Enchentes, alto custo de produção, preços baixos e importações desenfreadas impactaram negativamente a cadeia leiteira do Rio Grande Sul em 2023, que já vinha enfrentando fortes prejuízos após três anos seguidos de estiagem.
Balanço do ano realizado pela Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) destaca que a importação de lácteos chegou, em alguns momentos, a ser o triplo das médias históricas. Já o clima adverso provocou a falta de alimento para as vacas. Todas essas dificuldades acabaram desanimando o setor e tendo como consequência a desistência da atividade por parte de alguns criadores.
O presidente da entidade, Marcos Tang, coloca que quem está insistindo em continuar é porque ainda têm reservas ou “é muito teimoso”.
Lembra que o produtor de leite no Estado, em sua maioria, é familiar, com poucos hectares e com terras acidentadas, onde não é possível plantar soja facilmente.
“O leite é uma das atividades agropecuárias que mais emprega pessoal e com a desistência de um produtor o custo socioeconômico é muito alto”, observa, destacando que apesar deste cenário, o trabalho genético que vem sendo feito é excelente.
Em relação à Gadolando, Tang diz que mesmo com todas as dificuldades, a entidade conquistou novos sócios ao longo do ano e atingiu os 10 mil registros. Lembra, ainda, o trabalho realizado pelos técnicos da entidade nesta parte de registros, na análise morfológica, na classificação linear do gado e também na inspeção em controle leiteiro. “A Gadolando é hoje uma entidade de apoio ao criador de gado holandês, que luta pela cadeia leiteira, fazendo-se ouvir nas reuniões do Conseleite, junto à Secretaria e ao Ministério da Agricultura. Desta forma, estamos levando a pauta também para que o público urbano nos conheça”, afirma.
Segundo Tang, a Gadolando tem o papel de fazer o meio de campo entre o rural e o urbano para desmistificar e mostrar o quanto o produtor é um lutador e a qualidade do leite que produz. “Mesmo com a baixa remuneração, o criador tem responsabilidade com a sanidade e a genética. As feiras pelo interior do Estado, a Fenasul Expoleite e a Expointer mostram cada vez mais que, apesar de todas as dificuldades, o produtor faz o tema de casa, apresentando animais de alta performance morfológica e produtiva. Isto é visto, principalmente, nas análises de classificação linear, nos controles leiteiros oficiais e inspecionados pela Gadolando”, informa.
Para 2024, Marcos Tang espera que não ocorram novamente secas e enchentes. Na parte técnica, coloca que a entidade quer continuar com as visitas às propriedades leiteiras fazendo o serviço de extensão “da porteira para dentro”. Segundo Tang, também deverão ser celebradas mais parcerias dentro do agronegócio. “Esperamos que melhore a situação para que o nosso produtor tenha algum retorno e consiga pagar as suas contas. Desejamos que ele tenha muitos nascimentos de fêmeas de boa morfologia para continuar a produção leiteira em condições de obter lucro e se manter na atividade”, conclui o dirigente.
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