As dificuldades financeiras enfrentadas pela neozelandesa Fonterra, maior exportadora de lácteos do mundo, precipitaram a decisão da cooperativa e da sócia Nestlé de vender a Dairy Partners Americas (DPA)

As dificuldades financeiras enfrentadas pela neozelandesa Fonterra, maior exportadora de lácteos do mundo, precipitaram a decisão da cooperativa e da sócia Nestlé de vender a Dairy Partners Americas (DPA) no Brasil, joint venture que produz iogurtes com marcas como Ninho e Molico. O objetivo das companhias é concluir a venda da DPA neste ano.

A intenção de ambas de se desfazerem da DPA ocorre em um momento de fraca demanda. Nesse cenário, as indústrias não vêm conseguindo repassar a alta dos preços do leite para o consumidor, o que prejudica a margem do negócio.

No setor de lácteos, a produção de iogurtes foi uma das mais prejudicadas pela crise econômica no Brasil, destacou um executivo do setor. Na crise, o iogurte foi um dos primeiros produtos a ser cortado do orçamento das famílias e tende a ser um dos últimos a retornar.

Apesar dos problemas, a venda da DPA deve atrair interessados. A depender do comprador, um novo líder do mercado de iogurtes pode surgir. Atualmente, esse mercado é liderado pela francesa Danone, mas a Vigor, quer pertence à mexicana Lala, e a também francesa Lactalis (dona da marca Batavo) passariam ao topo com a compra da sociedade entre a Fonterra e a Nestlé.

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De acordo com um analista, a DPA também poderia despertar o interesse de gigantes como a Coca-Cola, dona da marca Verde Campo, e General Mills, que é dona do laticínio Carolina no Brasil. Também não pode ser descartada a possibilidade de a PepsiCo, que atua no mercado de iogurtes em países como a Rússia, entrar no páreo. No passado recente, a PepsiCo tentou comprar a Vigor, quando esta ainda pertencia à J&F Investimentos.

Criada em 2013, a DPA possui atualmente duas fábricas de lácteos refrigerados no Brasil, em Araras (SP) e Garanhuns (PE). Com faturamento de R$ 1 bilhão no ano passado, a joint venture é a vice-líder do mercado nacional de iogurtes e emprega 1,4 mil funcionários.

No ano passado, a DPA captou 247,5 milhões de litros de leite no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), ficando na 11ª posição no ranking da associação. Por muitos anos, a DPA foi a líder em captações, comprando mais de 2 bilhões de litros. A situação mudou após uma primeira revisão na joint venture, em 2014. Na ocasião, a Nestlé assumiu a produção de leite em pó que era da sociedade e, com isso, a DPA ficou apenas com os negócios de iogurtes no Brasil.

De acordo com um executivo da indústria de lácteos, as mudanças feitas na joint venture em 2014 já indicavam uma tentativa da Fonterra resolver alguns problemas. Entre as mudanças feitas naquele ano, a Fonterra passou a controlar a joint venture, com uma participação de 51%. Com isso, pode consolidar os números da DPA em seu balanço. Antes de 2014, Nestlé e Fonterra compartilhavam o controle – com 50% cada. Nessa situação, a participação da Fonterra na DPA era contabilizada na linha de equivalência patrimonial, sem incorporar o faturamento da sociedade.

Para a Fonterra, a venda da DPA ajudará na meta de reduzir a dívida em cerca de US$ 500 milhões (800 milhões de dólares neozelandeses). Além do negócio no Brasil, operações na China também estão à venda. Na semana passada, o CEO da Fonterra, Miles Hurrell, afirmou que a cooperativa quer se concentrar na originação de leite na Nova Zelândia. Anualmente, a neozelandesa fatura mais de US$ 10 bilhões.

De acordo com o Google Trends, a procura pelo leite de cabra teve um aumento significativo no último mês. Mas afinal, o leite de cabra é mais saudável ou não?

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