estaria nas margens dos que comercializam esses produtos. Entre janeiro do ano passado e igual mês deste ano, o preço médio por quilo dos queijos em geral subiu quase 10% e o da manteiga, 12,5%.

 

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